quarta-feira, 22 de junho de 2011

Endividamento externo cresce. Setor privado responde pelo aumento da dívida

País acumula rombo externo de US$ 300 bi, valor que equivale à diferença coberta por capitais externas entre 2003 e 2010. O endividamento externo cresceu 42%, sendo que o setor privado respondeu por 63% do aumento de US$ 84 bi da dívida.

Enquanto o saldo comercial responde por US$ 259,7 bilhões, ou 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado do período, o déficit da balança de serviços no mesmo intervalo é de US$ 341,2 bilhões, ou 3,5% do PIB.A diferença precisa ser financiada pela entrada de divisas, atraídas pelos juros mais altos do planeta. Esse saldo atinge US$ 299,2 bilhões, somando-se investimentos diretos e indiretos de estrangeiros.

Mesmo com o saldo de reservas de US$ 288,6 bilhões (em 2003 as reservas de divisas brasileiras eram de US$ 37,8 bilhões), o Brasil está no limite da crise cambial, em função do déficit nas transações correntes. Isso porque o país está sendo financiado pelos investimentos externos em função dos juros altos, não pelo seu comércio exterior. Com qualquer susto do mercado financeiro a explosão será inevitável.

País acumula rombo externo de US$ 300 bi
 Monitor Mercantil, 16/06/2011



Valor equivale à diferença coberta por capitais externas entre 2003 e 2010


Entre 2003 e 2010, as reservas de divisas brasileiras saltaram de US$ 37,8 bilhões para U$ 288,6 bilhões. No entanto, enquanto o saldo comercial responde por US$ 259,7 bilhões, ou 2,66% do Produto Interno Bruto (PIB) no acumulado do período, o déficit da balança de serviços no mesmo intervalo é de US$ 341,2 bilhões, ou 3,5% do PIB.

A diferença precisa ser financiada pela entrada de divisas, atraídas pelos juros mais altos do planeta. Esse saldo atinge US$ 299,2 bilhões, somando-se investimentos diretos e indiretos de estrangeiros.

Em seu site, o economista Ricardo Bergamini, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) alerta para o risco dessa desproporção: "Mesmo com o saldo de reservas de US$ 288,6 bilhões, o Brasil está no limite da crise cambial, em função do déficit nas transações correntes. Isso porque o país está sendo financiado pelos investimentos externos em função dos juros altos, não pelo seu comércio exterior. Com qualquer susto do mercado financeiro a explosão será inevitável."

Já o professor Plínio de Arruda Sampaio Júnior, da Universidade de Campinas (Unicamp), não vê risco iminente, mas "estrutural e cada vez mais latente". Para Sampaio Jr., as reservas protegem o Brasil de eventuais turbulências, mas no momento de uma crise sistêmica o país sofrerá forte fuga de capitais:

"São as tendências estruturais que vão minando o país pouco a pouco, como a desindustrialização", comparou, lembrando que, se no curto prazo, o "risco Brasil" está abaixo do norte-americano, no médio e longo prazos "estamos a anos luz de chegar ao patamar dos EUA".

"Ou seja, o próprio mercado reconhece que somos o centro da especulação. Não fomos nós que melhoramos, mas os EUA é que caíram para uma situação gravíssima", resumiu.


Endividamento externo cresce 42%
Monitor Mercantil,17/06/2011

Endividamento externo cresce 42%. Setor privado responde por 63% do aumento de US$ 84 bi da dívida

De acordo com o Instituto para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi), de janeiro de 2009 a abril de 2011, o endividamento externo do país cresceu US$ 84,1 bilhões ou 42,4%.

E o setor privado respondeu pela maior parte. Enquanto a dívida do governo aumentou 8,7%, as captações dos bancos (mais 63,%) - cuja participação no total passou de 37,4% para 42,8% no mesmo período - o endividamento das empresas não financeiras subiu 51,8%.

Os dados não incluem a dívida decorrente de empréstimos intercompanhias, que cresceram US$ 38,2 bilhões, ou 59,2%.

