por Almir Cezar
Na quarta-feira passada (03/12) a maior taxa de juros do mundo voltou aos 2 dígitos, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) de 9,5% para 10% ao ano. Esse aumento ainda não mexeu com o faturamento das empresas e com a taxa de desemprego, porém faz explodir os juros cheque especial e obriga as famílias a comprometerem quase metade de sua renda em dívidas, complica as contas públicas e derruba o PIB, e ainda aumenta a desindustrialização.
Esse aumento foi o sexto seguido de abril para cá, quando a taxa estava em 7,25%, no nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em junho de 1996. Contudo, a alta de juro dos bancos é bem superior à da Selic, e já subiam antes do anúncio, informa o BC, o Copom apenas ‘sancionou’ nova rodada de aumento, para taxas de até 145% ao ano. Entre setembro e outubro, os juros do cheque especial subiram em 1,2 ponto percentual, para inacreditáveis 144,5% ao ano. As dívidas já consomem 45% da renda familiar. Entre setembro e outubro, os juros do cheque especial subiram em 1,2 ponto percentual, para inacreditáveis 144,5% ao ano. O percentual de inadimplentes no Brasil não aumenta porque o desemprego segue em baixa e a renda em alta.
Contudo, o aumento das taxas de juros pressiona as contas públicas, derrubou a arrecadação e obriga a um ajuste para gastar com juros. Os gastos com juros queimam R$ 230 bi em 12 meses. Segundo um estudo da Federação das Indústria do Rio de Janeiro (Firjan), a cada 0,5 pontos percentuais de aumento na Selic, o gasto público se eleva R$ 9,7 bilhões com pagamento de juros dos títulos da dívida públicos. Outros economistas calculam que, desde que iniciou a nova escalada da taxa básica de juros (Selic), a despesa com juros do setor público aumentou em cerca de R$ 30 bilhões. Isso, compromete as contas públicas, obrigando o governo a fim de garantir o superávit primário (desvio de recursos da economia para pagar juros) a tentar realizar cortes das despesas.
Porém, a dupla juro elevado e câmbio forte (provocado também pelo juros) derruba a economia. Na comparação com o terceiro trimestre de 2012, a economia brasileira teve crescimento de 2,2 %. O PIB cresceu 2,4 % no acumulado do ano e 2,3% no acumulado de 12 meses. Porém bem, abaixo dos 4% esperados pelo Governo no fim do ano passado.
Apesar disso tudo, o faturamento da indústria, apesar da queda de 1,2% registrada em outubro, na comparação com setembro, acumula crescimento de 4,6% no ano, de acordo com os Indicadores Industriais de outubro, divulgados na terça-feira (02/12) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). E a taxa de desemprego no país caiu de 10,2% em setembro para 9,8% em outubro, o terceiro mês consecutivo de recuo, porém caiu puxado pelo setor de serviços. Então, enquanto o faturamento acumulado no ano seguir em alta e o desemprego em baixa, apesar da queda na economia, não haverá "gritaria" contra as sucessivas altas dos juros.
Contudo, apesar da elevação geral do faturamento empresarial, a elevação dos juros aumenta a desindustrialização. O faturamento do setor de máquina recuou 5% no ano, apenas em outubro o faturamento bruto da indústria de máquinas e equipamentos recuou 1,2%, na comparação com o mesmo mês do ano passado, para R$ 7,17 bilhões.
Leia algumas matérias de jornal dos últimos dias que detalham mais a questão:
Maior taxa de juros do mundo volta aos 2 dígitos
27/11/2013
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros (Selic) de 9,5% para 10% ao ano. Foi o sexto aumento seguido de abril para
cá, quando a taxa estava em 7,25%, no nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em junho de 1996.
cá, quando a taxa estava em 7,25%, no nível mais baixo desde que o Copom foi criado, em junho de 1996.
