quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Cartel de 4 famílias comanda a mídia

Cartel de 4 famílias comanda a mídia
Fim de grupos reduziu oligopólio a Civita, Frias, Mesquita e Marinho

Monitor Mercantil online, 29/09/2010

Até a última década do século XX, cerca de nove grupos de empresas familiares controlavam a grande mídia nacional no Brasil. As famílias eram Abravanel (SBT), Bloch (Manchete), Civita (Editora Abril), Frias (Folha de S. Paulo), Levy (Gazeta Mercantil), Marinho (Organizações Globo), Mesquita (O Estado de São Paulo), Nascimento Brito (Jornal do Brasil) e Saad (Rede Bandeirantes).
Hoje, sem as famílias Bloch, Levy e Nascimento Brito, esse número está reduzido a seis, sendo que apenas quatro são formadoras da agenda nacional.
Segundo a jornalista Berenice Mendes, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), a redução do número de famílias não diminuiu o poder desse restrito grupo, muito pelo contrário.
"Através do Conselho de Comunicação Social do Congresso, instituído por determinação constitucional, aconselhamos os parlamentares a tomar medidas contra esse processo de concentração, mas a bancada ligada à comunicação é tão grande e influente que o Conselho foi sendo gradativamente esvaziado e, na prática, foi extinto, já que está paralisado há quatro anos", criticou.
Ao mesmo tempo, Berenice lembra que não foi difícil aos barões da mídia, endividados na época, aprovar a entrada do capital estrangeiro no setor, mesmo havendo exigência constitucional de fórum qualificado para qualquer alteração legal na área.
"A participação aprovada, de 30%, é a maior do planeta. Agora estão reclamando da entrada de grupos portugueses", disse, ponderando que, no mundo inteiro, inclusive nos Estados Unidos e na Europa, a legislação está sendo modernizada em prol da ética.
"O Brasil precisa de um grande pacto civilizatório nesse sentido. Caso contrário entraremos num cenário obscurantista, pois a legislação antiga não dá conta nem do que havia antes da convergência das mídias", salientou.

Os dois brasis: 31% vivem em municípios de alto desenvolvimento, 21% em condições precárias

Brasileiros em municípios de alto desenvolvimento saltou 30% em sete anos

Mariana Mainenti - Correio Braziliense: 26/09/2010

Cinquenta e sete milhões de pessoas — número equivalente a 31,4% da população do país — viviam em municípios de alto desenvolvimento em 2007. Em 2000, essa proporção era de apenas 1%. A mudança de nível socioeconômico dos brasileiros pode ser notada a partir da análise da série histórica dos dados que compõem estudo elaborado anualmente pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O trabalho da entidade, no entanto, mostra que 40 milhões de pessoas — 21,7% do total — ainda vivem em condições precárias, sem acesso a serviços básicos de saúde e de educação e ao mercado de trabalho.

“Permanecem existindo dois brasis”, diz o chefe da Divisão de Estudos Econômicos da Firjan, Guilherme Mercês. A população mais pobre continua concentrada no Nordeste e no Norte do país. O Centro-Oeste, no entanto, conseguiu avançar em direção a padrões antes só vistos no Sul e no Sudeste. De 2006 para 2007, 20% dos municípios da região passaram da base da pirâmide — os níveis baixo e regular — para moderado ou alto. Entre os 500 mais desenvolvidos do país, 14 são do Centro-Oeste. Um ano antes, esse número era de oito.

Em Goiás, por exemplo, apenas Goiânia e Crixás apareciam no patamar de alto desenvolvimento em 2006. Um ano depois, somaram-se à lista Catalão e Chapadão do Céu. Contando, os municípios classificados no nível moderado, a proporção atinge 78,5% no estado. O salto da região deveu-se, principalmente, à elevação no emprego e na renda, critérios utilizados pela federação fluminense para confeccionar o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM).

Com esse indicador, formado também pelas estatísticas de saúde e de educação, são classificados todos os municípios do país em uma escala que varia de 0 a 1. No patamar mais baixo, encontram-se os que atingem nota até 0,4; no nível regular, aqueles que alcançam de 0,4001 a 0,6. As cidades que obtêm de 0,6001 a 0,8 ficam na categoria moderada e as que chegam a pelo menos 0,8001 são consideradas de alto desenvolvimento.

No fim de 2000, só municípios paulistanos conseguiam atingir a faixa mais elevada. Sete anos mais tarde, a lista dos 10 mais, liderada por Araraquara, continuava tendo só cidades médias e pequenas de São Paulo. Apesar dos avanços, o desenvolvimento ainda estava concentrado: dos 56 milhões de brasileiros que viviam em locais com alto nível socioeconômico, 17 milhões estavam nas cidades do Rio ou de São Paulo. A parcela dos classificados no estrato mais alto subiu de 0,3% para 4% em oito anos. Se comparados os anos de 2006 e 2007, no entanto, o número dos mais desenvolvidos teve uma ligeira queda, de 232 para 226.

