sexta-feira, 23 de novembro de 2012

80% do crescimento do PIB teve origem agrícola

Está ocorrendo no Brasil, uma reprimarização relativa da economia, isto é, as atividades primárias (a agropecuária e extrativismo mineral e florestal produtor de commodities) voltam a ser motor principal da economia nacional, como o eram antes da fase de industrialização, ocorrida ao longo do século XX. Apesar, de que, eventualmente de gente ligado à terra achar isso bom, um suposta valorização das atividades agrícolas em proporção do PIB, de fato não o é. Envolve graves prejuízos aos trabalhadores, inclusive do campo.

Essa primarização, como era a do passado, é voltada à produção para exportação, portanto, dependente do mercado internacional. Todo o sacrifício das gerações anteriores está sendo jogados fora, em favorecimento do agronegócio/latifundiários e dos traders internacionais, não menos, com grandes lucros para os banqueiros, e contraditoriamente também para os industriais nacionais e as multinacionais. A única possibilidade real de gerar qualidade de vida para os agricultores familiares, artesões e assalariados rurais e populações tradicionais é com uma indústria nacional forte e autônoma, produtora de maquinário agrícolas e bens manufaturados para os trabalhadores do campo. Fora os riscos à segurança alimentar e nutricional com o predomínio ou hegemonia das atividades rurais pelo agronegócio.

País se torna cada vez mais agrário
Jornal Monitor Mercantil - 13/11/2012 

ANO PASSADO, 80% DO CRESCIMENTO DO PIB TEVE ORIGEM AGRÍCOLA 

Cerca de 80% do crescimento de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrado em 2011 tiveram origem na cadeia de produção de alimentos e de energia da biomassa. Da parte correspondente à agricultura, 60% foram produzidos no Centro-Oeste. Os dados, divulgados no Seminário "Centro-Oeste, Tempo 3: Bases para o Planejamento Estratégico do Desenvolvimento Sustentável", organizado pelo Fórum do Futuro, apontam para um país cada vez mais dependente do agronegócio. O evento discutiu justamente diretrizes para o desenvolvimento sustentável da região. Segundo o Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), nos próximos anos, caberá ao Brasil atender a cerca de 40% do incremento da demanda por alimentos do mundo.

De acordo com estimativas do fórum, é do Centro-Oeste que virá grande parte dessa produção, que aumenta com o passar dos anos. A Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), do Ministério da Integração Nacional, calcula um crescimento do PIB da região em 5,9%, de maio de 2011 a maio de 2012, mais do que o dobro do PIB brasileiro do ano passado. "O Centro-Oeste é uma das chaves que o Brasil tem e, talvez, a primeira a ser aberta. A região está crescendo em uma velocidade muito maior que o país. E precisa ter um debate para antecipar previsões sobre o futuro que estamos buscando", disse o ex-ministro da Agricultura Alyson Paulinelli, do conselho consultivo do Fórum do Futuro. Também ex-ministro da Agricultura e membro do fórum, o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, disse que, no mundo, não há política de segurança alimentar global. Para ele, apesar de as produções serem locais, o estoque de alimentos deveria pertencer ao mundo todo.

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