terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Dívida cresce 4 vezes mais que inflação em 12 meses

jornal Monitor Mercantil | coluna Fatos & Comentários  | 19 dez. 2016

A dívida líquida do governo cresceu em 12 meses (até outubro de 2016, último dado disponível) 34,8%, quase quatro vezes o registrado pela inflação no período (8,76%, pelo IPCA), passando de R$ 2,095 trilhões para R$ 2,824 trilhões, um pulo de R$ 729 bilhões. Se a equipe econômica aplicasse à dívida pública o mesmo limite que impôs às despesas não financeiras, o débito líquido teria se limitado a R$ 2,278 bilhões, um valor R$ 546 bilhões, ou meio trilhão de reais, em relação ao aumento efetivo, turbinado pelos mais altos juros reais do planeta.

Mas, diriam, o governo impõe o torniquete nos gastos não financeiros justamente para continuar cevando os rentistas. Sim, o que não quer dizer que isto é justo, ou mesmo legal. Para os economistas da Auditoria Cidadão da Dívida, o que vem sendo feito – aumento das emissões de papéis para pagar juros, disfarçado de rolagem – contraria a Constituição. É o que a entidade, especialmente Maria Lucia Fattorelli, chama de “sistema da dívida”, que classifica de “mega esquema de corrupção institucionalizado”, com a “utilização desse instrumento [dívida pública] como veículo para desviar recursos públicos em direção ao sistema financeiro”, complementou, em entrevista à CartaCapital.


O Brasil é o país que mais gasta no serviço da dívida, enterrando, em 2014, 7,9% do PIB em juros, segundo o FMI. Entre países do G20, o maior percentual foi Portugal (5,1%), seguido da Itália (4,8%), sendo que ambos têm um débito que supera 100% o PIB. O Banco Central brasileiro indica que em 2015 a fatia dos juros subiu para 8,5% do PIB. Na quinta-feira passada (15), o Congresso Nacional aprovou a Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2017 (PLN 18/2016), no valor total de R$ 3,5 trilhões. Esse montante inclui R$ 58,3 bilhões para o Orçamento Fiscal e da Seguridade Social; R$ 90 bilhões para investimentos das estatais; R$ 306,9 bilhões para pagamento de pessoal na esfera federal; R$ 562,3 bilhões para o Regime Geral da Previdência; e R$ 339,1 bilhões para pagamento de juros e encargos da dívida. Junto com a amortização do débito, será R$ 1,7 trilhão, praticamente metade do Orçamento.

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