Com juro alto crédito privado não decola
Monitor Mercantil, 17/12/2010
Para o economista Cezar Medeiros, ex-diretor do Centro de Estudos Econômicos e Sociais da Fundação João Pinheiro, as medidas tomadas pelo governo para estimular o crédito privado de longo prazo "são boas, porém insuficientes". Na opinião de Medeiros, o governo deveria aumentar a taxação sobre o capital especulativo e oferecer descontos para os investidores que dirigissem recursos para a produção.
Já Rodrigo Ávila, da Auditoria Cidadã da Dívida, defende a pura e simples redução dos juros: "Mas não foi isso o que aconteceu. Para não acabar com a farra do setor financeiro com a dívida pública, o governo prefere aprofundar ainda mais as injustiças tributárias no país, isentando cada vez mais as grandes rendas e penalizando os mais pobres", critica.
Por sua vez, Medeiros lembra que o sistema financeiro está configurado em conglomerados que atuam em todos os segmentos do mercado, "como se fossem supermercados".
Esses conglomerados captam recursos para longo prazo via previdência privada, seguro e fundos de investimentos, como por exemplo, parceria com grandes corporações, cuja taxa de lucro voltou a aumentar: "Esse caixa alto e crescente poderia ser aplicado em fundos de financiamento à produção, como faz a Petrobras com seus fornecedores", advoga.
Ele defende ainda que os bancos criem fundos setoriais e intersetoriais para adensar diferentes cadeias produtivas: "Uma vez dado este passo, o BNDES poderá diminuir o repasse para agentes financeiros, o que permitiria ao banco estabelecer um limite de 70% dos repasses atuais, exigindo contrapartida dos bancos privados", acrescenta.
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