Uma das justificativas alegadas pelos bancos para que a taxa de juros no Brasil sejam tão altas residiria numa suposta inadimplência dos tomadores de crédito. Contudo, algo que os analistas econômicos críticos, e não aqueles que trabalham ou devem favor as tesourarias, sempre apontaram que a razão real, o enorme spread bancário (diferença entre essa e a taxa cobrada aos clientes dos bancos), seria, além da taxa básica Selic ser a mais alta do mundo, estaria na margem de lucro corresponderia o principal e maior fator do spread.
Ganho de bancos puxa juros
Monitor Mercantil, 29/11/2010
Margem de lucro das instituições responde por 46,6% do "spread"
A margem de lucro dos bancos representou, ano passado, a maior parte do spread bancário, diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e a taxa cobrada dos clientes nos empréstimos.
Segundo o Relatório de Economia Bancária de 2009, divulgado pelo Banco Central (BC), a margem bruta, erros e omissões correspondeu a 46,65% do spread prefixado.
Descontados os impostos diretos, a margem líquida ficou em 27,97%. A fatia no spread da margem bruta dos bancos recuou levemente de 2008 (52,09% do spread) para 2009 (46,65%).
A margem líquida também passou 31,19% em 2008 para 27,97%. A participação da inadimplência na composição do spread passou de 31,23% (em 2008) para 32,16% (2009). O custo administrativo foi de 11,50% para 15,77% no período.
Os depósitos compulsórios (recursos que os bancos são obrigados a depositar no BC) mais os subsídios cruzados (gerados pelo direcionamento obrigatório de parte dos depósitos à vista e de poupança para crédito rural e crédito habitacional) representaram 1,65% no ano passado, contra 1,48% em 2008.
Os custos com o Fundo Garantidor de Crédito equivaleram a 0,62% em 2009, ante 0,52% no ano anterior. Os impostos indiretos foram responsáveis por 3,15% do spread, uma pequena queda em relação a 2008, de 3,19%.
O relatório mostra ainda que o spread, ano passado, ficou em 29,81 pontos percentuais, contra 39,98 pontos percentuais do ano anterior.
O Banco Central informou ainda que a queda do spread dos bancos públicos foi maior do que nas instituições privadas: 26,12 pontos percentuais em 2009, contra 37 pontos em 2008.
Nos bancos privados, o spread passou de 40,98 pontos percentuais, em 2008, para 31,23 no ano seguinte.
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