Embora o combate à crise financeira deva ser a prioridade do governo Obama logo que assuma, há uma questão mais importante que ele deve atacar, talvez até com mais esforço, o combate a desigualdade social, através de políticas estruturais que redistribuam a riqueza dos EUA. Em verdade, serão essa políticas que mostraram para que veio Obama e que no final superaram os limites estruturais que empurram os EUA para presente crise econômica.
As ações de combate à crise financeira devem ser prioridade logo no início do novo
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Talvez mais grave que a crise em si, o novo presidente assume no período de maior desigualdade social, sem planos claros. No entanto, ele não parece ter nenhuma solução imediata para problemas graves, conforme admitiu em seu discurso de posse. As desigualdades nos EUA são hoje mais selvagens do que em qualquer outra época pós-1929. As provocantes manifestações de esbanjamento e de vida parasita, no momento em que as empresas fecham as portas, os trabalhadores são demitidos em massa e as aposentadorias e pensões são cortadas, constituem um desafio gigantesco para o novo governo. Elas recolocam na agenda do país a exigência de redistribuição da riqueza.
Nas últimas duas décadas, a dinâmica do crescimento do produto nacional esteve determinada, não pelo investimento público ou das empresas, mas pelo consumo das famílias. O Consumo, por sua vez, esteve limitado pela redução da participação da renda dos salários em relação às rendas de capital no total da renda nacional. No país há uma “opulência privada e escassez pública”, a infra-estrutura pública é extremamente carente, lembrando em alguns aspectos os países subdesenvolvidos, e os investimentos privados estão ou no mercado financeiro ou se dando no exterior, em países emergentes, ou especialmente na China. Assim, o consumo, além da renda familiar, transformou-se no único pilar da economia estadunidense, mas ao mesmo, tempo, é se limitou paulatinamente por uma crescente compreensão dos salários e de um sobre-endividamento das famílias, que ocorreu justamente numa tentativa individual das famílias de compensar a tendência que se realizou em suas rendas. A melhora na distribuição de renda é assim imperativa para própria reversão da crise econômica.
O quadro torna-se pior em meio uma crise econômica, onde o desemprego em massa, forçando os salários para baixo, e a execução de dívidas, principalmente das hipotecas, sobrecarregando o orçamento familiar, diminuíram severamente o renda das famílias mais pobres, situação agravada, em razão à medida que os EUA têm um sistema de proteção social menor do que os demais países capitalistas centrais, os países que mais afetados pela crise. Assim, visto que foram os patrões os que ganharam muito dinheiro nos anos anteriores de bonança e boom econômico, deveriam justamente ser agora os chamados a pagar pelos prejuízos da crise e pelos custos da reconstrução, num sentido totalmente inverso ao que pretendia o programa de recuperação do recém-finado governo Bush, de salvaguardar os grandes negócios, o grande capital e os ricos.
A dúvida é se o governo Obama está a altura do desafio, ou realmente pretende, romper com a lógica das últimas três décadas - pautadas pelos ataques aos salários e ao trabalhador - no entendimento neoliberal que salários menores e poucos direitos fariam a economia dos EUA mais dinâmica, mas que ao final produziu a realidade atual, totalmente diferente do prometido, embora que com certeza, beneficiou alguns poucos.
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