sábado, 26 de setembro de 2020

ECONOMIA | “Por que o preço da comida sobe?” Sem estoques e com 10 empresas detendo a comercialização, preços explodem. Veja os motivos em 6 pontos:

Agência ANOTA - O arroz é um símbolo da alta de preços dos alimentos, mas não é o único “vilão”. Feijão e óleo de cozinha, por exemplo, também subiram. Mas é falsa a explicação de que a alta dos preços tem ligação com a renda emergencial, que teria feito a população consumir mais alimentos.


A explicação vem sendo dada pelo presidente Jair Bolsonaro e ministro da Economia Paulo Guedes, com base ao uso incorreto da "lei da oferta e da procura", mas tenta esconder a omissão do governo e sua decisão de deixar os mais pobres à própria sorte, e não mexer nos interesses dos grandes fazendeiros, dos oligopólios atacadistas e exportadoras de commodities.

O aumento já vinha se desenhando desde antes da pandemia e, principalmente, o que ocorre é queda no consumo dos alimentos por parte da população, fato evidenciado pela volta da fome ao cotidiano nacional, como noticiado durante a semana.

Boa parte da responsabilidade é do governo Bolsonaro, mas também, das políticas neoliberais, estas  radicalizadas a partir de 2015 - mas que, bem verdade, as medidas (ou omissões) já vinham desde antes (mesmo nos governos Lula e Dilma).

Vejam a seguir o resumo dos motivos, em seis pontos:

1) destruição dos mecanismos de estoques reguladores de alimentos. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) tem, por exemplo, estoques de arroz equivalentes ao consumo de apenas um dia da população brasileira. A última vez que a União comprou arroz para formação de estoques reguladores foi no Governo Dilma, em 2015;

2) o governo, especialmente a gestão Bolsonaro-Guedes, desmontou instrumentos públicos como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) que, somados, contribuíam para incentivar a produção de comida fora do monopólio das grandes corporações;

3) atualmente, dez empresas privadas são responsáveis por toda a comercialização de arroz no Brasil;
4) os grandes produtores detêm hoje 4,2 milhões de toneladas de arroz em estoque, suficientes para abastecer por mais de cinco meses o mercado interno;

5) as grandes corporações dedicam a maior parte das terras de plantio, 60%, para a produção de commodities, ou seja, cereais como a soja, destinada à criação de gado, e outras, que não se destinam prioritariamente à alimentação das pessoas; (vale destacar que esse processo ocorreu também nos governos do PT, e antes deles);

6) nos últimos 20 anos, houve queda de 40% na área destinada a plantio de arroz.

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Foto: EBC
Dados: Conab, IBGE, MAPA, CNA.

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