"No total, a dívida externa brasileira foi ampliada no período pós-crise em US$ 122,3 bilhões ou 46,5%.", contabiliza o Iedi, acentuando que o endividamento em moeda estrangeira "é um destacado componente da fragilidade financeira potencial das empresas brasileiras diante de um eventual choque externo".

Para o economista Fernando Ferrari, da Associação Keynesiana do Brasil (AKB), "tudo leva a crer que o problema cambial vai se resolver pela crise".

Para Ferrari, enquanto o governo "faz vista grossa", a tendência é que as empresas se endividem cada vez mais no exterior: "Pois lá fora o juro é mais baixo e o viés para o dólar é de queda."

O economista da AKB destaca, ainda, que as empresas que têm capacidade de alavancagem no exterior, "seja de forma mascarada, para diminuir o lucro tributável, seja para financiamento mesmo", tendem a seguir aumentando suas dívidas, que são avalizadas pelo governo.

"Em caso de crise, os problemas serão repassados ao governo", resume o economista, acrescentando que o fluxo cambial já vem apresentando queda significativa.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

EUA se juntam a Grécia e Irlanda

A crise econômica mundial iniciada em 2008 assumiu uma nova face, como grave crise fiscal dos Estados. A insolvência dos Estados Nacionais, provocada pela botim dos rentistas, banqueiros e financistas em geral - aqueles mesmos que foram socorridos em 2008/2009 - ameaça não apenas a periferia da União Européia, os PIIGS (Portual, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), mas o próprio centro do sistema mundial capitalistas, os EUA, algo nunca visto, nem mesmo na Crise de 29.

Catastrofismos à parte, se eventualmente os EUA recorrerem ao FMI ou derem calote, estaremos às vésperas de uma crise muitíssimo maior do qualquer outra vivida pelo Capitalismo. A oposição se aproveita politicamente toda vez que ocorre essa votação sobre aumentar limites para o endividamento. Na verdade, tentam tirar dividendos políticos, passar a idéia de que o governo está gastando demais. O mais provável é o Congresso estadunidense subir o teto legal de endividamento público, à custa de grandes cortes orçamentários e de direitos sociais, a exemplo do que faz a Grécia e outros países europeus, como Portugal. Contudo, isso provocará uma forte retração da demanda agregada, ainda não totalmente recuperada da depressão de 2008, empurrando o país ainda mais para a Crise.

EUA se juntam a Grécia e Irlanda
Monitor Mercantil, 17/06/2011


O diretor do departamento de mercados monetários e de capital do FMI, Jose Vinals, diz que se entrou "claramente numa nova fase da crise global, ou seja, da fase política da crise" e alerta contra a falta de liderança política no que respeita à crise da dívida europeia.

Vinals disse que os quatro países que mais trabalho terão a fazer para restaurar as contas públicas e reduzir a dívida são "a Grécia, a Irlanda, o Japão e os Estados Unidos".

O relatório Monitor Fiscal, do FMI, avalia que, se o Congresso norte-americano não aprovar a ampliação da dívida do país, "existe um risco de enorme reação adversa do mercado". "Manter a emissão líquida de dívida em zero iria requerer cortes de gastos irreais no resto do ano fiscal", diz o documento.

O teto da dívida dos Estados Unidos já foi elevado 70 vezes na história. Nos últimos dez anos, o limite legal foi ampliado dez vezes. "Nós temos 187 países-membros. Estamos prontos a emprestar para todos eles, mas os EUA não precisam do apoio do FMI", disse o diretor de assuntos fiscais do Fundo, Carlo Cottarelli.

Economia dos EUA segue ladeira abaixo
Monitor Mercantil,15/06/2011


Nova York (EUA) - Os temores sobre a economia norte-americana continuaram a crescer com novos dados divulgados, apontando números desapontadores para a indústria e a inflação se acelerando para o maior patamar em quase três anos.

Além disso, a confiança dos construtores atingiu o menor patamar desde setembro passado, indicando que o setor, fundamental para a retomada da economia, vai continuar a derrapar.

