quinta-feira, 3 de março de 2016

O perigo do novo libertarianismo econômico

Ensaio sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 2

por Almir Cezar Filho

Estou espantado com a quantidade de internautas e facebookianos que usam argumentos econômicos ultralibertarianianos, em sua maioria da Escola Austríaca. Ando muito preocupado. A maioria não têm formação/erudição universitária em Economia, especialmente graduação ou pós-graduação strito sensu, muito menos formação convencional com algum espaço às teorias críticas e heterodoxas. Não há nada de Economia, muito menos do velho Liberalismo em suas falas e textos. E mais, são um verdadeiro perigo à sociedade, pois difundem teses não apenas anti-intervencionismo ou antimarxistas, mas sim anti-econômicas e mesmo antiliberais.
 
A maioria desses inclusive emitem a impressão de nem ter tido contato com a Teoria Econômica Clássica e grande parte da Macroeconomia e Microeconomia Neoclássica. História e História Econômica, Sociologia passaram longe. Economia Politica quando muito misturada como se fosse HPE (História do Pensamento Econômica). E Teoria Marxista nem cheiro.

E nem são economistas no sentido convencional. A maior parte tem preparação profissional para outros ofícios, especialmente Engenharia, Administração. Consideram que basta para se expressar a sua leitura superficial de textos Monetaristas, Neoliberais e Libertarianismo à la Escola Austríaca. E quando argumentam, negam sem cerimônia fundamentos do Liberalismo que enfureceriam Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill.

Tudo que fazem é tecer loas ao livre mercado, como perfeito, e repudiar o "Estado Malvadão", e repetir cantilenas do tipo, Livre empreendimento, "Regulação é mal", etc. Em suma, 'egoísmo privado' e 'mão invisível'. Não sabem nada de imperfeições de mercado, planejamento, equilíbrio harrodiano, demanda efetiva, problemas de realização, externalidades, etc.

Mas no fundo, enquanto repetem jargões e enxertos extraídos dos livros Mises, Hayek, Rothbard, nem mesmo sabem à fundo sobre as teorias da Escola Austríaca. Muito menos em que contexto e em que debate se inserem. Menos ainda das críticas a elas. Uma lástima.

Não à toa que esses que usam dessa linguajar técnica muito são os mesmos que adoram tudo vinculado a nova moda conservadora brasileira. São o que alguns chamariam de coxinhas, 'bolsonetes', etc. São os 'mimimises', uma paródia em torno de seu novo amor a Von Mises. Em alguns casos, se comportam como haters e trolls.

Estou pensando em recolhê-las, fazer um catálogo delas refutando uma a uma, até mesmo usando teorias nem marxianas, até mesmo de tradição convencional da Economia, de porte Clássica e Neoclássica.

Quando comecei a pedidos de muitos amigos o blog Limiar&Transformação Econômica era para fazer um modesto contraponto ao que se lia e ouvia diariamente no jornalismo econômico brasileiro. Nessa perspectiva escrevi algumas coisas. E de lá me aventurei em "outros mares", como o quadro Economia é Fácil, do programa de rádio Censura Livre, transmitido aos sábados pela rádio Aliança FM 98,7, para São Gonçalo (RJ) e região.

Contudo, agora acho que o buraco é mais embaixo, e de certa maneira merece uma nova resposta. Comecei essa nova empreitada no artigo 'A utopia reacionária do livre mercado'. Porém, farei aqui vários artigos desconstruindo esse ultralibertarianismo.

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