Recorde de dentistas no país dos banguelas
Por Andrea Dip
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O Brasil é o país com maior número de dentistas no mundo: tem cerca de 250 mil profissionais na área – três vezes mais do que o número ideal recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi o que concluiu um estudo promovido pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), batizado de “Perfil Atual e Tendências do Cirurgião-dentista Brasileiro”, lançado este mês.
Mas, infelizmente, esses dados não se refletem em saúde bucal da população. Números do próprio Ministério da Saúde apontam que quase um terço da população (60 milhões de pessoas) nunca fez tratamento dentário (os números são de 2003, ano do último balanço). E se o novo estudo aponta que as faculdades de odontologia deverão despejar mais 8 mil profissionais por ano no País, três em cada quatro idosos com mais de 65 anos não têm mais nem um único dente na boca, segundo os números oficiais. A situação é tão crítica que, em 2004, o Governo implantou o programa Brasil Sorridente, com a abertura de centros de tratamento para prevenção e orientação sobre higiene bucal. Ainda assim, em 2008, 58% dos brasileiros não tiveram acesso a escovas de dente.
Mas como explicar essa disparidade? Segundo a professora da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, e pesquisadora do Observatório de Recursos Humanos Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), Maria Celeste Morita, que participou da pesquisa sobre dentistas, o Brasil tem uma realidade complexa, com excesso e falta de profissionais ao mesmo tempo: “No Brasil, há locais onde a proporção de população por profissionais é de um dentista para mais de 40 mil habitantes. Nosso problema não é a quantidade de profissionais, mas sim a distribuição deles no interior do País.” Ela fala principalmente da grande concentração de dentistas nas regiões Sul e Suldeste, que abrigam 75% de todos os profissionais da área. “Há um aumento da oferta de cursos de Odontologia na região Sudeste. O estudo mostra que 86% dos profissionais iniciam sua vida profissional no mesmo estado em que fizeram sua graduação”, completa Maria Celeste. “Outro fator que conta para esse desequilíbrio está ligado à desigualdade de distribuição de renda no Brasil. “Durante muito tempo, o atendimento odontológico não foi considerado prioritário, ficando sob a responsabilidade do cidadão arcar com despesas com saúde bucal”, explica a professora. ( ler mais )
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