Amplo NÃO à proposta repressiva mostra que há na verdade polarização política e
uma contraofensiva da ultradireita que pode ser derrotada
uma contraofensiva da ultradireita que pode ser derrotada
(Ensaios sobre Direita Pós-Moderna)
por Almir Cezar Filho
A maioria da população de Niterói, cidade da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, rejeitou em votação organizada pela própria Prefeitura o armamento da sua guarda municipal (ver AQUI a notícia). O NÃO da maioria dos votantes expressa a discordância com teses repressivas, mesmo na criminalidade urbana, como apregoam a ultradireita e conservadores. Demonstra que não há a tal onda conservadora em curso, como propagandeiam a grande parcela da assustada esquerda brasileira. Há sim uma contraofensiva dessa direita avivada. A Esquerda precisa disputar a hegemonia das consciências da população.
A votação
Moradores de Niterói votaram “não” para o uso de armas de fogo pela Guarda Municipal, no domingo 29/10, durante uma consulta pública. De acordo com a prefeitura, 13.478 pessoas foram contra a medida (70,9%) e 5.478 a favor (29,1%). Enquanto isso, 25 eleitores votaram nulo e oito optaram pelo branco.
As urnas ficaram abertas das 8h às 17h e, na votação, foram usadas cédulas de papel onde o eleitor deveria assinalar “sim” ou “não” a pergunta: “Você é a favor do uso de armas de fogo pela Guarda Municipal de Niterói?”. O voto na consulta pública não era obrigatório.
Ao chegar ao local de votação, o niteroiense deveria apresentar o título de eleitor e um documento oficial com foto ao mesário, que consultava uma lista do TRE para conferir se o eleitor estava apto para votar naquele local. Estando tudo de acordo, o eleitor recebia uma cédula eleitoral de papel e se dirigia à cabine de votação.
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, chegou a garantir que, se a medida fosse aprovada em votação, os moradores já poderiam ver guardas municipais armados em dezembro deste ano. Por outro lado, disse que acatará a decisão do plebiscito - embora um vereador, mesmo em sua base parlamentar, possa propor e a Câmara Municipal aprovar.
Avaliando o voto
Negou certa expectativa de setores da esquerda, inclusive niteroiense. Com isso derruba-se o mito que a classe média brasileira é muito conservadora - ao menos não é caso em Niterói. A classe média, ao contrário que supõe muitos, em sua maioria pelo visto não foi favorável a medida proposta pela prefeitura e defendida por muitas organizações reacionárias.
Essa visão sobre a classe média (classes "A" e "B") emergiu em parcela da Esquerda pois foram os setores sociais que mais se mobilizaram no apoio ao impeachment da presidenta Dilma Roussef e de onde surgiu recentemente várias organizações ultradireitistas.
Contudo, apesar de ser a classe em que prepondera o apoio às medidas bonapartistas, conforme várias pesquisas de opinião qualitativa vêm apontando, igualmente esse tipo de posições se têm apenas 15% de apoio geral, na classe média isso não ultrapassa 50%. Apesar de maior, mesmo assim não é maioria nessa classe.
Ajudou à derrota da consulta uma forte campanha pelo NÃO organizada por várias organizações de esquerda e entidades dos movimentos sindicais e populares explicando os malefícios do armamento de mais uma corporação, cuja competência legal não é igual a das polícias estaduais e da União, e o quando outras medidas adotáveis pela Prefeitura poderiam ser mais eficientes no auxílio à questão da segurança pública na cidade.
Polarização política e Contraofensiva conservadora
O que há sim é uma intensa polarização política do país. Em que a população, tradicionalmente despolitizada e apática, passou a se engajar, ao menos na tomada de opinião, sobre temas políticas e candentes da realidade. Uma parte vai às teses da Esquerda. Enquanto outra às teses da Direita. Em muitos casos até em reação à crise geral e ao caos que esse traz consigo, como também inclusive em reação ao deslocamento da outra parcela que foi à esquerda.
Por sua vez, os setores organizados da direita estão com forte campanha política, constituindo assim uma Contraofensiva Conservadora, em base a erupção de um movimento social pós-moderno de direita. Inclusive a fim de preservar o controle de certos valores sobre o conjunto da sociedade, como dar continuidade o status quo política, cultural e econômico de séculos no país, e que ao seu ver, está ameaçado diante novas circunstâncias sociais que vive nossa sociedade.
A esquerda pós-moderna, o centrismo e o reformismo não têm paciência e não sabem dialogar. Preferem logo taxar, como fazem com a caracterização de suas próprias derrotas políticas eleitorais que há tal onda conservadora, que houve um golpe contra Dilma, etc. Essa esquerda por ter sua própria origem na classe média, e atuar politicamente nela, tem com parâmetro apenas o que ela (a classe média) pensa, enviesando a análise sobre a consciência geral da população brasileira.
Por fim, a atual "campanha de caça" aos direitos sociais e fundamentais praticada pelos políticos e incentivada por organizações de direita, com vasto exibicionismo de um conservadorismo extremo e moralista, na verdade, não tem respaldado na maioria da opinião pública. Pesquisas de opinião sobre temas morais e polêmicos apontam que mesmo no eleitorado evangélico não tem a mesma opinião e votações dos políticos da dita "bancada da bíblia". Essa dicotomia se sustenta porque essa contraofensiva política é bem organizada.
Falta à Esquerda brasileira entender a realidade social atual, ter coragem e se organizar para disputar a hegemonia da população. Não reeditando, portanto, o que a população rejeitou e contribuiu à queda da Dilma e do PT, principal motivo para o descolamento político entre as massas e a vanguarda de esquerda.
A esquerda pós-moderna, o centrismo e o reformismo não têm paciência e não sabem dialogar. Preferem logo taxar, como fazem com a caracterização de suas próprias derrotas políticas eleitorais que há tal onda conservadora, que houve um golpe contra Dilma, etc. Essa esquerda por ter sua própria origem na classe média, e atuar politicamente nela, tem com parâmetro apenas o que ela (a classe média) pensa, enviesando a análise sobre a consciência geral da população brasileira.
Por fim, a atual "campanha de caça" aos direitos sociais e fundamentais praticada pelos políticos e incentivada por organizações de direita, com vasto exibicionismo de um conservadorismo extremo e moralista, na verdade, não tem respaldado na maioria da opinião pública. Pesquisas de opinião sobre temas morais e polêmicos apontam que mesmo no eleitorado evangélico não tem a mesma opinião e votações dos políticos da dita "bancada da bíblia". Essa dicotomia se sustenta porque essa contraofensiva política é bem organizada.
Falta à Esquerda brasileira entender a realidade social atual, ter coragem e se organizar para disputar a hegemonia da população. Não reeditando, portanto, o que a população rejeitou e contribuiu à queda da Dilma e do PT, principal motivo para o descolamento político entre as massas e a vanguarda de esquerda.
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