“Quando há um nível de desenvolvimento mais alto, a melhora é mais lenta. O desafio dos municípios brasileiros mais bem classificados é manter esse patamar”, diz o economista da Firjan. Para ele, a dificuldade reflete a situação do país. “O que ocorre com os municípios mostra por que o Brasil não é ainda desenvolvido e, sim, está em desenvolvimento.” Se aos líderes do ranking forem somados os municípios de nível moderado, a proporção que em 2000 era de 30,4% vai para 55,3% em 2007. Na faixa de baixo desenvolvimento, há, ao contrário, uma queda de 18,3% para apenas 0,6%.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O hipócrita tom do recado das denúncias da mídia ao PT e Lula

Tentar mostrar o PT como corrupto e que acharca os empresário é a última da grande imprensa do Brasil em sua luta inter-burguesa pelo controle do Estado. Nessa tentativa não medem escrupulos, são derrubados os hipócritas auto-limites éticos das mídia, são violados o rigor jornalístico, em seu afã desesperado para impor seus candidatos (PSDB e DEM/PFL) como "partido do capitalismo brasileiro" a frente do Estado no próximo período, ao invés do PT.

Uma campanha sistemática, que obrigou pela primeira vez, o próprio PT e Lula a fazer uma crítica veemente à grande imprensa, mas que em verdade não crítica os fundamentos desse comprometimento com o seu adversário, os compromissos econômicos - até porque seu partido em essência não luta contra a raiz do problema (e em parte até o reproduz). A grande imprensa é um negócio capitalista, e portanto, recebe recursos ou possui negócios e interesses vinculados com um ou outro setor econômico que está participando das eleições.

Vale lembrar que, durante os anos FHC do PSDB e DEM, os grandes grupos de mídia (FolhaSP, OEstadoSP, OGlobo, Abril, etc) muito se beneficiaram das privatizações adquirindo ou participando da compra de empresas de telefônia, banda larga, provedor de internet, telefonia móvel e TVs por assinatura. E também, os governos estaduais sob a cabeça dos dois partidos são extremamente beneficiados com vultosas verbas oficiais publicitárias e contratos duvidosos de assinatura de revistas e jornais e apostilas escolares. Está é a raiz principal da adesão a candidatura do PSDB-DEM ou rejeição da candidata do PT e do governo federal atual.


Apesar da grande mídia ser um setor empresarial beneficiado com o bom andamento dos negócios do setor industrial e comercial da economia capitalista, através do aumento dos anunciantes e consumidores de jornais, revistas e assinaturas e consequentemente, deveria ficar ao lado desse, mas não é assim. O tom do recado permanente da grande mídia, burguesa por natureza, sempre foi de repulsa ao PT e a Lula, embora com momento de tolerância. Tolerância em razão do papel de cooptação de ambos sobre movimento social a fim de não enfrentar o grande capital nacional. Uma tolerância sempre no "fio da navalha", pois Lula/PT poderiam perder o controle ou ser empurrados a se enfrentar com o capital. Contudo, como agora, não há riscos aos grandes negócios, muito pelo contrário, tornam-se desnecessários e incomodos. Ainda mais esse PT, defensor do grande Estado, intervencionista, comprador. Sendo portanto, necessário restituir o "natural estado das coisas", sem PT e estado interventor, mesmo que esse tenha dando muito lucro as empresas e bancos. Daí o apoio ao candidato do status quo anterior à 2002, ainda mais quando esse a frente do governo de SP sempre deu uma ajudinha a essas empresas...

Por sua vez, por um lado, apesar do governo, o Lula e o PT que agora tanto reclamarem da postura da grande imprensa, até porque os ataques são duros e prejudiciais a sua candidata, em verdade, nunca se enfrentaram com essas empresas. Nunca apoiaram ou fortaleceram veículos menores e a imprensa alternativa,  regional e a operária-sindical. E, pior, nunca deixaram de dar recursos públicos subsidiados aos grande grupos em situação pré-falimentar ou fizeram nova concorrência pública pelo sinal de TV. Nunca atacou a oligopolização do setor ou tentou estabelecer um controle social como manda a Constituição de 1988 e é padrão em todos os países desenvolvidos. Nunca critiram a imprensa por esta atacar os movimentos sociais e tentar criminalizá-los. Nunca criticaram a campanha da mídia de defesa dos valores capitalistas, neoliberais e pró-mercadistas. Nunca durante a campanha questionaram a falta de democracia dos grande veículos de imprensa que simplesmente esconderam os outros candidatos, especialmente os de esquerda (PSTU, PCB e PCO), a não ser os dois, três ou quatro que lhe interessaram. Mas quando esta mídia prejudica sua candidata, fazendo uma saravaida diária de denúncias, a postura é outra.

Por outro lado, o PT e Lula ousaram reclamar da imprensa. Uma ousadia. Essa mesma imprensa capitalista e oligopolista ,que se esconde atrás das liberdades democráticas, do direito à liberdade de imprensa, para fazer o que bem entende, para atacar e caluniar livremente os movimentos sociais e quaisquer que firam seus interesses, e defender seus interesses econômicos e propagandear sua visão sobre a política. E para grande imprensa um ataque a si é como se fosse um ataque a liberdade de imprensa. Portanto, Lula, o PT e sua candidata são "totalitários" e são contra a liberdade e acharcam empresários.

