Quadro "Economia é Fácil" do programa Censura Livre do dia 19/11/2016
Boa noite ouvintes do Censura Livre,
A prisão do ex-governador Sérgio Cabral e a crise financeira comprovam estarem corretos aqueles que se mobilizam contrariamente ao pacote que foi enviado pelo governador Pezão à Assembleia Legislativa, especialmente os servidores públicos estaduais, principais atingidos com as medidas. Pezão era vice de Cabral e do mesmo partido, o PMDB. Além de atacar direitos trabalhistas fundamentais dos servidores, as medidas não atuam na verdadeira causa da crise.
Para além da recessão econômica nacional - que em grande parte é provocada pela crise mundial, que impactou na queda da arrecadação de impostos e baixa nos royalties do petróleo - o quadro de penúria fiscal em muito tem haver com o esquema criminoso que Cabral e seu grupo político implantaram à frente do governo estadual.
Para as investigações, o ex-governador chefiava um esquema de corrupção que cobrou propina de construtoras, lavou dinheiro e fraudou licitações em grandes obras no estado realizadas com recursos federais, concedeu isenções fiscais bilionárias a empresas.
A PF e o MPF, na Operação Calicute, investigam fraudes em três obras no estado, cada uma orçada em mais de R$ 1 bilhão: a reforma do Maracanã para a Copa de 2014, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Favelas e o Arco Metropolitano.
Segundo a investigação, que levou à prisão de Cabral, a propina de 5% sobre as obras era paga em espécie. Havia ainda uma “taxa de oxigenação” de 1% para operadores do esquema. Com esses valores, os investigadores afirmam que chega a R$ 224 milhões a propina paga nas três obras investigadas pela força-tarefa no Rio de Janeiro.
Por sua vez, a mulher do ex-governador, Adriana Alcelmo, foi alvo de condução coercitiva, conduzida pela Polícia Federal para depor sobre as investigações que culminaram na prisão do marido pela Operação Lava Jato.
Adriana é suspeita de lavagem de dinheiro e de ser beneficiária do esquema criminoso. A ex-primeira dama é advogada e sócia-proprietária de um escritório de advocacia no Rio. No âmbito da Operação Lava Jato, os investigadores identificaram pagamentos feitos por Adriana em dinheiro vivo e afirmam que a lavagem se daria pela aquisição de bens, também com pagamentos ou depósitos em espécie.
Dos dez maiores contratos do escritório Ancelmo Advogados, nos últimos oito anos (2008-2015), sete foram celebrados com empresas que receberam no mesmo período benefícios fiscais do governo fluminense. Contratos assinados pelo escritório neste tempo, demonstram que R$ 27,33 milhões derivam dos sete contratos com empresas contempladas, que, juntas, receberam quase R$ 4 bi em isenções.
Os investigadores suspeitam de uma conexão entre os bilionários benefícios fiscais concedidos pelo governo Cabral — cerca de R$ 140 bilhões em renúncia entre 2008 e 2013 — e estes contratos. As empresas Telemar, CSN, Light, Reginaves, Metrô, Brasken e Unimed, entre outras favorecidas pelos benefícios, figuram na lista de clientes da ex-primeira-dama
O atual governador Pezão com a complacência do presidente da Alerj Jorge Picciani, também do PMDB e empresário também contemplado com gordos contratos com o estado e com bilionárias isenções tributárias, fazer aprovar a transferência da crise aos servidores. Entre as famigeradas medidas estão ampliar o desconto previdenciário para 30% dos salário, extinguir vários órgãos estaduais, sem cortar os postos dos cargos comissionários, aumentar impostos que incidem sobre a população mais pobre como o ICMS, e segue atrasando e parcelando os salários.
O total supostamente economizado não cobre o déficit nas contas. No pacote de Pezão não há proposição de revogar as isenções e benefícios tributários nem a realização de auditoria nas despesas com obras e na dívida pública.
Basta relacionar quais são as empresas doadoras de campanha do ex-governador e de seus aliados com aquelas que são devedoras do estado, quais que recebem benefícios fiscais, quais empresas existem, se são de fachada, se estão dando a contrapartida prevista no contrato gerando empregos ou não.
Basta relacionar quais são as empresas doadoras de campanha do ex-governador e de seus aliados com aquelas que são devedoras do estado, quais que recebem benefícios fiscais, quais empresas existem, se são de fachada, se estão dando a contrapartida prevista no contrato gerando empregos ou não.
Por hoje é só. Dúvidas, críticas e sugestões envie uma e-mail para almir@agencianota.com. Até semana que vem.
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