No Brasil, 36% são demitidos
Monitor Mercantil,17/12/2010
Flexibilização facilita demissões, que alcançam 86% na construção civil
A taxa média de rotatividade no trabalho no Brasil é de 36%, excluindo as demissões por transferências, aposentadorias, falecimentos e demissões voluntárias. Isso significa que mais de um terço da mão-de-obra foi demitida no ano passado.
Os números são de pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) que analisou a rotatividade entre 2007 e 2009.
A maior rotatividade foi na construção civil, na qual chegou a 86,2%; em seguida vêm a agricultura (74,4%) e o comércio (41,6%).
Grande parte das demissões (79%) foi de pessoas com menos de dois anos em um mesmo emprego. E dois terços atingiram trabalhadores que ficaram menos de um ano no mesmo emprego.
Em 2009, a maior parte das dispensas (52,1%) foi por iniciativa do empregador, enquanto as demissões por iniciativa do empregado somaram 19,4%. Já as demissões por término do contrato de trabalho ficaram em 19,2%.
Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, essa concentração ocorre em setores específicos. "São contratos temporários - agricultura e construção civil são específicos por empreitada, por safra, o comércio, por datas. Portanto, a flexibilização da legislação já existe e esses números provam isso."
Lupi destacou que essa rotatividade não é boa nem para o trabalhador nem para os empresários. "Tem de ter um diálogo maior com a sociedade organizada, com as entidades representativas dos trabalhadores e dos patrões para mostrar que isso não é bom para ninguém, não é boa essa rotatividade."
O ministro disse ainda que o estudo será levado ao Conselho de Relações do Trabalho para debater mecanismos para reduzir a rotatividade.
Demitir é barato
Marcos Oliveira e Sergio Souto, 17/12/2010
A divulgação de pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrando que a rotatividade do trabalho no Brasil alcança 36%, quando excluídas as demissões por transferências, aposentadorias, falecimentos e demissões voluntárias, desmonta um dos mitos mais recorrentes mobilizados pelos setores mais reacionários da elite tupiniquim: o do elevado custo da mão-de-obra no país.
Segundo dados de 2007 e 2009 analisados pelo BNDES, na construção civil, as demissões imotivadas alcançam 86,2% dos trabalhadores e, na agricultura, 74,4%. Ou seja, diferentemente do que propugnam os ávidos por reduzir direitos trabalhistas e sociais, demitir no Brasil é muito barato.
Dupla pressão
A elevada rotatividade da mão-de-obra serve ainda para engrossar o exército industrial de reserva, que deprime os salários pagos no país. Segundo a pesquisa, 50% dos trabalhadores que perdem o emprego não conseguem se recolocar no mercado de trabalho. Além disso, grande parte dos que conseguem arrumar o emprego obtêm salários menores do que a ocupação anterior.
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