O PT/Lula/Dilma bem que merecem esses ataques. Contudo, o eleitor brasileiro, especialmente os trabalhadores e pobres não merecem ler esse tipo de matéria.

Não merecemos ler, Miriam Leitão. Essa propagandista dos banqueiros e privatistas, atacar com pseudo-denúncias o PT, especialmente e justamente aonde e por onde o PSDB mais se utilizou, da ajuda seletiva do BNDES às grandes empresas. Essa mesma comentarista econômica - que parece que não estudou em uma faculdade de economia do mundo real, que sempre proclama coisas a partir de teorias que qualquer economista desconhece, tudo para defender os interesses aos quais está ela e o veículo de imprensa em que trabalha está alinhado - durante anos FHC/PSDB/DEM nunca criticou a corrupção desses, o uso político do BNDES ou comentou as milhares de acusações de tráfico de influência dentro dele, a farra das privatizações subsidiadas, a "Pasta Rosa", etc.

Não merecemos ler isso. E essa culpa é do PT e do Lula. Pelo visto, somente os trabalhadores podem, e  precisam, derrotar a grande imprensa burguesa, nas urnas e nas lutas. A internet e a mídia operária-sindical são alguns meios de comunicação que ajudaram nisso. Para não precisarmos ter que ler mais tamanha hipocrisia, principalmente de alguém que em um mundo realmente democrático, não teria tamanho espaço para todo dia defender o que interessa a seu patrão e não o que interessa a seu leitor.


***

O tom do recado
O Globo - MÍRIAM LEITÃO -

A pergunta feita a um empresário, numa conversa com várias pessoas, foi: “É verdade que emissários do PT telefonam para empresas avisando que sabem quem não está fazendo doações para a campanha?” O empresário respondeu: “Para mim, telefonaram e foram pessoalmente dizer que notaram que eu não tinha feito doação na última eleição nem tinha feito ainda nesta.”

Eu ouvi essa conversa estarrecedora.

Esse tipo de encaminhamento do pedido de doação, se estiver generalizado, é uma forma de ameaça.

A frase: “Notamos que você não fez doação na última eleição e ainda não fez nesta” pode ser entendida pelo que está embutido: estamos de olho em você.

O Estado, hoje, é quem concede a maioria do crédito; o BNDES aumentou de forma extravagante suas concessões de empréstimo subsidiado e a arbitrariedade de suas escolhas dos “campeões”, que o faz negar créditos a alguns e conceder em excesso a outros que, na visão do banco, estão mais aptos a vencer a competição global. A mistura é explosiva: de um lado, um Estado com poder de vida e morte sobre as empresas; de outro, emissários do partido do governo com uma ameaça embutida na formulação do pedido.

Hoje, um dos grandes riscos que a sociedade brasileira corre é exatamente esse poder excessivo do Estado, controlado como donataria pelo partido do governo. O Estado é o grande comprador, o grande financiador, o grande sócio em qualquer empreendimento. Como ficar contra ele? Por outro lado: ficando a favor dele, que grandes vantagens se pode ter! Os empresários só falam mal do governo se seus nomes não aparecerem; todos eles estão sendo beneficiados por alguma grande obra, algum grande contrato, alguma licença; ou sonham ser beneficiados no futuro.

Um dos maiores empresários do país foi chamado para uma conversa cheia de ameaças indiretas por ele ter feito declarações contra uma das polêmicas obras que promete ser sorvedouro de dinheiro público.

O governo cooptou movimentos sociais, sindicalistas, parte do movimento cultural, através da distribuição de benesses, patrocínios, contratos e financiamentos.

Mas a cooptação dos empresários é mais direta.

Algumas empresas não têm capacidade alguma de bancar os empréstimos que recebem, ou outras são viabilizadas por aderirem aos grandes projetos em que todo o risco é público.

Nas sombras de um Estado gigante, tudo viceja, como os intermediários de negócios, mesmo que eles não tenham delegação para entregar o que prometem. Com um Estado todo poderoso, qualquer espertalhão pode dizer que é a ligação direta com quem decide e pedir uma comissão para isso.

Mesmo que não houvesse casos de corrupção, comprovadamente ligados ao governo, ainda assim, seria o ambiente certo para a propagação dos casos nebulosos de pedidos de propina.

A redução do tamanho do Estado faz esse favor ao país: diminui os guichês nos quais se oferecem favores com dinheiro público e se pedem em troca comissões para enriquecimento pessoal ou para o partido que está no poder. A privatização tirou do Estado um sem número de cargos de distribuição política em empresas siderúrgicas, concessionárias de serviços de energia e de telefonia.

As empresas que o país decidiu manter estatais deveriam ser isoladas das pressões políticas e concederem mais acesso às suas contas e aos critérios de decisão.

Essa seria uma forma de reduzir o risco que o contribuinte e o consumidor dos serviços correm hoje com problemas como os dos Correios.

Já houve tantos casos nebulosos nos Correios no governo Lula — dos indicados do ex-aliado Roberto Jefferson até os indicados da ex-primeira-amiga Erenice Guerra — que não resta dúvida a esta altura: a melhor forma de produzir um colapso postal no país é continuar entregando os cargos de direção da estatal na mão dos políticos e seus afilhados e evitar a administração profissional da empresa. É um espanto que se consiga em tão pouco tempo provocar tanto extravio numa empresa centenária e que sempre teve reputação de eficiência.

