Dados do Dieese apontam que valor da cesta básica subiu em 10 capitais do país
Portal da Conlutas - Dez capitais apresentaram, em janeiro, elevação no custo dos gêneros alimentícios essenciais, de acordo com dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica, realizada mensalmente pelo DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. O levantamento é realizado mensalmente em 17 cidades brasileiras.
Apesar da predominância de aumento no preço, as variações foram moderadas na maior parte das localidades. As maiores altas ocorreram em Goiânia (4,61%), Salvador (1,43%) e Florianópolis (1,10%). As principais retrações foram apuradas em Belo Horizonte (-3,87%), Brasília (-3,49%) e São Paulo (-1,39%). Nas demais capitais, os preços variaram entre 0,79%, em João Pessoa e -0,86%, em Vitória.
Em comparação com janeiro de 2009, todas as 17 cidades apresentaram diminuição no custo da cesta. As menores quedas deram-se em Belém (-2,89%) e Recife (-2,99%). As maiores foram apuradas em Belo Horizonte (-11,35%) e Goiânia (-9,38).
Mais uma vez, o maior custo para a cesta básica foi registrado em Porto Alegre, com R$ 236,55. São Paulo apresentou o segundo maior valor (R$ 225,02), vindo a seguir Vitória (R$ 217,20) e Manaus (R$ 216,53). Os menores valores foram apurados em Aracaju (R$ 169,13), João Pessoa (R$ 171,97) e Recife (R$ 172,29).
Com base no valor da cesta observado em Porto Alegre, e levando em consideração
a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as
despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em janeiro deste ano, enquanto o salário mínimo passou a corresponder a R$ 510,00, o mínimo necessário foi estimado em 3,90 vezes este valor, equivalendo a R$ 1.987,26. Em dezembro de 2009, quando o salário mínimo era de R$ 465,00, o menor salário deveria ser de R$ 1.995,91 (4,29 vezes o mínimo então em vigor). Em janeiro do ano passado, o salário mínimo necessário era estimado em R$ 2.077,15, ou seja, 4,62 vezes o mínimo de então (R$ 415,00).
Cesta x salário
O aumento de 9,68% concedido ao salário mínimo a partir de 1º de janeiro fez com
que a jornada de trabalho necessária para a aquisição da cesta básica caísse para 86 horas e 48 minutos na média das 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE. Em dezembro, o trabalhador que ganha salário mínimo precisava cumprir uma jornada de 95 horas e 20 minutos, enquanto em janeiro de 2009, o tempo de trabalho necessário ficava em 114 horas e 26 minutos.
A redução no comprometimento do salário com a compra da cesta também pode ser
vista quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido - após o desconto equivalente à Previdência Social. Enquanto em janeiro último 42,88% do rendimento eram necessários para a aquisição da cesta, em dezembro a mesma compra demandava 47,10% do salário. Em janeiro de 2009 o comprometimento chegava a 56,54% do piso líquido.A alta verificada na maioria das capitais, em janeiro, resultou de elevação em produtos de grande peso na composição da cesta.
O açúcar registrou aumento em 16 capitais, com destaque para João Pessoa (32,47%), Goiânia (19,18%), Vitória (16,97%), Natal (16,77%), Recife (16,56%) e Belo
Horizonte (16,35%). Em Aracaju o preço permaneceu inalterado.
A elevação no preço do arroz foi verificada em 12 capitais, em especial em Belo
Horizonte (8,51%), Vitória (7,41%), Goiânia (7,23%) e Porto Alegre (7,07%). Em Recife
constatou-se estabilidade. Quatro cidades apresentaram redução no custo do produto: Natal (-0,56%), Belém (-0,74%), Manaus (-1,44%) e Fortaleza (-3,12%).
Carne e pão, dois dos itens com maior peso na cesta, subiram em 10 capitais. Com
relação à carne, as taxas mais significativas foram apuradas em Goiânia (6,67%), Natal (3,48%), Aracaju (2,55%) e Belém (2,06%). Em São Paulo, a variação foi nula e quedas foram registradas em seis localidades, tais como Belo Horizonte (-2,08%) e Vitória (-1,99%).
