Logo que Dilma assumiu e re-empossou Mantega este insiste em cortar gastos, porém ajuste fiscal ao contrário do anunciado, aumentaria instabilidade e vulnerabilidade externa do Brasil
Mantega insiste em cortar gastos
Monitor Mercantil, 04/01/2011
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que haverá "uma redução razoável de gastos" em 2011, mas não indicou a profundidade dos cortes: "O fato é que devemos desembocar numa redução razoável de gastos. Mas não tem parâmetro. Tudo o que a gente conseguir reduzir, nós faremos", disse, acrescentando que os números citados por setores da imprensa não estão corretos.
Mantega inventou uma nova teoria, alegando que a redução do gasto público faria parte "de um movimento cíclico da economia": "Saímos da fase de recuperação da economia, na qual o Estado teve de gastar mais. Agora, estamos em outra fase, que o Brasil está consolidado e a economia pode caminhar com seus próprios pés e não precisa tanto do estímulo fiscal", disse, aparentando ignorar os efeitos do recrudescimento da crise européia e da estagnação dos Estados Unidos.
Apesar de trabalhar para reduzir o peso da demanda estatal na economia, Mantega insistiu em que o crescimento brasileiro vai continuar, prevendo que o PIB cresça cerca de 5% em 2011.
Mantega também defendeu que o salário mínimo não tenha aumento real este ano, ameaçando com o veto presidencial se o Congresso Nacional elevar o o mínimo acima de R$ 540.
Ajuste fiscal aumenta instabilidade do Brasil
Monitor Mercantil,04/01/2011
Com lastro garantido por aperto, cresce espaço para ataques especulativos ao país
"O aperto fiscal pode aumentar a instabilidade econômica e valorizar ainda mais o câmbio, se não vier acompanhado de uma forte redução da taxa de juros." A advertência foi feita pelo economista Lauro Vieira de Faria, ao analisar a afirmação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) não é o único instrumento para bloquear a desvalorização acelerada do dólar, que está prejudicando as exportações brasileiras de manufaturados.
O ministro afirmou categoricamente que o governo já trabalha em uma "ação fiscal forte", que, de acordo com ele, levaria o câmbio para um patamar competitivo.
"Se o Brasil fosse desenvolvido, Mantega faria o ajuste, mas baixaria juros significativamente. O efeito seria compensador, mas, ao fazer ajuste sem mexer nos juros, o país ficará ainda mais atrativo. Pode ter efeito contrário", frisou Faria, que não vê o Brasil saindo dessa "armadilha" sem mudar o modelo econômico baseado em câmbio flutuante e política monetária para atingir a meta de inflação.
"O sistema produtivo e financeiro está direcionado para produzir déficit externo, pois enquanto o juros, com o câmbio livre, mantém o fluxo cambial positivo, valorizando o real, por outro lado, haverá fluxo negativo pelo lado comercial", comparou.
Para o economista, o Brasil não mudou de patamar nos últimos oito anos: "Todos os países da América Latina, com governo de esquerda ou de direita, melhoraram e cresceram. Não vejo porque insistir no diferencial do Brasil em relação ao resto do mundo. É um processo internacional e, se houver alguma turbulência não sabemos como ficará o Brasil", disse, lembrando que o crescimento do PIB de 2003 até 2010 ficou na média da América Latina e abaixo de China e Índia.
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