Há quem considere que a melhor forma de evitar constrangimentos como o vivido pelo empresário que cito no começo dessa coluna é o financiamento público exclusivo de campanha. Como ser ingênuo a ponto de achar que, se o Estado der ainda mais dinheiro para os partidos, os que estão hoje viciados em caixa dois fecharão o balcão de pedidos impróprios aos empresários? O que ajuda a resolver o problema é, como tenho escrito aqui, a trindade: punição, fiscalização, transparência.

Nada é panaceia contra a corrupção, mas há formas de reduzi-la e outras de aumentála. O gigantismo do Estado é o caminho mais curto para aumentar a corrupção.

Quando ele se torna o parceiro inevitável em qualquer negócio, tudo pode acontecer.

Quando seu poder é usado para amedrontar as empresas, qualquer doação para campanhas políticas pode ser extorquida. E o que houve nos últimos anos no Brasil foi o crescimento descomunal do Estado, primeiro, à sombra do Plano de Aceleração do Crescimento e, depois, sob o pretexto de que era preciso evitar a crise econômica mundial. Conter esse gigantismo é fundamental hoje, não apenas por razões econômicas, mas para melhorar a qualidade da democracia brasileira.

O partido do capitalismo brasileiro

O partido do capitalismo brasileiro

Carlos Tautz*

Dilma e Serra não brigam apenas pela Presidência da República. PT e PSDB também têm olhos para muito além dos resultados de 3 de outubro. As duas legendas ambicionam ser o interlocutor privilegiado de agentes econômicos de grande porte junto ao Estado brasileiro nos próximos anos e, para isso, buscaram alianças para se estenderem ao máximo no poder. No fundo, desejam mesmo ser o partido do capitalismo brasileiro.

É por esta razão que na campanha alguns temas saem como coelhos da cartola de um mágico. Sem muita importância para a luta imediata por votos, em verdade são usados para golpear estrategicamente o adversário. E um desses assuntos mágicos da campanha atual tem sido o BNDES, o grande financiador de longo prazo no Brasil, 100% estatal, que recebe recursos do Tesouro e
do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT).

O Banco foi escolhido por Lula para cimentar a aliança de poder que o PT firmou com um seleto grupo de grandes agentes econômicos dos setores industrial, agrícola e extrativista. Ao financiar essas empresas em sua expansão internacional, o BNDES se transformou no principal instrumento de projeção do poder econômico do Brasil na América do Sul e na África. Não por coincidência, são também essas as regiões prioritárias da política externa brasileira.

Desde que o PT chegou ao poder, em janeiro de 2003, o BNDES quadruplicou seu orçamento para US$ 90 bilhões em 2009. Recebeu aportes de R$ 180 bilhões do Tesouro e sustentou internamente a disponibilidade de crédito durante a crise financeira de 2008. Vendo essa relação entre governo e grandes multinacionais brasileiras se consolidar, o PSDB atacou, embora tarde e inaptamente, estimando corretamente que a parceria de poder dos petistas durará enquanto estiver em alta o mercado internacional de commodities. Ou seja, provavelmente por muitos anos.

Os tucanos atacaram a histórica falta de transparência do Banco – o que é um fato, por si, escandaloso. Mas, pasmos, calaram-se diante do apoio imediato que as maiores associações industriais brasileiras deram ao BNDES. Capitaneadas pela Associação Brasileira de Indústrias de Base, quase 20 delas publicaram em julho manifesto defendendo a política de crédito do Banco e mandaram seu recado: com esses empréstimos, estamos com Lula e não abrimos.

Aliás, tucanos estão muito pouco a cavalheiro para criticarem petistas. Embora nos anos FHC sua parceria mais orgânica tenha sido com o capital financeiro, também utilizaram o BNDES para azeitar suas alianças e o fizeram operador da ideologia do Estado mínimo e da desnacionalização da economia. Porém, quando perdeu em 2002 as eleições presidenciais, o PSDB abriu o flanco e um PT pragmático (lembram-se da Carta aos Brasileiros?) aproveitou-se da conjuntura internacional e passou a estimular a criação dos “campeões nacionais”.

Assim, empresas de todos os portes passaram a receber do Banco vultosos aportes e participações acionárias para ganharem musculatura e figurarem entre os maiores exportadores de commodities agrícolas, minerais e energéticas em nível internacional. Hoje, elas são as maiores tomadoras de
empréstimos do BNDES.

Claro que o PT agrada também à banca e não somente ao capital produtivo. Henrique Meirelles é prova viva. Deixou um mandato de deputado federal pelo PSDB de Goiás, após presidir o Bank Boston, para ser elevado por Lula, desde o primeiro dia deste na Presidência, à chefia do BC independente de fato. Meirelles e as altas taxas de juros afiançam Lula junto à banca internacional. Mas, no fundamental, o PT está aliado à indústria de base e aos exportadores de mercadorias e aposta o quanto pode que essa parceria vai durar.