A elevação de 0,5 ponto percentual era esperada pelos analistas financeiros, de acordo com o boletim Focus divulgado na última segunda-feira pelo BC. Além disso, as atas das últimas reuniões do Copom sinalizaram a tendência de manutenção do processo de aperto monetário.
A taxa básica de juros do Brasil, a mais alta do mundo, aumentou mais um pouco, com impacto imediato na dívida pública. De acordo com o Dieese, cada subida de 0,5 ponto percentual na Selic equivale a acréscimo aproximado de R$ 3 bilhões/ano na dívida.
O aumento da Selic para 10% ao ano inibe os investimentos privados, de acordo com avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada logo depois que o Copom anunciou a decisão. Para a CNI, “tudo indica que o atual ciclo de aumento (da Selic) ainda não terminou”.
Por sua vez, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) avaliou como péssima notícia para o Brasil a elevação de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. Em nota, a entidade diz que o retorno da Selic aos dois dígitos dificultará ainda mais a retomada do crescimento doméstico.
Taxas de juros sobem em outubro, informa Banco Central
28/11/2013
As taxas de juros subiram em outubro, de acordo com dados do Banco Central divulgados hoje. No caso das famílias, a taxa subiu 1,1 ponto percentual, para 38,3% ao ano, de setembro para outubro. A taxa para as empresas subiu 0,1 ponto percentual, para 20,8% ao ano.
Essas taxas de juros são do crédito com recursos livres. No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infra-estrutura), as taxas de juros também subiram. Para as empresas, a alta ficou em 0,1 ponto percentual, para 7,5% ao ano. As famílias pagaram taxa de 7,2% ao ano, aumento de 0,2 ponto percentual em relação a setembro.
A taxa de inadimplência, considerados os atrasos superiores a 90 dias, teve queda para as pessoas físicas no crédito com recursos livres - caiu 0,2 ponto percentual, para 6,8%. Para as empresas, ficou estável em 3,4%.
No caso do crédito direcionado, a inadimplência é bem menor. A inadimplência das pessoas físicas ficou em 1,7%, com redução de 0,2 ponto percentual. As empresas apresentaram inadimplência de 0,5%, estável em relação a setembro.
O saldo das operações de crédito do sistema financeiro ficou em R$ 2,610 trilhões em outubro, com crescimento de 0,5% no mês e 14,7% em 12 meses.
Esse saldo representou 55,4% de tudo o que o país produz, o Produto Interno Bruto (PIB), com queda de 0,1 ponto percentual em relação a setembro.
Alta de juro dos bancos é bem superior à da Selic
28/11/2013
Copom ‘sancionou’ nova rodada de aumento para taxas de até 145% ao ano
A nova escalada da taxa básica de juros (Selic) serviu de senha para novo aumento dos já astronômicos juros cobrados dos consumidores e empresas pelos bancos. A diferença, porém, é que as taxas do sistema financeiro subiram em patamares bem superiores ao da Selic.
Entre setembro e outubro, os juros do cheque especial subiram em 1,2 ponto percentual, para inacreditáveis 144,5% ao ano.
Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC), um dia depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC elevar a Selic, pela sexta vez seguida, de 9,5% para 10% ao ano.
No mesmo período, a taxa para pessoas físicas subiu 1,1 ponto percentual, para 38,3% ao ano, para uma inflação prevista de menos de 6,5% no ano. Para as empresas, a alta chegou a 0,1 ponto percentual, ficando em 20,8% ao ano, no crédito com recursos livres.
“As taxas começaram a subir por volta de maio e passaram a ter essa tendência de alta e isso se repetiu em outubro”, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Em outubro, entre os juros do crédito com recursos livres, a do crédito pessoal apresentou aumento de 6 pontos percentuais, para 88,1%. Maciel alegou que essa taxa costuma oscilar muito:
No crédito consignado, a alta ficou em 0,3 ponto percentual, saltando para 24,6% ao ano.
Segundo Maciel, no caso do crédito consignado para servidores públicos, há muita competição entre os bancos pelos clientes, o que ajuda a manter a taxa estável. É uma modalidade de crédito com baixo risco de inadimplência.
