por Almir Cezar Filho
O vermelho que correu hoje em Paris não foi da bandeira tricolor francesa desfralda nas comemorações ao "14 de julho" (aniversário da Queda da Bastilha, principal evento da Revolução Francesa), mas do sangue, das bandeiras vermelhas e das chamas dos protestos dos trabalhadores e do povo pobre nas ruas e nas manifestações contra a crise econômica, o governo Sarkozy e o desemprego.
Com o capitalismo contemporâneo em plena CPI (especialmente nos países do núcleo central, entre eles a França), os estragos das duas décadas de neoliberalismo e o colapso da esquerda tradicional francesa empurraram os movimentos sociais (organizados ou não) para ação. Vimos isso nos últimos anos com a juventude na rua, tanto a juventude estudantil como a das comunidades periféricas. Também se viu o mesmo com os servidores públicos. Agora vemos de novo os trabalhadores industriais, que desde o início da década de 1970 andavam sumidos.
Nem a ideologia do patriotismo e civismo, nem o cacetetes e gás lacrimogênio de Sarkozy conseguiu impedir. A temperatura da "panela-de-pressão" da luta de classe está em ebulição.
Estamos às vesperas de uma "nova Bastilha"? Só o tempo dirá. O que vemos agora, com certeza, é que o "verdadeiro vermelho" que inspirou a bandeira tricolor está de volta às ruas. Esperamos que a esquerda aproveite essa oportunidade histórica para transformações sociais.
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