31/01/2014 | Monitor Mercantil
Desindustrialização deixou emergentes mais vulneráveis à retirada da ajuda do Fed
Para o economista Carlos Lessa, ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente do BNDES, a depreciação cambial em países emergentes provocada pela fuga de capitais não deve surpreender aos que acompanham a história. “No sentido mais amplo, é um comportamento imperialista, pois a potência dominante sempre tenta jogar a conta de suas crises para a periferia. Mas a questão é saber se a periferia vai suportar e o que poderá fazer para se defender”, analisa.
Lessa ressalva que aumentou o grau de vulnerabilidade nos países que abriram mão de suas indústrias, sobretudo no período em que os produtos primários viveram um período de valorização, no início do século. E ressalva que a China hoje não é mais um país periférico e que, em determinadas situações, forma com os Estados Unidos uma espécie de G2.
O economista lembra que, durante a II Guerra, a Inglaterra acumulou dívidas, que, posteriormente, exportou para a periferia, usando a desvalorização de sua moeda, a libra.
“Sempre achei que, em algum momento, os Estados Unidos iriam transferir sua dívida da crise para a periferia. Impressionante como alguns países emergentes aceitaram desmantelar suas indústrias apostando no curto período de valorização dos produtos básicos, no início deste século. E o Brasil foi um dos que mais se incorporaram a esse processo”, criticou.
Quanto à Argentina, Lessa lembra que, desde a década de 30 do século passado, o país passou a ter renda per capita inferior à do Brasil devido ao acelerado processo de industrialização iniciado no governo de Getúlio Vargas:
“Quem depende de produtos primários fica à mercê dos preços formados fora do país”, adverte o economista, indicando como marco dessa nova fase do capitalismo hegemônico a queda do padrão ouro, que desvinculou, em 1971, o dólar das reservas daquele metal dos EUA.
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