segunda-feira, 20 de maio de 2013

A miséria alemã e a desgraça europeia.

Europa vive maior recessão desde 95. Alemanha impõe medidas de austeridade à UE e vive aumento da miséria interna. Cortes devem aumentar desigualdade social.

A miséria alemã
Ano passado, cerca de 320 mil famílias alemãs tinham pelo menos um membro que dependia de assistência social apesar de ter rendimento bruto de pelo menos 800 euros. O número cresceu em 20 mil famílias em relação ao ano anterior, segundo dados da Agência Federal de Emprego da Alemanha citados pelo jornal germânico Sueddeutsche Zeitung. A exposição dessa face, em geral, oculta das consequências na Alemanha da agudização da crise na Europa deve impactar o debate eleitoral sobre a adoção de um salário mínimo no país, que, apesar de ter o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, recusa esse benefício a seus cidadãos.

Incorporou
Crítica das medidas neoliberais, a advogada e professora Angélica Carlini, da Universidade Paulista (Unip), defende a tese de que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, incorporou a alma de Margaret Thatcher. A comparação foi feita durante encontro com jornalistas para debate os “Desafios Econômicos e Jurídicos da Saúde Suplementar”. Ao falar sobre o Estado do bem-estar social no Brasil, Angélica salientou que “a globalização neoliberal coloca-se como contraponto às políticas sociais do Estado de bem-estar social”

Portugal fica ainda mais desigual com corte de gastos
16/05/2013

LISBOA – A redução de gastos sociais agrava as disparidades sociais em Portugal,  já um dos países mais desiguais da União Européia (UE), atrás da Lituânia, Letônia e Espanha, e com 952,2 mil de desempregados, abaixo apenas de Grécia e Espanha.

“É socialmente criminoso e economicamente perverso diminuir as políticas aos mais desfavorecidos precisamente quando elas são mais necessárias”, critica o economista Carlos Farinha Rodrigues, em entrevista à Agência Brasil.

Para Rodrigues, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão e um dos autores do livro Desigualdade Econômica em Portugal, os cortes de gastos públicos é fruto de “razões ideológicas e não econômicas”.

“Dizer que é inevitável não faz sentido, há outras vias alternativas. O problema não tem a ver com a política social, mas com a Europa crescer pouco”, acrescenta o sociólogo Renato Miguel do Carmo, do Observatório das Desigualdades e do Instituto Universitário de Lisboa.


Portugal: austeridade afeta políticas sociais e pode agravar riscos de desiguald
16/05/2013 - 10:07:54