Em outubro, a inadimplência das pessoas físicas ficou em 1,7%, com queda de 0,2 ponto. A das empresas ficou em 0,5%, estável em relação a setembro.
Aumento das taxas pressiona contas
28/11/2013
ELEVAÇÃO DA SELIC DERRUBOU ARRECADAÇÃO E AJUSTE PARA GASTAR COM JUROS
O superávit primário (desvio de recursos da economia para pagar juros) do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) ficou em R$ 5,436 bilhões, em outubro. Foi o menor aperto fiscal desde 2004, quando a drenagem de recurso para a gastança com juros ficara em R$ 4,742 bilhões.
A anemia da economia obrigou o governo a usar os recursos do estratégico leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos, e a abertura de parcelamentos especiais de dívidas com a União (Refis) para cumprir a meta de R$ 73 bilhões. A informação foi dada pelo secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Já o economista Norberto Montani Martins, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), critica a volta do governo ao conservadorismo, ao retomar a trajetória de alta da taxa básica de juros (Selic), abandonando a estratégia do início do Governo Dilma, de flexibilizar a política monetária.
“Considerando o resultado global e nominal das contas públicas e com aumento de juros, começa a pressão do mercado financeiro por mais superávit. A grande crítica é que elevar juros não ajuda à economia, prejudicando a arrecadação, e também incha a dívida pública”, alerta.
Segundo Martins, além de aumentar a despesa com juros, o aperto monetário exige superávits primários também maiores. “Mas como aumentar a arrecadação com a economia patinando?”, indaga, destacando o ciclo vicioso pelo qual o governo acaba fazendo novos ajustes fiscais.
Com isso, os investimentos federais desaceleram em 2013, informa o Tesouro. De janeiro a outubro, eles sobem só 5,5% (R$ 53,7 bilhões) sobre os mesmos meses de 2012 (R$ 50,9 bilhões). Os gastos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) crescem em ritmo mais forte: 10,6% no ano.
Gastos com juros queimam R$ 230 bi em 12 meses
29/11/2013
O superávit primário (desvio de recursos da economia para o pagamento de juros da dívida) do setor público consolidado – governos federal, estaduais e municipais e as empresas estatais – chegou a R$ 6,188 bilhões, em outubro, informou nesta sexta-feira o Banco Central (BC). Esse foi o menor superávit primário para meses de outubro, registrado pelo BC, na série histórica iniciada em dezembro de 2001.
De janeiro a outubro, o superávit ficou em R$ 51,153 bilhões. Em 12 meses encerrados em outubro, o montante alcançou R$ 67,890 bilhões, o que representa 1,44% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB).
O aperto fiscal permite a redução, no médio e no longo prazos, do endividamento do governo. No mês, o Governo Central (Banco Central, Tesouro Nacional e Previdência Social) registrou superávit de R$ 5,257 bilhões. As empresas estatais, excluídos os grupos Petrobras e Eletrobras, contribuíram com R$ 238 milhões. Os governos estaduais e municipais apresentaram superávit primário de R$ 694 milhões.
Contudo, o aperto fiscal do setor público não foi suficiente para cobrir os gastos com os juros que incidem sobre a dívida, que chegaram a R$ 17,717 bilhões, em outubro, e a R$ 194,923 bilhões, nos 10 meses do ano. Em 12 meses encerrados em outubro, os gastos com juros chegaram a R$ 230,356 bilhões, o que correspondeu a 4,89% do PIB.
Com esses resultados foi registrado déficit nominal, formado pelo resultado primário e as despesas com juros, de R$ 11,528 bilhões, no mês passado, R$ 143,769 bilhões, de janeiro a outubro, e R$ 162,466 bilhões em 12 meses (3,45% do PIB).