A combinação de dados, associada aos temores cada vez maiores de um calote da Grécia, derrubou as Bolsas mundiais.

Obama alerta para risco de colapso nos EUA
Rogério Lessa, Monitor Mercantil,14/06/2011


O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, afirmou que o impasse sobre dívida pública, que atingiu o limite de US$ 14,3 bilhões em maio, pode gerar novo colapso econômico de proporções mundiais, num mome nto em que o país vive tímido compasso de recuperação. O governo precisa elevar o teto da dívida do país até 2 de agosto, data limite estipulada pelo Congresso.

"Não quero ver os EUA declarando default (moratória) de nossas obrigações", declarou o presidente.

Já o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, disse que encontrou "formas paliativas" para manter as operações governamentais por mais dois meses antes de o governo declarar moratória de suas obrigações.

O economista Adriano Benayon, da Universidade de Brasília (UnB), não crê que o impasse se materialize, mas recomenda acompanhar o comportamento do ouro até a decisão do congresso americano. Nesta terça-feira, o ouro fechou cotado a US$ 1.523,80, em alta de 0,89%.

"A oposição se aproveita politicamente toda vez que ocorre essa votação sobre aumentar limites para o endividamento. Na verdade, tentam tirar dividendos políticos, passar a idéia de que o governo está gastando demais", disse, lembrando que o Tesouro dos EUA já interrompeu a operação de recompra de títulos, que provocou aumento substantivo da liquidez em nível mundial.

"A declaração de Obama deve dar um novo impulso ao ouro, pois não há moeda em condições de substituir o dólar", resumiu o economista.

sábado, 18 de junho de 2011

1ª RAC – Pela Moradia discute criação de agência de notícias sobre a luta por moradia

No ultimo dia 06 de junho, no IFCS/RJ, foi realizada a primeira RAC (Reunião Ampliada de Comunicadores/as) do coletivo Pela Moradia. O objetivo do encontro foi debater a importância da comunicação para o fortalecimento da luta por moradia e ampliação das mobilizações em torno desta bandeira. A reunião contou com a presença de diversos militantes ligados à luta pela democratização da comunicação e por uma cidade mais justa, como o Centro de Mídia Independente, Espaço IP, Justiça Global, Jornal Cidadão, Blog Limiar e Transformação, Agência Pulsar, Fase, MNLM, Universidade Nômade, Rádio Madame Satã, Radio Pulga entre outros.

No encontro foi debatida a importância da criação de uma agência de notícias sobre as lutas ao redor do direito à moradia. Foi encaminhado também a construção de cartografias que sirvam para a denúncia dos impactos sobre a moradia popular e as mobilizações que têm foco nesse tema. Além de questões internas visando a organização do embrião dessa agência de notícias, foram divididas também algumas atividades a serem cobertas.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Regulação e lei do valor, por Eugeni Preobrazhensky - equilíbrio, planejamento e Estado

por Almir Cezar

A "lei do valor" é o centro do pensamento do economista comunista Eugueni Prebrazhenski (1886-1937). A "lei do valor" de que tanto Eugueni Preobrazhenski, se refere em suas obras, é aquela mesa categoria largamente utilizada pelos marxistas que lhe era contemporâneo. Eles tratavam do valor-trabalho de Marx e Engels como sendo o mecanismo de regulação da dinâmica do sistema capitalista. O valor-trabalho acaba regulando a distribuição do produto e da mais-valia entre os vários capitais, setores, regiões e classes, garantindo que a realização do produto também se dê em correspondência com a produção/geração de valores.

Tal ideia se combina diretamente com os ciclos, à medida que essa regulação também reflete as oscilações periódicas na geração e realização dos valores. Assim podemos falar em "equilíbrio". Mas não no sentido neoclássico. Estaria mais para equilíbrios dinâmicos, ou equilíbrios múltiplos e desequilibrados, pois não implica na correspondente alocação "ótima" dos fatores de produção, à medida que a geração de valores não implica necessariamente na constituição da capacidade de realização de valores. Circunstância criada tanto pela livre acumulação de capitais, como pela sua limitação/restrição.