No caso do pão, Curitiba (3,17%), Florianópolis (1,73%) e Goiânia (1,58%)
apresentaram os maiores aumentos. Três capitais mantiveram os preços estáveis – Aracaju, Belém e Porto Alegre. Dentre as quatro cidades com retração, o destaque foi Belo Horizonte (-2,79%). Pesquisada nas nove capitais do Centro-Sul do país, a batata teve aumento nas nove. As maiores taxas foram observadas em Porto Alegre (40,53%), Florianópolis (32,08%) e em Curitiba (31,84%). As menores variações ocorreram em Brasília (2,54%) e Belo Horizonte (3,08%).
Com os preços acompanhados no Norte e Nordeste, a farinha de mandioca
apresentou alta em cinco das oito capitais, com destaque para Natal (5,70%) e Belém (5,19%). Dentre as três localidades com queda, a mais significativa ocorreu em Aracaju (8,21%). Oito itens tiveram predomínio de queda. O tomate ficou mais barato em 15 capitais, o óleo de soja em 13, e o café em 10.
O tomate, produto cujo preço é sempre suscetível a oscilações, apresentou as principais quedas em Curitiba (-29,44%), Porto Alegre (-28,22%), Brasília (-26,02%) e Belo Horizonte (-23,71%). Os aumentos ocorreram em Salvador (15,38%) e João Pessoa (2,86%).
Para o óleo de soja, as maiores retrações foram encontradas em quatro capitais do
Norte-Nordeste: João Pessoa (-6,47%), Recife (-4,78%), Belém (-4,15%) e Manaus
(-3,66%). Florianópolis apresentou estabilidade e altas foram apuradas em Aracaju
(1,59%), Goiânia (0,89%) e Natal (0,35%).
Entre as capitais onde o preço do café recuou, os destaques foram Salvador (-5,97%), Belo Horizonte (-1,54%) e Natal (-1,42%). Em Fortaleza, Curitiba e Aracaju
houve estabilidade. Aumentos foram anotados em Goiânia (4,75%), Recife (3,27%),
Brasília (1,09%) e Vitória (0,54%).
Pesquisada apenas nas capitais do Centro-Sul, a farinha de trigo apresentou queda
em cinco localidades, especialmente em Vitória (-3,55%). Três cidades tiveram alta, como por exemplo, em Porto Alegre (4,30%) e Goiânia (4,47%), enquanto em Curitiba houve estabilidade.
Em 12 meses, o açúcar se destacou por ter registrado aumento em todas as 17
capitais, com variações entre 21,71%, em Belo Horizonte e 78,38%, em Salvador. As fortes altas têm origem na demanda internacional e no câmbio, diante da redução do valor do real frente ao dólar. A entressafra da cana também contribui para este aumento.
Também em comparação com janeiro do ano passado, o leite apresenta alta em 13
localidades, em especial em Vitória (20,16%), João Pessoa (19,75%) e Natal (19,54%). Os preços não se alteraram em Brasília, enquanto em Belo Horizonte (-12,47%), Salvador (-7,96%) e Belém (-5,94%) houve queda. As taxas elevadas ainda refletem a alta praticada nos primeiros meses do ano passado e este efeito deve ser neutralizado nos próximos meses. O período atual é de plena produção e as pastagens encontram-se em boas condições devido às chuvas.
A manteiga, derivada do leite, encareceu em 12 cidades, com destaque para Porto
Alegre (24,81%), Recife (24,35%) e Florianópolis (13,32%. O encarecimento do produto acompanha o comportamento verificado com o leite. Em cinco capitais houve redução de preço, como em Aracaju (-17,57%) e Vitória (-13,21%).
Onze capitais registraram alta no preço do óleo de soja, com as maiores taxas observadas em Recife (6,90%), Brasília (4,49%), Aracaju (4,08%) e Curitiba (4,04%). Em Natal a variação foi nula e foram anotadas reduções em cinco capitais, principalmente em São Paulo (-4,80%) e Belo Horizonte (-4,20%). O aparente declínio da crise financeira tem permitido o aumento da demanda, principalmente da China, e o câmbio com alta no valor do dólar frente ao real favorece as exportações, diminuindo o volume do produto no mercado interno.
Todas as nove capitais do Centro-Sul registraram alta no preço da batata, com variações entre 16,18%, em Goiânia e 67,38%, em Curitiba. A intensidade das chuvas vem prejudicando a produção.
