terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Inflação e a crise econômica

por Almir Cezar

A inflação foi maior sobre os mais pobres

Um dos viés da atual crise econômica mundial - além de financeira e energética, e de ser alimentícia-agrícola, em torno a alta das commodities.

A prova foi a alta do IPCA (índice de preços ao consumidor no atacado - índice de inflação apurado pelo IBGE) sobre os mais pobres. O índice apurado pelo IBGE (instituto brasileiro de geografia e estatística) veio baixo e, no final, o IPCA fechou 2008 em 5,9%, dentro do intervalo da meta de inflação, cujo teto era de 6,5%.

Contudo, o calculado pelo grupo de renda até 2 salários mínimos, deu 7,5%. Isso não tem nada de manipulação. Expressa apenas o fato de que o item alimentação puxou a inflação para cima e, como os gastos dos mais pobres com alimentos são, na regra geral, proporcionalmente maiores (proporcionalmente ao total da renda), a inflação do grupo ficou mais elevada. Por isso a impressão que houve uma maior alta nos preços do que o divulgado, até porque, os alimentos são produtos que as pessoas conseguem acompanhar melhor o preço no seu dia-a-dia.

A aceleração da alta da inflação é apenas a primeira forma de transferência da crise aos trabalhadores

Isso quer dizer, que um dos mecanismos de transferência da crise econômica do capital aos trabalhadores passa inicialmente pela inflação. Agora, como o preço das commodities estão caindo no mundo inteiro - o índice ainda não conseguiu captar essa tendência devido a defasagem temporal - a crise se transveste, muda de forma, de inflação para crise de desemprego.

Com a queda das vendas e das receitas (provocada tanto pela queda nas vendas como no preço unitário dos produtos), os capitalistas obterão menores lucros. O que lhes pressionam a reduzir a quantidade de funcionários trabalhando, tanto pela necessária redução do volume de produção, como para aumentar a eficiência e produtividade por cada trabalhador que se tem empregado, a fim de reduzir os custos da empresa.

É preciso lembrar, o que move os capitalistas, são seus lucros. O lucro é a diferença entre receitas e custos. Menor receita, mas mesmo nível de custos, menor o lucro. Menor receita, mas um nível menor de custos, mantém-se o nível de lucro.

Um forma de manter o lucro, se está ocorrendo um processo de queda das taxas de lucros, é aumentar o preço unitário do seu produto. Mas isso só ocorre se o setor da economia onde a empresa atua é de monopólio, pois assim, não há concorrente com preço menor que substituiria na preferência do consumidor.

Nas últimas décadas a economia de maneira geral, e na agricultura particularmente, onde o fenômeno estava mais atrasado, passou por um profundo processo de monopolização, passando a ser controlado por empresas como Bunge, Cargill, Monsanto, Nestlé, etc, e pelo agronegócio, grandes fazendeiros monocultores. Que ainda tiveram o apoio do sistema financeiro para isso, com o aprofundamento da bolsas de mercadorias e futuros, e a commoditização dos produtos agrícolas.

Agora que eles têm prejuízos, descontam nos trabalhadores.

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