Monitor Mercantil | 14/02/2014
CÂMBIO VALORIZADO DESESTRUTUROU PRODUÇÃO NACIONAL
O regime de câmbio apreciado mudou, para pior, o perfil da estrutura produtiva brasileira. A afirmação é da economista Eliane Araujo, professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), em entrevista exclusiva ao MM.
“No Brasil a apreciação cambial esteve associada a uma perda de 40% de participação da indústria na economia, entre 1980 e 2012. A apreciação do câmbio implica também o aumento do componente importado da produção industrial, tornando mais vantajoso para o país importar insumos em vez de produzi-los domesticamente.”
Defendendo mudanças estruturais para reindustrializar o país, a economista destaca que qualquer projeto tem de passar pela política cambial, “variável-chave”, segundo ela. Mas a fragilidade externa da economia brasileira enfraquece o Estado como planejador e indutor do desenvolvimento industrial, que pressupõe tecnologia e inovação.
“Para se ter noção da fragilidade financeira e vulnerabilidade externa do país, basta observar a evolução do passivo externo bruto, que saltou de US$ 371 bilhões, em 2001, para US$ 1,604 trilhão, no fim de 2013. No encerramento de 2012 esse débito estava em US$ 1,556 trilhão”, contabiliza a economista, acrescentando que o câmbio valorizado foi prejudicial aos setores e ramos tecnologicamente mais sofisticados, favorecendo os ramos mais tradicionais e os ligados às atividades primárias.
“Esse regime, que provocou um processo de desindustrialização relativa, se reflete em variáveis do setor externo e possui importantes consequências para o crescimento econômico”, resume Eliane.
“As políticas de taxas de câmbio adequadas são uma condição necessária para que os desafios impostos pela concorrência internacional à indústria doméstica possam se converter em fatores propulsores do desenvolvimento econômico”, destaca.
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