No Senado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirma que busca meta de inflação de 4,5%. Isso abre a seguinte pergunta: se é difícil ficar dentro do teto (2% para mais), que esse ano é de 6,5%, que arrocho monetário seria necessário para se atingir o centro da meta? E porque perseguir exatamente esse percentual? E não devemos nos esquecer que, se o aumento dos juros continuar, o crescimento econômico ficará ainda mais difícil.
Tombini: Banco Central busca a meta da inflação de 4,5%
Jornal do Senado | 11/12/2013
Alexandre Tombini (C) fala à CAE ao lado de Altamir Lopes,
Carlos Araújo, Lindbergh Farias e Delcídio do Amaral
(Foto: Marcos Oliveira)
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O presidente do Banco Central disse aos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos que a instituição não está acomodada diante dos atuais índices, próximos ao teto
O Banco Central vai continuar se esforçando para fazer a inflação convergir rumo à meta anual de 4,5%, afirmou ontem o presidente Alexandre Tombini em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Tombini respondeu os questionamentos dos senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Armando Monteiro (PTB-PE) quanto a uma possível acomodação da inflação no teto da meta, de 6,5% — a variação acumulada de 12 meses, medida pelo IPCA, está em 5,77%.
Também em resposta a Dornelles e Armando, o presidente do BC negou artificialismo no controle da inflação, pelo fato de o governo segurar preços administrados, como os dos combustíveis, para compensar a alta nos chamados preços livres (sobre os quais o governo não exerce nenhum controle).
Queda
Tombini disse que entre junho e novembro deste ano a inflação entrou em trajetória de queda. Uma das armas usadas pelo Banco Central tem sido a elevação da taxa Selic, de 7,25% em abril para 10% (meta atual), embora o presidente do BC tenha reconhecido que os efeitos da política monetária sobre a inflação ocorrem com defasagens e que há “alguma incerteza” sobre a intensidade com que a inflação irá reagir a essa política.
Essa incerteza, na avaliação de Tombini, pode aumentar no ambiente atual, “em que a volatilidade dos mercados financeiros tem sido ampliada pela forte inclinação das curvas de juros nas economias maduras, em particular nos Estados Unidos”.
Crise
Armando Monteiro questionou o presidente do BC quanto aos efeitos de uma eventual mudança nos fluxos financeiros — decorrente da normalização da economia norte-americana — sobre o ritmo de desvalorização do real e a inflação no Brasil.
Para Tombini, a transição na economia dos EUA é positiva e significa que a recuperação da maior economia do planeta, de US$ 16 trilhões, está ganhando força, com benefícios para todos, inclusive para as economias emergentes.
Entretanto, as incertezas quanto à intensidade e à velocidade desse processo “impuseram maior volatilidade aos mercados financeiros internacionais”, segundo Tombini.
O presidente do BC informou que, com “alguns ajustes”, que não detalhou, estenderá para o próximo ano o programa de oferta de proteção cambial para as empresas endividadas em dólar se protegerem das variações no câmbio.
Confiança
Segundo Tombini, a consolidação do crescimento em bases sustentáveis nos próximos semestres depende do fortalecimento da confiança das famílias e dos empresários. O interesse de investidores, inclusive estrangeiros, nos últimos leilões de concessão de serviços públicos e de exploração de recursos naturais demonstra, na avaliação dele, a atratividade da economia brasileira.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) questionou o presidente do BC quanto ao impacto do endividamento das famílias no crescimento em 2014. Tombini previu uma melhora, já que, segundo ele, houve uma redução na inadimplência.
Descentralização
Depois de ouvir o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) defender a descentralização administrativa, o presidente do Banco Central disse encarar com preocupação qualquer alteração na arquitetura fiscal e monetária que retirou dos estados o poder de emitir títulos.
Tombini lembrou que em meados dos anos 1980, quando os estados faziam essas emissões e geriam os próprios bancos, havia um descontrole fiscal que fragilizou o país.
A audiência pública foi presidida pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Participaram também os senadores Delcídio do Amaral (PT-MS), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF).
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