Neste cenário, ficou muito difícil para o PSDB a disputa pela primazia da intermediação entre o Estado e grandes capitais. E, ainda por cima, a se confirmar a tendência de Dilma ganhar no primeiro turno e os rumores de que Aécio deixará o PSDB para fundar seu próprio partido, o quadro ficará ainda pior para os tucanos. Porque, aí, estará aberta uma janela histórica para o PT se tornar o partido do capitalismo brasileiro no século 21.

(*) Carlos Tautz é jornalista

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Comentário Enviado ao Limiar&Transformação pelo Prof. Theotonio dos Santos:


Apreciações corretas no fundamental. Resta por discutir qual a posição dos setores populares neste processo e porque o capital internacional não pode liderar diretamente este processo e tem que apelar a uma liderança popular com a qual, como diz a nota, está fechado e não abre, para dirigi-lo. Somente a teoria marxista sobre o papel do capitalismo de Estado no sistema capitalista nos permite compreender o processo e preparar uma participação consciente dos trabalhadores neste processo tão complexo.


theotonio

terça-feira, 28 de setembro de 2010

CSP Conlutas: Nota de Falecimento

Luto!
Perdemos uma companheira de luta, mas ela estará sempre conosco. Teresa Bastos, presente!


Nota de Falecimento

É com pesar que a CSP-Conlutas comunica o falecimento da camarada Tereza Bastos, militante do Rio de Janeiro.



É com muita tristeza que informamos a militantes, ativistas e amigos o falecimento da companheira Teresa Regina Machado Bastos ocorrido na madrugada desta terça-feira, no Rio de Janeiro.

Teresa era militante desde meados da década de 80. Começou sua militância no movimento estudantil na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), organizando-se nos antigos Alicerce e Convergência Socialista. Depois que saiu da Universidade foi trabalhar no Unibanco. Em pouco tempo tornou-se uma das principais ativistas das famosas greves bancárias da segunda metade da década de 80. Em 1988 foi eleita diretora do Sindicato dos Bancários do RJ, onde coordenou a organização da categoria e as greves bancárias na zona sul da cidade.

Teresa foi fundadora do PSTU e militante da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT) até os últimos dias de sua vida. Acometida por esclerose múltipla, já não militava plenamente no último período. Mas estava sempre preocupada e informada da luta dos trabalhadores. Mesmo já padecendo de sua doença ajudou a fundar a Conlutas. Ainda foi de fundamental importância na construção do CONCLAT que fundou a CSP-Conlutas. Ela nunca deixou de acreditar na luta pelo socialismo.

Teresa era conhecida por sua sinceridade, preocupação e carinho com cada um que a rodeava. Era conhecida também por sua firmeza na defesa de suas idéias e de sua luta. Por sua perseverança.

A CSP-Conlutas se solidariza com o pesar dos camaradas militantes do PSTU pela perda desta valorosa companheira e solicita as entidades filiadas ou simpatizantes que divulgue esta nota.

Teresa Bastos era uma mulher, guerreira e socialista. Estará sempre conosco.

Companheira Teresa: PRESENTE!

CSP CONLUTAS-RJ

Emprego cresce mas com baixa qualidade. Investimentos aumentam abaixo do nível pré-crise

A euforia no Brasil, com a recuperação econômica  depois da crise de 2009, manifestada com o crescimento do emprego e recuperação do consumo e do investimento, na verdade, mascara outra coisa, a recuperação do nível do emprego vem se dando com empregos de baixa qualidade e numa retomada dos planos de investimento abaixo do nível anterior da turbulência.

Emprego cresce mas com baixa qualidade

Taxa de desemprego é a menor desde 2002 (6,7%), mas vagas são de até 2 mínimos
Monitor Mercantil, 23/09/201

Em agosto, o desemprego caiu para 6,7%, menor índice mensal da série iniciada em março de 2002, segundo o IBGE. No mesmo período do ano passado, a taxa estava em 8,5%. A média de janeiro a agosto é de 7,2%, também a menor para o período da série histórica e inferior à média dos primeiros oito meses de 2009 (8,5%).
Reinaldo Gonçalves, professor da Universidade Federak do Rio de Janeiro (UFRJ), lembra que, acima de dois salários mínimos, o saldo de empregos formais ainda é negativo no país. E observa que o aumento do nível de escolaridade do trabalhador não aumenta a empregabilidade. "No Brasil, é o contrário (não gera empregos acima de dois salários mínimos), o que demonstra que a produção está sendo deslocada para setores de menor valor agregado. É um grande problema sob a ótica do desenvolvimento."
Ele acrescenta que a queda no desemprego expressa recuperação da renda em relação ao ano passado, mas o horizonte para 2011 não é tão positivo. "O desemprego é uma questão cuja resolução está bem distante. Este ano foi favorecido pelo elemento pró-cíclico da recuperação da renda."
Já o Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), divulgou pesquisa mostrando que, apesar de ainda não gerar empregos de qualidade, o nível de capacitação dos trabalhadores tem melhorado no país.
Entre 2001 e 2009, aumentou em 15 pontos percentuais a participação de pessoas com 11 anos ou mais de escolaridade na composição da força de trabalho. Para a faixa de até três anos de escolaridade, foi registrada queda de nove pontos percentuais e para a de quatro a dez anos, redução de seis pontos percentuais.
Adhemar Mineiro, do Dieese, porém, pondera que apenas em setores como a construção civil e a metalurgia existem carência de mão-de-obra qualificada, "até porque é uma herança maldita do auge do período neoliberal".
Mineiro considera, ainda, que a demanda por empregos de maior capacitação vai depender do uso que o país dará ao pré-sal e do desempenho das políticas de inovação.

