Por Almir Cezar Filho
Prossegue os problemas nas barcas do RJ. A empresa privatizada que era promessa de melhorias resultou só em agravamento de problemas. Na última quarta-feira, 09 de abril, ocorreu o maior incidente, quando a estação Praça XV super-lotada acabou envolvida em um quebra-quebra provocada pela revolta dos passageiros que aguardavam as poucas barcas que circulavam em horário de rush e véspera de feriado prolongado.
Um das coisas mais típicas da região metropolitana do Rio de Janeiro é o indo e vindo das barcas cruzando a Baía de Guanabara, entre o Rio e Niterói e o Rio e a Ilha do Governador ou a Ilha de Paquetá.
Privatização
A um pouco mais de 10 anos a empresa hidroviária de passageiros do RJ foi privatizada sob a alegação que em mãos privadas receberia novos, importantes e maiores investimentos, e o cumprimento de promessas de novas linhas, como a Rio-São Gonçalo e a Rio-Charitas (bairro de Niterói). O que se viu foi um embelezamento, trocas de embarcações e aumento continuado no preço das passagens. Para agravar, houve a redução no número de barcas cruzando a baía, barcas super-lotadas e atrasos, interrupção de horários e acidentes.
Nos últimos anos vimos vários acidentes. Queda do telhado da estação Praça Araribóia (Niterói), afundamento de plataforma da estação Ilha de Paquetá, barcas batendo em navios e aerobarcos, barcas a deriva no meio da Baía da Guanabara por problemas mecênicos. Outro incidente que virou padrão foi as confusões no horário de rush na estações Praça XV e Praça Araribóia por superlotação ou atrasos em partidas. Há anos ve-se sinais que um grande incidente iria acontecer.
Repetindo a História
É bom lembrar, que quando as barcas foi estatizado no fim da década de 1950 (1959), que completa portanto 50 anos, foi em decorrência de grave quebra-quebra de passageiros após um acidente e atrasos, que se perdeu o controle e culminou em uma revolta urbana generalizada por Niterói, então capital do Estado do RJ, movimento que passou a História com o nome de "Revolta das Barcas". A solução das autoridades estaduais e federais foi a estatização da empresa que o operava, a Cantareira.
Atualmente, os passageiros vivem um momento pré-Revolta das Barcas. Um dos motivos da deflagração da revolta foi uma série de acidentes que resultou em uma greve dos funcionários, motivada tanto pelos acidentes como por atraso nos salários. Para piorar a empresa ao invés de ser punida pelas autoridades recebeu autorização para reajuste do preço das passagens. Um dia o caldo entornou.
O Governador Sérgio Cabral Filho após o último incidente ao invés de punir a Barcas S.A. empresa concessionária do sistema de barcas, com multas ou tomando a concessão, concedeu um vultoso empréstimo.
A justificativa é que a empresa opera em prejuízo e não teria recursos próprios para novos investimentos.
Queda do mito
Caiu por terra o mito que com as privatizações sobre o serviço público haveria melhora na qualidade. Com as privatizações virão além da piora, o aumento nos preços das tarifas.
A propaganda oficial no fim da década de 1990, com a conivência da grande mídia, era que o Pode público não teria recursos próprios para investimentos, sendo portanto imperioso o aporte do capital privado, que se daria através da transferência dos serviços e mesmo das empresas para a iniciativa privada.
Ora se a empresa não tem condições de administrar esse serviço que devolva a concessão. Se a empresa dá prejuízo que se devolva ao Poder público.
A solução é a re-estatização já. A re-estatização inclusive é uma prevenção para evitar uma nova "Revolta".
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