Portal R7, 04/07/2013
Transporte público sobe acima da inflação, mas o mesmo não ocorre com veículo próprio
Usuários do transporte privado (carro ou moto) têm tido menos gastos do que quem precisa do transporte público nos últimos 12 anos, conclui o estudo “Tarifação e financiamento do transporte público urbano”, realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e divulgado nesta quinta-feira (4).
Os aumentos das tarifas de ônibus, metrô e trem têm ocorrido acima da inflação, enquanto o cenário oposto é observado nos custos com veículo próprio.
Enquanto a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), teve alta de 125% no período de janeiro 2000 a dezembro 2012, o índice de aumento das tarifas dos ônibus teve alta de 192%. Esse encarecimento foi, portanto, 67 pontos percentuais acima da inflação.
Por outro lado, entre 2000 e 2012, a gasolina subiu 122%, ou seja, abaixo da inflação acumulada no período. Já o índice associado aos gastos com veículo próprio, que inclui a compra de carros novos e usados e motos, e também as despesas com manutenção e tarifas de trânsito, teve alta de apenas 44%, portanto muito abaixo do IPCA.
Os dados foram obtidos a partir do levantamento de preços realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para chegar ao IPCA.
De acordo com o Ipea, os gastos com carro próprio já vinham crescendo abaixo da inflação geral, e as medidas de desoneração do setor automotivo, como redução da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para zero, reforçaram a tendência de barateamento do transporte individual.
O estudo é feito com base na inflação verificada nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e o município de Goiânia. É possível observar características distintas em cada localidade. De acordo com o Ipea, o preço médio das tarifas de ônibus teve o menor crescimento em Brasília e nas regiões metropolitanas de Fortaleza e Recife; em contrapartida, os maiores aumentos foram na cidade de Goiânia e nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Belém e Salvador.
Tarifas geram protestos
Recentemente, o País viveu uma onda de protestos contra o aumento das tarifas de transporte público. Em São Paulo, as manifestações populares fizeram o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin cancelarem o aumento de R$ 0,20 e o preço das passagens voltou a ser R$ 3.
Ainda de acordo com a pesquisa do Ipea, alguns estudos têm apontado, ao longo das últimas décadas, que as políticas e investimentos do País têm priorizado o transporte privado em detrimento do transporte público, o que provoca o encarecimento das tarifas.
— Aliado ao barateamento dos meios de transporte privado (automóveis e motocicletas) e ao aumento de renda da população observado na última década, esse encarecimento do transporte público prejudica a sua competitividade, acarretando a perda de passageiros que estão migrando para outros modos de transporte privado.
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