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Crise ainda reflete em 59% das indústrias atingidas
23/09/2010

Dois anos após o agravamento da crise financeira internacional, 59% das indústrias brasileiras atingidas ainda sentem os efeitos do abalo mundial, de acordo com sondagem especial divulgada nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Entre as pequenas empresas, esse percentual chega a 63%, enquanto entre as grandes é de 46%. A CNI revelou também que 21% das empresas que cancelaram investimentos por causa da crise ainda não conseguiram retomá-los. Além disso, outros 27% voltaram a investir, mas em escala menor do que o planejado antes da turbulência global. Foram entrevistadas 1.353 empresas entre os dias 30 de junho e 20 de julho deste ano.
Segundo o do gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, apesar de os principais indicadores de atividade da indústria brasileira já estarem melhores do que os registrados em setembro de 2009, a crise financeira internacional ainda não foi superada por todas as empresas do setor, sobretudo por aquelas que mais exportam.
"Olhando os indicadores, pode parecer que a crise é uma coisa do passado, mas ela ainda afeta um conjunto de empresas", afirmou Castelo Branco.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Enquanto o dólar derrete, a dívida externa brasileira persiste, feliz os banqueiros dos EUA

Enquanto o dólar derrete à medida que os EUA é obrigado a "monetizar" a seu déficit sob o risco de tornar os títulos do tesouro americano em papel sem valor. Curiosamente, esse déficit foi gerada pelas próprias ações governamentais de socorro aos bancos.

Por sua vez, a dívida externa brasileira, apesar de muitos afirmarem que acabou, persiste, chegou a 300 bi e custa muito caro ao país, à medida que, é resultado da arbitragem entre a diferença entre o valor do dólar e o real e a taxa de juros  americana e a brasileira. Para piorar a dívida externa ajuda a sustentar os banqueiros americanos detentores de títulos do tesouro dos EUA, evitando que seu valor de face "evapore", e com os pagamentos, garantindo a manutenção dos rendimentos.

Cabe lembrar que, por meio da dívida pública, o governo pega empréstimos dos investidores para honrar os "compromissos", que não poderia "honrar" com recursos de impostos ou com emissão de moeda. Em troca, o Tesouro compromete-se a devolver o dinheiro com correção, que pode ser prefixada, ou seja, definida com antecedência, ou seguir a taxa básica de juros (no Brasil a Selic), índices de preços ou o câmbio.
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Papel verde

Cresce a discussão internacional sobre o que pode fazer o Fed (espécie de banco central terceirizado dos EUA) para continuar financiando o déficit norte-americano. A ameaça de "monetizar" a dívida paira no ar desde a reunião de banqueiros centrais em Jackson Hole (27 de agosto), relata o boletim eletrônico semanal Resenha Estratégica.

O presidente do Fed, Bem Bernanke, teria dito nas entrelinhas que o resto do mundo não tem outra opção que a de continuar financiando os déficits estadunidenses; caso contrário, os EUA transformarão em papel pintado os trilhões de títulos do Tesouro espalhados pelo mundo.
Hora de sair?
O Brasil é o quarto país no ranking dos detentores de títulos dos Estados Unidos.

Matemágica
A previsão do Banco Central de que o Brasil deve torrar US$ 9,068 bilhões, este ano, com o pagamento de juros da dívida externa surpreendeu os incautos que acreditaram na tese de que "o Brasil acabou com a dívida externa". Afinal, se a dívida acabou, por que o país continua a pagar juros sobre um montante inexistente?

É porque existe diferença abissal entre o fato de as reservas internacionais brasileiras, na faixa de US$ 270 bilhões, superarem o débito externo, US$ 228,594 bilhões - dados de agosto.

Este número, porém, não inclui os empréstimos intercompanhias; com essa rubrica, o montante da dívida externa já chega a US$ 300 bilhões.

22/09/2010

Lucro de bancos aumenta no primeiro semestre

Lucro de bancos aumenta no primeiro semestre

O sistema bancário apresentou lucro líquido de R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, um aumento de R$ 1,5 bilhão em relação aos seis últimos meses de 2009 (R$ 23,7 bilhões), segundo o Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado hoje pelo Banco Central.
De acordo com o relatório, o "dinamismo da economia brasileira propiciou ambiente favorável ao desempenho do sistema bancário". O BC destaca "a redução de despesas com aprovisionamentos, margem de intermediação [indicador de análise financeira] forte e estável e recuperação das receitas de serviços". Também foi observado pelo BC a "melhora nos índices de eficiência e a redução da contribuição dos resultados não operacionais".
Segundo o relatório, no curto prazo, "o sistema bancário tem sido capaz de se manter rentável, independentemente dos ganhos não recorrentes".

