quarta-feira, 15 de julho de 2009

(Neoliberalismo) "Doença francesa": o mal econômico do Brasil

Postamos aqui o trecho final do artigo ECONOMIA: Ciência ou Arte? Uma Nota Metodológica do economista João Paulo de Almeida Magalhães publicado no sítio eletrônico do CORECON-RJ que pode ser acessado na íntegra pelo endereço http://www.corecon-rj.org.br/ced_economia_ciencia_ou_arte.asp

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(...)

Cabe aqui uma última observação sobre a atual situação brasileira. Tornou-se recentemente moda apelidar-se de “doença” erros graves de política econômica (doença holandesa, doença japonesa, doença brasileira etc.) A indagação que se faz é se o Brasil não se acha braços com uma “doença francesa”. Vejamos por que.

Nos anos 1950 François Perroux, possivelmente o maior economista francês do século passado, acusou os economistas de seu país de estarem escrevendo em três seções (“paragraphes”) sobre assunto que não entendiam. A referência é ao fato de, nos trabalhos de Economia, os capítulos serem usualmente divididos em três seções. A preocupação de Perroux era com o fato de, enquanto os economistas austríacos (Hayek, Von Mises, Schumpeter, Haberler, Rosenstein-Rodan e outros) desenvolviam trabalhos teóricos que os projetavam em todo o mundo, os franceses se especializavam em publicações sobre a história do pensamento econômico, pensamento, para o qual pouco contribuíam.

A pergunta é se, no Brasil, não nos achamos diante de problema semelhante ou de um ataque de “doença francesa”. Ou seja, muitos e bons trabalhos econômicos são publicados, mas poucas são as contribuições para teorias ajustadas à realidade nacional. E, sendo isso verdade, a situação é aqui mais séria. Porque se na França, “doença” resultava apenas em desprestígio da ciência econômica do país, no Brasil ela leva à adoção de políticas econômicas incompatíveis com o desenvolvimento econômico. Não é chegado o momento de o economista brasileiro compreender que, diferentemente do que acontece em outras ciências, não basta importar teorias e paradigmas gerados no Primeiro Mundo? Sua opção profissional implica em responsabilidade muito superior a de especialistas em outros ramos da ciência, ou seja, de gerar paradigma teórico que leve em conta a especificidade do crescimento retardatário.

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