Tomate, feijão, carne e arroz destacaram-se pelo predomínio de retração em seus
preços na comparação com janeiro de 2009.
O tomate apresentou queda em todas as 17 capitais, com taxas expressivas variando entre -13,30%, em Manaus e -43,35%, em Aracaju. O tomate havia subido muito durante boa parte de 2009 em função do clima desfavorável e redução da oferta. Desde o final de novembro, com a safra maior, os preços caíram.
Também o feijão ficou mais barato em todas as cidades pesquisadas. A menor redução ocorreu em Belém (-19,28%) e as maiores foram apuradas em Florianópolis (-51,28%) e Curitiba (-51,79%). No início de 2008 houve escassez do produto, resultando em aumento substancial. Os produtores, dado o preço elevado, aumentaram a área plantada, o que resultou em grande safra, e provocou a redução.
O preço da carne caiu em 14 capitais, em especial, em Vitória (-12,98%), Belo Horizonte (-12,61%), Goiânia (-12,06%) e Florianópolis (-11,44%). Os aumentos foram anotados em João Pessoa (5,32%), Aracaju (3,31%) e Recife (0,27%). Apesar de ser período de safra da carne e haver predomínio de redução do preço, já se nota um processo de alta na variação mensal. O Brasil é um dos grandes exportadores do produto e com a demanda mais aquecida e câmbio mais favorável, houve aumento das exportações.
O arroz também apresentou recuo em seus preços em 14 localidades, com as
maiores reduções observadas em Aracaju (-30,47%), Belém (-21,18%), Curitiba (-18,18%) e Recife (-17,80%). Os aumentos ocorreram em Porto Alegre (5,91%), São Paulo (1,00%) e Belo Horizonte (0,49%). Apesar de os preços terem reduzido em um ano, no mês as altas predominaram, pois as intensas chuvas vêm prejudicando a safra do arroz, além de haver dificuldade para o transporte pela precariedade das estradas vicinais, o que contribui para a elevação dos preços.
São Paulo
A capital paulista continuou a apresentar, em janeiro, o segundo maior valor dentre
as 17 capitais onde o DIEESE realiza, regularmente, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica.
Seu custo correspondeu a R$ 225,02, com um recuo de 1,39%, em comparação com
dezembro e de 6,84%, em relação a janeiro de 2009. Dos 13 produtos que compõem a cesta básica pesquisada em São Paulo, seis tiveram queda: tomate (-19,08%), banana nanica (-4,17%), óleo de soja (-3,64%), farinha de trigo (-2,97%), feijão carioquinha (-0,84%) e café em pó (-0,16%). O preço da carne bovina de primeira manteve-se estabilizado. Elevações foram apuradas para outros seis produtos: batata (6,90%); arroz agulhinha tipo 1 (6,88%); manteiga (5,00%); leite in natura integral (2,48%); açúcar refinado (1,03%) e pão francês (0,66%).
Em comparação com janeiro de 2009, nove itens registraram retração em seus
preços, em alguns casos, bastante significativas: feijão (-43,75%); café (-18,64%); farinha de trigo (-17,92%); tomate (-13,91%); banana (-13,11%); manteiga (-9,60%); carne (-5,83%); óleo de soja (-4,80%) e pão (-3,02%). Apenas quatro itens registraram alta em seus preços, a principal notada no açúcar (54,33%). Também aumentaram a batata (29,17%), o leite (8,51%) e o arroz (1,00%).
O trabalhador paulistano cuja remuneração equivale ao salário mínimo necessitou
cumprir, em janeiro, uma jornada de 97 horas e 04 minutos para adquirir o conjunto de bens de primeira necessidade. A mesma compra demandava, em dezembro de 2009, cerca de 11 horas a mais, ou seja, 107 horas e 58 minutos. Em janeiro de 2008, o tempo de trabalho necessário para a mesma compra chegava a 128 horas e 2 minutos.
Comportamento equivalente é observado quando se considera o valor do salário
mínimo líquido – após o desconto da parcela referente à Previdência Social. Em janeiro último - já com o salário mínimo reajustado para R$ 510,00, e o líquido correspondendo a R$ 469,20 – a compra da cesta exigia 47,96% do rendimento, enquanto em dezembro eram necessários 53,34%, e em janeiro de 2009 o comprometimento chegava a 63,26% do mínimo líquido.
Fonte: Dieese
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