Fonte: Monitor Mercantil online,23/09/2010

Lurdez da Luz - Ziriguidum

domingo, 26 de setembro de 2010

"Aproveitar os espaços": como os economistas burgueses pretendem mudar de discurso

Em um artigo recente publicado em grande jornalão, uma visão de econômica burguesa mais razoável, mas não menos burguesa.

Ali está a dica provável que nos setores ideológicos e/ou econômicos da burguesia deve passar por uma virada nas ideias ou atualização diante da nova conjuntura e da nova estrutura da economia brasileira, pois está se tornando claro o descasamento total e insustentável entre o programa político-econômico, manifestado nos textos da grande mídia, com a realidade econômica do país.

Essa postura também reflete que, uma considerável fatia da burguesia, que não adere ou se descolou da ideologia dominante da grande mídia, e defendido pela sua própria classe.Portanto necessita ouvir/ler outras ideias, menos "neoliberais hardcore", e mais a la keynesianas, mas ideias não menos burguesas, e visa se preparar para tentar impô-las ao futuro governo, utilizando como sempre a grande mídia como correia de transmissão.

Como diz o próprio título do artigo, visa "aproveitar os espaços" para corrigir a política macroeconômica aos seus interesses e a realidade, garantindo mecanismo que mantenham crescimento do PIB para atender os lucros, o fluxo de capitais especulativos, o ajuste fiscal e o pagamento dos juros da dívida, sem que esses três últimos comprometam o primeiro.

É sinal que a burguesia industrial está mais forte e exige limitação dos ganhos (não confundir com fim dos ganhos) da burguesia bancária-financeira. Quer o Estado à serviço, menos do pagamento da dívida e dos especuladores internacionais, e mais do gasto corrente e de investimento. Mas sempre gastos à serviço dos lucros, e não das necessidades dos trabalhadores. Como pode-se ler a seguir, o autor em nenhum momento fala em gasto governamental em habitação, saúde, educação, transporte, salário e terra, a Macroeconomia do Setor Público que verdadeiramente interessa aos trabalhadores.

Aproveitar os espaços

Amir Khair - O Estado de S.Paulo -23 de setembro de 2010

Ganha destaque neste período de disputa eleitoral o que pretendem fazer os candidatos à Presidência sobre os principais temas, como a questão fiscal, as contas externas e o câmbio. No entanto, as propostas têm sido de forma geral genéricas. Talvez para evitar compromissos claros e/ou desgastes eleitorais.

De qualquer forma há um reconhecimento de avanços na economia e na parte social, embora estejam aquém das necessidades do País. O mercado financeiro prevê um crescimento econômico de 4% a 4,5% para os próximos anos. Desde 2004, está na média de 4,5%, apesar da crise e das altas taxas de juros cobradas pelos bancos. Creio que será superior a 5%, caso continue a política de aproveitar o potencial de consumo existente, facilitada por taxas de juros cadentes. Espaço para isso não falta.

Ajuste fiscal. Crescimento de 5%, com redução de 1 ponto porcentual (p.p.) da Selic por ano e superávit primário (receitas menos despesas exclusive juros) de 1,8% do PIB permitiriam obter ao final de 2014 equilíbrio fiscal e dívida líquida de 30% do PIB. Em relação ao PIB, as despesas com juros cairiam dos atuais 5,4% para 1,8% em 2014 com economia de 3,6 p.p. (5,4 menos 1,8). Esse é o principal ajuste fiscal a ser feito. Para comparar, na Previdência Social a diferença entre contribuições e benefícios, equivocadamente chamada de déficit da Previdência, deverá atingir este ano 1,2% do PIB, mesmo nível de 2002. Assim, esse ajuste de 3,6% do PIB equivale a três vezes o "déficit" da Previdência.

Despesas. O enfoque nas despesas públicas é importante quanto ao destino dos recursos e sua gestão, que tem muito espaço para melhorar. Ainda bem. Mas a análise isolada da despesa, sem considerar o seu impacto nas receitas, pode induzir a erro. É o caso, por exemplo, da elevação do salário mínimo. É fácil calcular seu impacto nas despesas da Previdência, mas não se dimensionam os retornos de arrecadação para a União, Estados e municípios pelo crescimento da massa salarial, produção, lucro e consumo.

Tripé. Os dois principais candidatos prometem manter o tripé: meta de inflação, superávit primário e câmbio flutuante. Creio, no entanto, que este tripé está superado. Primeiro, porque o crescimento econômico, ausente neste tripé, influencia todas as suas variáveis. Segundo, porque não existe câmbio flutuante, dadas as intervenções do Banco Central (BC) e, agora, do Fundo Soberano. Terceiro, porque o resultado primário não expressa o resultado fiscal, que inclui todas as despesas, inclusive os juros. Quarto, porque o regime de metas de inflação, para funcionar melhor, deveria fixar, em vez da meta para o ano, meta para os próximos 12 meses e usar, em vez do IPCA, o seu núcleo, que expurga alterações sazonais e circunstanciais, provocadas por fatores temporários ou casuais.