Dívidas consomem 45% da renda familiar
28/11/2013
Brasília – Em alta na comparação mensal desde o início do ano, o endividamento das famílias com o sistema financeiro teve queda residual em setembro. Segundo o Banco Central (BC), naquele mês, a dívida total das famílias equivalia a 45,31% da renda dos últimos 12 meses. Em agosto, respondia por 45,36%. Em janeiro, no entanto, ele registrara 43,59%.
Quando se exclui o endividamento com financiamento imobiliário, o percentual fica em 30,22%, contra 30,38% em a agosto (30,38%).
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, o crescimento do endividamento das famílias seria sustentável. Ele insiste em que ele cresceria, não pelos astronômicos juros praticados no país, mas pelo aumento do poder aquisitivo das para as famílias e a busca pela casa própria.
“Uma avaliação crucial é observar que isso decorre fundamentalmente do crédito imobiliário. O comprometimento de renda, tirando o financiamento imobiliário, já se estabilizou há algum tempo e mostra, na margem, tendência de recuo”, disse.
Segundo o BC, a parcela da renda mensal familiar comprometida com as prestações chegou a 21,45%, em setembro, mesmo percentual de agosto. Em agosto, os juros consumiram 8,79% da renda, ante 8,71%, em agosto.
Faturamento do setor de máquina recua 5%
27/11/2013
Com juro elevado e câmbio forte, aumenta a desindustrialização
O faturamento bruto da indústria de máquinas e equipamentos recuou 1,2%, em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, para R$ 7,17 bilhões.
No acumulado do ano, o faturamento, que soma R$ 66,95 bilhões, é 5% inferior ao mesmo período de 2012, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Ainda segundo a Abimaq, na comparação com setembro, houve elevação de 1,4% no faturamento.
As exportações do segmento em outubro somaram US$ 1,2 bilhão. Esse número é 13,9% inferior às vendas externas registradas no mesmo mês do ano passado. Na comparação com setembro, elas avançaram 20,1%.
No acumulado do ano, as exportações somam US$ 10,1 bilhões, valor 11,9% menor do que o resultado registrado no mesmo período de 2012.
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos – de maior valor agregado – foram América Latina, Estados Unidos e Europa, respectivamente.
No mês passado, o Brasil importou US$ 2,95 bilhões em máquinas e equipamentos, aumento de 15,8% sobre o mês de setembro.
No acumulado dos dez primeiros meses do ano , o volume importado (US$ 27,246 bilhões) supera em 6,9% o resultado de janeiro até outubro de 2012.
Os dados confirmam o crescente processo de desindustrialização do país, puxado, principalmente, pelo câmbio valorizado e pelos elevados juros internos, que dificultam o acesso desse setor ao crédito, para aumentar a produção.
Desemprego cai a 9,8% puxado pelos serviços
27/11/2013
A taxa de desemprego no país caiu de 10,2% em setembro para 9,8% em outubro, o terceiro mês consecutivo de recuo. Levantamento feito em seis regiões metropolitanas pelo Dieese e pela Fundação Seade mostra que o total de desempregados foi estimado em 2,044 milhões, o que representa 94 mil a menos que no mês anterior. O nível de ocupação teve aumento de 0,5% em outubro, na comparação com setembro. O total de ocupados foi 18.846 e a População Economicamente Ativa somou 20.890 pessoas.
A redução no contingente de desempregados foi impulsionada pela geração de 90 mil postos e pela estabilidade na força de trabalho. Entre as regiões analisadas, tiveram redução nas taxas de desemprego as capitais Belo Horizonte (passou de 7,2% para 6,9%), Fortaleza (de 7,7% para 7,3%), Recife (de 14,5% para 13,5%), Salvador (de 17,8% para 17,1%) e São Paulo (de 10% para 9,6%). Em Porto Alegre, a taxa ficou relativamente estável (passou de 6,2% para 6,1%).
O setor de serviços foi o que mais gerou postos de trabalho no mês de outubro: 56 mil, segundo a pesquisa. O único setor a apresentar decréscimo foi a construção, que perdeu 11 mil postos de trabalho.
Com informações Agência Brasil e jornal Monitor Mercantil
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