Subir juro causa mais despesa que reajuste do INSS
Monitor Mercantil - segunda-feira, 21 de junho de 2010
De acordo com a Auditoria Cidadã da Dívida, as duas últimas reuniões do Copom aumentaram a taxa básica de juros em 1,5%, gerando aumento anual nos gastos com juros da dívida em R$ 30 bilhões, "valor 19 vezes superior ao alegado custo do reajuste de 7,7% para os aposentados".
A Auditoria pondera que, na Europa, "os rentistas também estão acima dos trabalhadores e aposentados" e cita como o governo espanhol, que baixou decreto alterando as leis trabalhistas, enquanto a França anunciou a proposta de aumentar de 60 para 62 anos a idade mínima para a aposentadoria, "para tentar conquistar a confiança dos investidores".
Ainda segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, os cortes de gastos sociais por parte de vários outros países da Europa têm a função de convencer os eleitores franceses de que tais reformas realmente seriam necessárias.
"Enquanto isso, no Brasil, Os lucros das estatais (repassados a seu maior acionista, ou seja, o governo federal) chegaram a R$ 26 bilhões em 2009. E são destinados ao pagamento da dívida pública, conforme o art. 1º da Lei 9.530/1997. Esses R$ 26 bilhões representam 16 vezes o custo alegado pelo governo para o reajuste de 7,7% dos aposentados. Mas o governo insiste em deixar intocável o gasto financeiro, e diz que precisa cortar outros gastos sociais para garantir o reajuste."
Já o economista Plínio de Arruda Sampaio Jr., professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acrescenta que, ao vetar o fim do fator previdenciário, o presidente Lula se mantém coerente com a conduta adotada desde quando começou o governo, em 2003: "Lula promoveu uma reforma retrógrada na Previdência, a mando do FMI. Agora, fecha o segundo mandato com seu governo referendando a política recomendada pelo fundo."
Segundo Sampaio Jr, Lula "manteve-se coerente com a ortodoxia econômica, acatando esse déficit previdenciário que, embora inexistente, foi construído através de artifícios contábeis."
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