É essa situação que dá importância o planejamento econômico. O planejamento permitiria aos sujeitos econômicos prever/antecipar-se a essas situações e circunstâncias, criando mecanismos e/ou intervenções corretivas preventivas. Por meio da destruição de capitais excedentários, da pseudo-validação de capitais fictícios ou da transferência de capitais de um setor para outro. E frequentemente o Capitalismo o faz, tanto com o planejamento privado ou público. Mas através de regulação por meio de mecanismo de governança econômica pública/estatal ou a para-estatal (cartéis, trustes, etc).

terça-feira, 14 de junho de 2011

Filosofia das Ciências Sociais: O Trabalho e a Dialética segundo Marx e Engels

por Almir Cezar Filho

A dialética se opõe à metafisica e ao idealismo por completo. Engels e Marx “pegam o ‘núcleo racional’ de Hegel, mas rejeitam a sua parte idealista imprimindo-lhe um caráter científico moderno".

Primeiramente, para o Idealismo as coisas da realidade são reflexos das idéias. Durante séculos, a filosofia e em conseqüência a ciência, por sua vez as ciências sociais, seguiam tal visão, ou o Materialismo. E para Materialismo, o método frequentemente usado para se opor, as coisas constitui o elemento primário sendo que as idéias que se produzem são apenas o reflexo automático do real, mas tal forma de ver, permite a conclusão que as idéias representam fielmente o mundo material.

Hegel inova trazendo a filosofia e logo para a ciência social, a idéia da dialética. No idealismo dialético de Hegel o movimento das coisas é o resultado das contradições que existem nas idéias. O movimento se dá pela existência de contradições, logo de oposições. Opondo-se a Hegel, o filósofo Ludwig Feuerbach afirma que o movimento das coisas constitui o elemento primário e as contradições que se produzem nas idéias são apenas o reflexo automático do movimento real. Karl Marx e, seu parceiro intelectual e de lutas, Friedrich Engels, descobrem a partir da síntese dos métodos anteriores, o Materialismo Dialético, que afirma que o movimento das coisas constitui o elemento primário e as contradições que se produzem nas idéias são apenas o reflexo do mundo real, mas Marx lembrando bem, pode interferir no mundo real a partir dos sujeitos portadores dessas idéias.

sábado, 11 de junho de 2011

A utilidade do estudos teórico da Economia Soviética, por Preobrazhensky

por Almir Cezar

Seguindo nas comemorações dos 80 anos de publicação do livro O Declínio do Capitalismo do revolucionário e economista russo Eugueny Preobrazhensky, disponibilizaremos algumas de suas obras mais significativas. No artigo a seguir, A Utilidade dos Estudos Teóricos da Economia Soviética, publicado originalmente na revista Bolchevik,  número 15-16,  o autor apresenta 6 anos antes seu método analítico que culminará no livro de 1931.

Preobrazhenky prossegue as questões metodológicas apresentadas no livro A Nova Econômica, em destaque a importância da análise das relações sociais presentes na URSS para o estudo do Socialismo,seu programa de pesquisa sobre crise e desenvolvimento capitalista e a gênese da economia socialista e procura responder a algumas críticas ao seu livro. Também apresenta uma crítica a continuidade da NEP, e a linha oficial do PCUS, de que a URSS já seria um país socialista, não necessitando  para a constituição do caráter socialista da revolução russa d expansão da industrialização, da implantação planejamento central e da vitória da revolução mundial.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

BC volta a reajustar valor do "Bolsa Juros"

A saída de Palocci foi usada para a grande mídia para encobrir a volta do aumento da taxa de juros básica. Em reunião encerrada nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) voltou a subir a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira em 0,25 ponto percentual, passando de 12% para 12,25% ao ano. Com isso, os juros permanecem no patamar mais alto desde janeiro de 2009. Esse é o quarto aumento seguido da taxa de juros, que vem subindo desde o início do ano, com a finalidade de conter pressões inflacionárias.

“Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional, o comitê entende que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012”, argumentou a autoridade monetária, em nota.

BC volta a reajustar valor do "Bolsa Juros"
Monitor Mercantil, 08/06/2011

Munhoz: ‘Selic é correção monetária para rentistas’

NEM INFLAÇÃO EM QUEDA IMPEDE COPOM DE AUMENTAR SELIC PELA 4ª VEZ NO ANO

Ignorando a contínua queda da inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) aumentou, por unanimidade, em 0,25 ponto a taxa básica de juros (Selic). Foi a quarta alta consecutiva, levando a Selic para 12,25% ao ano. No início do governo, a taxa estava em 10,75% ao ano.

O economista Dércio Garcia Munhoz, da Universidade de Brasília (UnB), lamenta que o BC "não esteja resistindo à pressão" e tenha desistido de abandonar a linha do ex-presidente Henrique Meirelles, baseada apenas na alta dos juros para enfrentar a inflação.

"Mais grave é que em junho, julho e agosto do ano passado a inflação estava perto de zero, o que vai gerar uma aparência de retomada dos preços. Pode ser a senha para novos aumentos", alertou.

O economista da UnB afirmou que a Selic "não passa de correção monetária para rentistas", pois, observa Munhoz, juros altos alimentam a inflação. "Os empresários repassam para o preço esse aumento de custos, mecanismo duplamente perverso. Primeiro por punir o consumidor. Depois porque gera recessão e, por conseqüência, derruba o salário e a oferta de empregos", enumera.

Munhoz, que já presidiu o Conselho Federal de Economia (Cofecon), lembrou que a indústria ainda não voltou ao nível de produção de setembro de 2008. E, portanto, não há pressão de demanda sobre os preços:

"O consumidor acaba pagando pelo aumento de juros nos empréstimos à pessoa física e à pessoa jurídica. É uma brutal transferência de renda em favor de bancos e rentistas", diz, lembrando o impacto dos juros também nas contas públicas, já que elevam a dívida interna.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ocupações do espaço urbano na Cidade do Rio: grupos de trabalhadores moradores na Região Central e os atingidos pelos Projetos Porto Maravilha e Morar Carioca (SMH)

Estudos sobre Habitação no Rio de Janeiro

Diálogos sobre a questão da moradia popular no Rio de Janeiro

Ocupações do espaço urbano na Cidade do Rio de Janeiro: grupos de trabalhadores moradores na Região Central e os atingidos pelos Projetos Porto Maravilha e Morar Carioca (SMH)


Eduardo Araujo
Historiador e integrante da Frente de Resistência Urbana

Sérgio Pereira
Historiador e Educador

Perscrutar, pesquisar meticulosamente, abordar um assunto de modo atencioso, por todos os lados. Dotado desse objetivo, nos intrometemos pelos caminhos outrora sinuosos da orla da Gamboa, que no olhar de uma viajante estrangeira, a inglesa Mary Graham, na década de 1820, considerava a mais linda visão da Baia da Guanabara ““.

Localizava-se no Morro do Pinto. Parece que os moradores da época, até avançando bem meados do século XIX, não diferenciavam muito distintamente de o morro do Pinto ao conjunto de colinas onde se instalou, e é registrada historicamente como, a primeira favela brasileira.

Ali, antes de a palavra favela (slum em inglês, e lá na Inglaterra já registrada com esse conceito, pra esse sentido, há mais de 200 anos, e tema vigorosamente descrito e bem abordado, e para as condições da estatística do período, bem detalhada em dados, por Frederic Engel em A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra, texto referência para aqueles que estudam desde então a questão das condições de moradia dos trabalhadores sob o capitalismo) vir a conceituar o que hoje são espaços que servem como moradia geralmente precária em serviços públicos, sem titulação de propriedade, sem regularização fundiária, em regiões não dotadas de plano urbanístico.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A regulação econômica pela “lei do valor” por Eugeni Preobrazhensky


Eugeni Preobrazhensky


por Almir Cezar Baptista Filho

Em 2011 uma dos clássicas do marxismo do século XX  completa 80 anos, O Declínio do Capitalismo de Eugeni Preobrazhensky. Se O Declínio do Capitalismo é seu último livro,  quase um síntese e "gran finale" de todo o seu trabalho intelectual, será 5 anos antes em A Nova Econômica de 1926 que exporá seu programa de pesquisa sobre crise e desenvolvimento capitalista e a gênese da economia socialista, que se centra na questão da regulação econômica pela "lei do valor trabalho".

