segunda-feira, 13 de abril de 2009

Spread alto leva a troca do comando do BB. Imprensa caí de pau no Governo

Ao confirmar a demissão de Antonio Lima Neto da presidência do Banco do Brasil, o governo anunciou ontem uma nova e agressiva fase para tentar derrubar os juros e os spreads bancários (diferença entre o custo de captação de dinheiro e a taxa dos empréstimos). O objetivo é provocar uma "guerra de preços" no mercado.

Para isso, explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, serão impostas ao novo comandante do BB, Aldemir Bendine, metas de dsempenho, uma espécie de contrato de gestão. Entre elas, acelerar as concessões de crédito e reduzir os custos de financimento. A intenção é fazer o BB influenciar os bancos privados.

Para Lula, a redução do spread bancário virou "uma obsessão”. A reação do mercado foi negativa: as ações do BB despencaram 8,15% na Bovespa, a maior queda do pregão. Segundo analistas, a troca mostra ingerência política do Planalto no banco.

‘Não agüentamos mais discutir com presidentes de bancos públicos, porque eles pensam que são presidentes de bancos privados" Ministra Di1ma Rousseff, segundo relato do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP)

O novo presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, foi apresentado ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e já ouviu dele que terá de cumprir uma espécie de contrato de gestão para conquistar mais espaço no mercado ampliando o crédito, oferecendo melhores condições e sendo mais agressivo na concorrência com outras instituições financeiras. O ministro prometeu que o maior banco federal não vai perder rentabilidade com a queda dos spreads porque vai aumentar seu volume de crédito.

A agressividade para ocupar mais espaço no mercado não significa, de acordo com Mantega, abrir mão de segurança e responsabilidade na administração do Banco do Brasil. Como exemplo, citou que a inadimplência do BB é cerca de metade da média do mercado. "O banco vai continuar tendo lucros. Os acionistas podem ficar tranquilos", prometeu o ministro da Fazenda. Mas tranquilidade foi o que faltou na manhã de ontem com a elevação da temperatura sobre os boatos da queda de Lima Neto. A assessoria de Mantega só confirmou a saída do presidente do BB perto do meio dia, quando anunciou uma entrevista do ministro. As ações do BB caíram 8,1% no pregão de ontem da Bovespa.

As críticas aos spreads encontram eco nos juros que o BB cobra das empresas. Apesar de ter o crédito mais barato entre os grandes bancos no desconto de duplicatas, na modalidade de conta garantida, por exemplo, o BB cobra em média 5,33% ao mês, bem acima de concorrentes privados, como ABN Amro/Real (2,86%) e Bradesco (3,80%). Os dados constam do ranking de juros do Banco Central. O BB fica atrás de Santander, HSBC e ABN, nessa ordem, na linha corporativa para aquisição de bens. Já em capital de giro o BB é competitivo: só Santander tem taxas melhores. O BB, nesse caso, é tão vantajoso quanto a Caixa.

Nas principais modalidades de crédito para o consumidor, como cheque especial e crédito pessoal, os juros do BB só são maiores que os da Caixa.

Estes, ao contrário dos grandes bancos privados, já reduziram as taxas para patamares inferiores aos de antes da crise global, seguindo orientação do governo. Na comparação entre agosto de 2008 — antes da explosão da crise — e março deste ano, a taxa máxima do cheque especial no BB caiu 0,65 ponto percentual, de 8,56% para 7,91%. As críticas ao banco se referem, porém, à decisão de aumentar os juros, que chegaram a 8,62% entre outubro e dezembro, no auge da turbulência, influenciando o resto do mercado.

— Não existe explicação técnica para os altos spreads no Brasil. É preciso usar ainda mais o poder de fogo dos bancos federais para fomentar o crédito e acirrar a competição no setor — disse o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a maior demanda por crédito interno de grandes companhias, que antes da crise se financiavam no exterior ou no mercado de capitais, inflacionou o custo do dinheiro para tomadores menores.


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Mudanças na presidência do Banco do Brasil repercute de maneira distinta na imprensa.

Fala-se que o BB ficará exposta a interesses políticos. Tanto eleitorais sobre a eleição presidencial de 2010 (viabilizar a candidatura de Dilma) como a nomeação de políticos para a diretoria. Esquecendo que as nomeações políticas sempre ocorram.

Fala-se no risco aos acionistas com a exposição do banco a empréstimos e cobrança de menores taxas de juros. Esquecem que o maior acionista é o povo brasileiro e que o BB tem taxa de inadimplência menor que a média dos grandes bancos privados. E que em um momento em que os grandes bancos estão travando o crédito nada como o maior deles começar a emprestar para pressionar os demais a segui-lo.

Vejam os títulos das matérias dos grandes jornais.


Valor Econômico - 09/04/2009
SOB NOVA DIREÇÃO, BB PASSA AO CONTROLE DE MANTEGA E PT
GOVERNO TROCA O COMANDO DO BB
Autor: Arnaldo Galvão

Gazeta Mercantil - 09/04/2009
Spread alto leva à mudança no comando do BB
Spread elevado derruba o presidente do Banco do Brasi
Autor(es): Viviane Monteiro

O Globo - 09/04/2009
NOVO PRESIDENTE DO BB TERÁ DE BAIXAR JUROS POR CONTRATO
JUROS BAIXOS NA MARRA
Autor(es): Patrícia Duarte, Geralda Doca e Eduardo Rodrigues

Jornal do Brasil - 09/04/2009
GOVERNO INTERVÉM NO BANCO DO BRASIL
MISSÃO AGORA É REDUZIR JUROS E SPREADS
Autor(es): Viviane Monteiro

Folha de S. Paulo - 09/04/2009
NOVO PRESIDENTE DO BB TERÁ META DE REDUÇÃO DE JUROS
GOVERNO TROCA CHEFE DO BB PARA CORTAR JURO
Autor(es): JULIANA ROCHA e SIMONE IGLESIAS

O Estado de S. Paulo - 09/04/2009
GOVERNO TROCA COMANDO DO BB E MERCADO TEME USO POLÍTICO
GOVERNO TROCA PRESIDENTE DO BB E AÇÕES CAEM
Autor(es): Lu Aiko Otta

Correio Braziliense - 09/04/2009
Degola de presidente derrete ações do BB
Ações do BB caem com politização
Autor(es): Vicente Nunes e Edna Simão

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