Dois especialistas em desigualdade socioeconômica ouvidos pela Agência Brasil avaliam que a política de reduzir gastos sociais para conter o déficit público pode estar agravando as disparidades sociais em Portugal, um dos países mais desiguais da União Européia (atrás da Lituânia, Letônia e Espanha) e também um dos mais afetados no continente pela crise econômica mundial, com 952,2 mil pessoas desempregadas até março, abaixo apenas da Grécia e da Espanha.
- É socialmente criminoso e economicamente perverso diminuir as políticas aos mais desfavorecidos precisamente quando elas são mais necessárias - critica o economista Carlos Farinha Rodrigues, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão, um dos autores do livro Desigualdade Econômica em Portugal.
Segundo o economista, a austeridade em Portugal não é efeito de decisão fiscal.
- Houve um conjunto de cortes que foi realizado por razões ideológicas e não por razões econômicas.
A mesma opinião tem o sociólogo Renato Miguel do Carmo, do Observatório das Desigualdades e do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL).
- Essa via econômica deriva de uma concepção ideológica ou política. O jogo está aí. Dizer que é inevitável não me parece que faça sentido porque há outras vias alternativas. O problema não tem a ver com a política social, mas tem a ver com o fato de a Europa estar crescendo pouco - assinala o sociólogo.
Renato Miguel do Carmo lembra que na década passada, antes da crise econômica internacional, as políticas sociais viabilizaram redução das desigualdades socioeconômicas.
- Foi pela via do Estado social e não pela via da distribuição, seja política fiscal progressiva ou política salarial.
Os especialistas apontam que a política de austeridade mina mecanismos automáticos de proteção social como o seguro-desemprego - que perdeu valor e tempo de pagamento; o complemento solidário para idosos (409 euros mensais ou R$ 1.104); e o rendimento social de inserção, auxílio que varia conforme o tamanho da família (para indivíduos com renda inferior a 178,15 euros ou R$ 481).
Além dessas medidas, o governo aumentou impostos e a contrapartida dos usuários dos serviços públicos de saúde e também não descarta reduzir as aposentadorias de ex-funcionários públicos e de ex-empregados do setor privado. O objetivo do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho é economizar 4,8 bilhões de euros (R$ 13 bilhões) do orçamento, atendendo aos credores internacionais do programa de ajustamento econômico.
Para Carlos Farinha, os ganhos serão “insignificantes” no orçamento e o equilíbrio fiscal poderia ser atingido com o aquecimento da economia.
- A austeridade tem caráter recessivo que dificulta que ela possa vir a ter sucesso. Podemos fazer sucessivos cortes do lado da despesa, mas se do lado do PIB e do lado dos impostos estamos recuando constantemente, não resolvemos o problema - disse ao defender um “programa de recuperação mais dilatado, com menos efeitos recessivos”.
Dados do Eurostat (gabinete de estatística da Comissão Européia) apontam que a economia portuguesa encolheu 3,9% no primeiro trimestre deste ano, maior queda dos últimos quatro trimestres e quase quatro vezes pior do que o conjunto dos 13 países onde circula o euro (-1%). Ainda não há estatística oficial medindo o efeito da recessão na desigualdade. Ontem, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou estudo assinalando que há risco crescente nos 34 países filiados (como Portugal) de aumento de desigualdade e de pobreza como conseqüência da crise.

Agência Brasil


Europa vive maior recessão desde 95
15/05/2013 - 22:51:08

Vitimada pelas políticas recessivas, a economia da Zona do Euro recuou 0,2% entre janeiro e março, segundo a agência de estatísticas Eurostat, equivalente europeu ao IBGE. Presa a dogmas econômicos, a região vive a recessão mais longa desde o início da série histórica, em 1995.
A Grécia amargou o maior derretimento do PIB no primeiro trimestre: 5,3%, seguida por Chipre, cujo sistema financeiro acabou de entrar em colapso (4,1%) e Portugal (3,9%). Este país enfrenta uma queda da economia há nove trimestres consecutivos. Já a Espanha amargou o sétimo trimestre seguido de recuo.
Dos 17 países que compõem a Zona Euro, nove amargam uma recessão. A França, segunda principal economia do bloco, também entrou em recessão no primeiro trimestre. O PIB caiu 0,2%, mesma queda registrada no último trimestre de 2012.
O presente da França, François Hollande, admitiu que “a situação econômica é grave”, mas limitou-se a dizer que persegue mudanças em favor de maior competitividade.
A Itália, terceira maior economia da Zona do Euro, registrou o sétimo trimestre consecutivo de declínio, o mais longo desde que os registros do país começaram, em 1970.
Já a Alemanha, que responde por quase um terço da economia da Zona do Euro, escapou por pouco da estagnação, tendo crescido apenas 0,1%.
Embora a Zona do Euro já tenha 19 milhões de desempregados, os governos continuam a insistir em políticas de cortes de gastos públicos e desmonte do Estado de bem-estar social, ameaçando a coesão social européia.
O bloco de 17 países que adotam o euro amarga a mais longa recessão da sua história, superando os cinco trimestres consecutivos de contração registrados após o estouro da crise global, em de 2008.
Após muita resistência, o ortodoxo Banco Central Europeu (BCE) reduziu sua taxa de juros no começo do mês, para 0,5% ao ano, a mínima recorde.