O livro A Nova Econômica, ou no original Novaia ekonomika: Opy t teoreticheskogo analiza sovetskogo khoziaistva (Nova econômica: uma tentativa de uma análise teórica da economia soviética) é considerado sua melhor obra, embora seja o livro O ABC do Comunismo co-escrita com Nikolai Bukharin a mais conhecida. Seu Capítulo II foi publicado pela primeira vez como artigo em agosto de 1924, em Moscou, constituiu um dos principais textos do período, tratando-se uma das mais audaciosas e mais profundas obras de análise teórica da economia soviética do período dos anos de 1920, época pautada pela transição da economia nacional de uma economia capitalista subdesenvolvida ao socialismo.

Contudo, tanto sua obra como o autor sofreram um processo orquestrado de invisibilidade. A começar pela intelligentsia comunista e pela Academia burguesa, tudo porque esse autor além de co-liderar a revolução russa de "Outubro" de 1917 foi uma das principais lideranças da oposição ao regime stalinista, junto com o também execrado Léon Tróstki. Apesar disso, a militância e intelectualidade trotskista infelizmente também o ignoram, com um severo prejuízo a sua formação em Economia Política.

domingo, 5 de junho de 2011

RJ: Não à repressão aos bombeiros! Libertação dos presos já!

RJ: Não à repressão aos bombeiros! Libertação dos presos já!

Ato público em defesa dos bombeiros e contra a repressão de Sérgio Cabral ocorre neste dia 5, a partir das 9h, na ALERJ



DA REDAÇÃO, Opinião socialista online
 


• As cenas da brutal repressão da polícia de Sérgio Cabral (PMDB) aos bombeiros mobilizados no Rio chocaram o país. O Bope atacou os trabalhadores com violência e, segundo a deputada estadual do PSOL, Janira Rocha, que estava no local, com tiros de fuzil. Mulheres e crianças também estavam no local e uma tragédia poderia ter acontecido. Agora, 439 trabalhadores estão presos e indiciados em crimes que podem levar a até 12 anos de prisão.

É preciso o total e imediato repúdio de todas as organizações classistas e populares a esse ato bárbaro de Sérgio Cabral, que representa mais um passo na criminalização dos movimentos sociais no estado, a exemplo dos 13 manifestantes detidos durante um protesto contra a visita de Obama ao Brasil, em março.

A Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, que esteve reunida durante esse dia 4 de junho em São Paulo, aprovou uma moção de repúdio à repressão. Nesse dia 5, domingo, a categoria realiza um ato público na Assembleia Legislativa do Rio contra as prisões. A CSP-Conlutas e o PSTU-RJ apoiam incondicionalmente a mobilização.

Leia a nota:

Bombeiros do RJ são presos violentamente; imediata libertação


O governador Sergio Cabral mandou prender 2.000 bombeiros no Rio de Janeiro, que ocuparam ontem à noite o Quartel Central dos Bombeiros, com esposas e crianças. Hoje, às 6h10, o BOPE invadiu o local usando bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo e prendeu 600 bombeiros. Uma criança de dois anos foi hospitalizada por ter inalado gás.

Após quase um mês em greve, os bombeiros haviam suspendido a paralisação e aguardavam uma negociação com o governo por melhores condições de trabalho e reajuste salarial, uma vez que recebem o piso mais baixo do país, R$ 986,00. Eles reivindicam R$ 2 mil de salários.

