Monitor Mercantil (23 out.2009) - Só até o mês passado, emissões de títulos públicos somaram R$ 430 bilhões. O país gasta 10x mais com isso do que com Saúde.
As operações de mercado aberto (títulos emitidos para pagar a dívida pública sem emitir moeda, o que, na visão dos economistas conservadores, causaria inflação) cresceram nada menos que R$ 32 bilhões, somente em setembro, e atingiram R$ 430 bilhões ao fim do mês passado. Esse valor equivale a cerca de dez anos de gastos federais na Saúde.
Segundo o economista Rodrigo Ávila, ligado à Auditoria Cidadã da Rede Jubileu Sul, o governo divulgou que a dívida pública interna total teria caído R$ 15 bilhões em setembro (de R$ 1,401 trilhão para R$ 1,386 trilhão), o que poderia dar a entender que a dívida estaria sob controle, sem risco de explodir.
"Porém, o governo omite que o Tesouro Nacional paga a dívida com novos títulos para evitar a emissão de moeda, por meio das operações de mercado aberto, ou seja, mais dívida interna. Dessa forma, a dívida interna total, na realidade, subiu R$ 15 bilhões, chegando a R$ 1,815 trilhão, porém, o governo divulga para a imprensa somente o valor de R$ 1,386 trilhão", criticou.
Ávila questionou, ainda, a informação oficial de que os estrangeiros deteriam apenas 7,15% da dívida interna, o que representaria R$ 100 bilhões:
"Em nenhuma das dezenas de tabelas divulgadas pelo Tesouro consta o demonstrativo de como se chegou a tal percentual. Além do mais, fica a pergunta: qual a participação dos estrangeiros nas operações de mercado aberto, que já aumentaram R$ 129 bilhões somente nos primeiros nove meses deste ano, mas o governo sequer as inclui nos dados divulgados da dívida interna?", indagou.
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