INTERNACIONAL
?Pax? germânica na Zona do Euro
14/05/2013 - 20:13:23
Angela Merkel busca submissão da União Européia e domínio interno
MILÃO – O governo de Enrico Letta, na Itália, composto pelo presidente Giorgio Napolitano, garantirá um prolongamento de poucos meses na linha de Mario Monti. Assim, com elevado custo interno, o despedaçamento e pulverização da centro-esquerda e a ascensão bipolar de Silvio Berlusconi e Beppe Grillo, Angela Merkel livrou-se da ameaça de um prolongado desgoverno na Itália.
Considerando o curto-circuito de François Hollande na França e a inércia em grau de putrefação de Mariano Rajoy, em Madri, tudo mostra que não haverá surpresa desagradável para a chanceler alemã até sua (certa) reeleição em setembro.
Diante de sua terceira gestão na Chancelaria, Merkel está longe de preocupar-se com a sobrevivência política dos liberais ou, ainda, com a eventual entrada no Parlamento Federal da Alternativa para a Alemanha, que reivindica o retorno ao marco alemão, mas mantém a tranquilidade de uma noiva disputada por muitos pretendentes.
Primeiro na fila, Peer Steinbrueck, candidato a chanceler dos social-democratas, com seu partido contraído em 22%, que não espera algo melhor do que seu retorno ao cargo de ministro das Finanças que ocupou durante o primeiro governo da Merkel, no período de 2005–2009. A nova “grande coalizão” apontou como se fosse melhor solução para seu partido, também, o ex-chanceler Gerhard Schröder, quando há algumas semanas rasgou elogios a “Frau” Merkel.
Segundos, os verdes, cuja maioria de base eleitoral, de acordo com pesquisa divulgada segunda-feira, apóia a cooperação em nível federal com os democratas-cristãos. Ao que tudo indica, a manobra tática de Merkel – que, há três anos comprometeu-se a abandonar, gradualmente, o uso de energia nuclear – garante, mesmo atrasados, os necessários frutos.

Mais forte

Tudo isso tem extraordinária importância, tanto dentro, quanto fora das fronteiras da Alemanha. Revela que democratas-cristãos, social-democratas e verdes podem compor uma estratégia européia de unificação de ampla base e aceitação, com os liberais e a Alternativa para a Alemanha entrando em choque pelo voto dos euroceticistas, e com a Esquerda evangelizando a Europa dos trabalhadores.
Um governo de grande coalizão de democratas-cristãos e social-democratas, e até mais, uma tripartite com a participação dos verdes, será, em essência, um governo de, quase, unidade nacional, muito mais duro interlocutor para os parceiros da Alemanha na Zona do Euro do que a atual coalizão governamental.
Um atento exame sobre a evolução da estratégia européia da Alemanha desde 1990 revela a linha Merkel na crise da Zona do Euro mais como pós-evolução e continuação do que como corte.
Retroativamente, tanto o discurso de Joschka Fischer, na primavera de 2000, na Universidade de Humboldt, quanto, também, a dura posição de Schröder contra Jacques Chirac em dezembro de 2000, por ocasião da Reunião de Cúpula da União Européia (UE) em Nice, foram as primeiras amostras da escrita de uma Alemanha isenta dos tabus e dos cancelamentos da época após a Segunda Guerra Mundial que já reivindicava, abertamente, a Europa alemã.
O então governo de Berlim despedaçou e até anulou a presidência da França no segundo semestre de 2000, com a proposta para a Constituição Européia na primavera, enquanto, no final do mesmo ano, Gerhard Schröder travava batalha feroz para registrar o poder de seu país no âmbito do processo da tomada de decisões.
A Alemanha que todos conheciam desapareceu junto com Helmut Köhl, com a nacionalização da estratégia européia do país sendo creditada ou debitada a Schröder, o qual, oito anos depois, deseja sucesso na continuação de sua sucessora.

Maria Segre
Sucursal da União Européia.






Fonte: jornal Monitor Mercantil e Agência Brasil

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