ACSP-Conlutas repudia veementemente esse ato arbitrário e violento do governo do Rio de Janeiro. Os bombeiros prestam um serviço essencial à sociedade e de risco, por isso não podem receber salários aviltantes e trabalhar em péssimas condições.

Exigimos a imediata libertação dos presos e nenhuma punição aos bombeiros em luta; abertura de negociação, com o atendimento das reivindicações da categoria.

CSP-Conlutas

sábado, 4 de junho de 2011

Racismo e socialismo

por Almir Cezar

Um tema que inquieta os militantes negros marxistas e socialistas em geral: no Socialismo haverá ainda racismo ou qualquer outra forma de discriminação ou preconceito? Podemos infelizmente dizer que sim., por uma série de motivos, em uma espécie de "herança maldita do capitalismo". Porém, apenas com o advento desse novo sistema sócio-econômico será possível superá-lo em definitivo na sociedade humana.

As contradições primárias e secundárias

Existem contradições primárias e secundárias, ambas se desenvolvem sempre de maneira combinadas e desiguais. As contradições primárias são aquelas básicas em um sistema, que têm implicações gerais, totalizantes; logo têm mais importância que as secundárias, até por suas próprias implicações. Frequentemente originam as secundárias, quando não absorvem, ou a retroalimentam, quando a precedem temporalmente.

Por sua vez, as contradições secundárias, frequentemente só existem, ou melhor, continuam existindo diante da contradição primária, porque mesmo que tenha caráter contraditório a essa, de fato não se opõe, não interferem em sua existência. O caso do racismo, da discriminação racial e da desigualdade racial e o capitalismo é um caso emblemático que demonstra o fenômeno dialético mencionado acima.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Balanço da alta dos juros: Governo errou a dose, inflação caí sozinha e indústria desacelera

Balanço da alta dos juros: Governo errou a dose, inflação caí sozinha e indústria desacelera
Seguindo o roteiro atual o governo "exagerou na dose", na melhor das hipóteses, ou o "remédio" para tentar trazer a inflação de volta para a meta. 

Na verdade, era preciso ter encontrado outros mecanismos para enfrentá-la, até porque sua causa não era o sobre-aquecimento da atividade econômica, mas sim a alta dos preços em alguns setores, especificamente das commodities e combustíveis.O governo aumenta juros, gera benefício para o rentismo, valoriza o câmbio e as empresas aplicam no mercado financeiro e/ou importam. 

A conseqüência do erro é a redução do investimento e do nível de atividade econômica geral. 


Preços de commodities têm queda de 4,47% em maio
Agência Brasil, 01/06/2011


O Índice de Commodities Brasil (IC-Br), divulgado hoje pelo Banco Central, registrou queda de 4,47%% em maio deste ano, ante o mês anterior. No acumulado do ano até maio, houve alta de 3,04%. Em 12 meses encerrados em maio, o índice aumentou 31,29%.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Entenda a crise econômica em Portugal

O jornalista Marcelo Bernardes ouviu o cientista político português Miguel Soares Domingues que dá sua opinião sobre a grave crise econômica no país europeu. Para ele, a crise não é um desdobramento da crise financeira de 2009 iniciada nos EUA ou da crise da dívida grega de 2010 e sim um reflexo de que em Portugal se constituiu um padrão de desenvolvimento econômico e social dependente, baseado num crédito exterior (endividamento), e que desde 1964 Portugal deixou de ser um país soberano para ser um Estado que se submete a decisões econômicas que flutuam com os mercados financeiros do mundo.

Entenda a crise econômica em Portugal
Marcelo Bernardes, Monitor Mercantil - 23/05/2011


Paris - Corrupção, má utilização de recursos financeiros e de fundos econômicos europeus levou Portugal a uma situação econômica semelhante a que passou pelos anos de 1910. Atualmente, aquele país tem um déficit em torno de 125% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme disse ao MONITOR MERCANTIL Miguel Soares Domingues, estudioso do assunto com Licenciatura em Ciências Políticas pela Universidade de Lisboa, Portugal, para quem essa má gestão econômica levou a "jovem democracia portuguesa à bancarrota".