Sobre isso, o efeito anormal das chuvas sobre os preços dos alimentos gerou forte impacto inflacionário no 1.º trimestre, depois eliminado por inflação praticamente nula de junho a agosto, quando os preços dos alimentos voltaram à normalidade. No entanto, a escalada inflacionária do início do ano serviu para elevar desnecessariamente a Selic. Agora, com atraso, o BC reconheceu que a inflação não seria tão elevada quanto parecia e, ao não elevar mais a Selic, desagradou ao mercado financeiro, que adora uma Selic robusta.

Reservas e câmbio. O aumento das reservas internacionais para segurar o câmbio é um tiro no pé. Aumenta a dívida pública, o déficit fiscal e atrai mais dólares. É jogar dinheiro fora. Para atenuar o problema do câmbio apreciado é necessária a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e retornar a aplicação do Imposto de Renda sobre as aplicações de estrangeiros em carteira (ações e títulos públicos) para reduzir/eliminar os ganhos de arbitragem. Isso eleva a arrecadação fiscal e limita a ação especulativa sobre o real.

Tem muito espaço para avançar na melhoria dos fundamentos macroeconômicos no próximo governo. O que não se pode é dar marcha à ré com políticas tendentes a segurar o potencial de crescimento do País.

CONSULTOR, É MESTRE EM FINANÇAS PÚBLICAS PELA FGV

sábado, 25 de setembro de 2010

Revelado o mensalão da grande mídia

Escândalo !!! Revelado o MENSALÃO DA MÍDIA !

Publicado em setembro 22, 2010 by ocommunard
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No Diário Oficial do governo de São Paulo na gestão Serra, foi descoberto o maior esquema de compra de órgãos de imprensa já registrado na história da república. É o fato que comprova a total cumplicidade das grandes mídias e a candidatura do tucano José Serra nessas eleições: em destaque Veja, Globo, Folha e Estadão. O esquema aparentemente tinha por missão desgastar o governo Lula para atrapalhar a sua sucessão, mas agora age como tropa de choque para desgastar a candidata petista, enquanto encobre ou dá pouco espaço a notíciais que atinjam a candidatura tucana.
Veja alguns desses contratos encontrado no Diário Oficial do governo tucano:
27/maio/2010
Contrato: 15/00548/10/04
- Empresa: Editora Brasil 21 Ltda.
- Objeto: Aquisição de 5.200 Assinaturas da “Revista Isto É” – 52 Edições – destinada as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado São Paulo – CEI e COGSP – Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 1.203.280,00
- Data de Assinatura: 18/05/2010
28/maio/2010
Contrato: 15/00545/10/04
- Empresa: S/A. O ESTADO DE SÃO PAULO
- Objeto: Aquisição de 5.200 assinaturas do Jornal “o Estado de São Paulo” destinada as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado São Paulo – Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 2.568.800,00
- Data de Assinatura: 18/05/2010.
29/maio/2010
Contrato: 15/00547/10/04
- Empresa: Editora Abril S/A
- Objeto: Aquisição de 5.200 assinaturas da Revista “VEJA” destinada as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado São de Paulo – CEI e COGSP – Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 1.202.968,00
- Data de Assinatura: 20/05/2010.
8/junho/2010
Contrato: 15/00550/10/04
- Empresa: Empresa Folha da Manhã S.A.
- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 assinaturas anuais do jornal “Folha de São Paulo” para as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – CEI e COGSP – Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 365 dias
- Valor: R$ 2.581.280,00
- Data de Assinatura: 18-05-2010.
11/junho/2010
Contrato: 15/00546/10/04
- Empresa: Editora Globo S/A.
- Objeto: Aquisição pela FDE de 5.200 assinaturas da Revista “Época” – 43 Edições, destinados as escolas da Rede Estadual de Ensino do Estado de São Paulo – CEI e COGSP – Projeto Sala de Leitura
- Prazo: 305 dias
- Valor: R$ 1.202.968,00
A maior beneficiada no esquema foi a editora Abril, que é proprietária do maior seminário do país, a Revista Veja. Não por acaso é o órgão de imprensa que mais ataca o governo Lula e mantém permanentemente capas destrutivas contra a candidatura petista.
- DO [Diário Oficial] de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara ’inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola’.
- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.
- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.
- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.
- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data daassinatura: 08/09/2008.
- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.
- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.
- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.
- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.
- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades – Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009.
Negócios de R$ 34,7 milhões.
Somente a revista Veja e mais 4 “pedagógicas” foram responsáveis pelo assalto de mais de 34 milhões dos cofres públicos dos contribuintes paulistas. A revista Nova Escola, que está sob investigação do Ministério Público Estadual, tem 1/4 de suas vendas na conta do governo Serra, são 220 mil assinatural que engordaram em mais de R$ 3,7 milhões os caixas da editora Abril.
O esquema ardioloso não só tem como função aparelhar os meios de comunicação regados com dinheiro público, como ainda através da própria compra distribuir nas escolas essas imprensa aparelhadas. Isto é, não se trata apenas de aparelhar os maiores meios de comunicação do país, mas de usar o sistema escolar para disseminar publicações tendenciosas como propaganda política disfarçada de noticiário, sobretudo, como arma de difamação contra adversários políticos.
Enquanto as mídias atacam hipocritamente o PT e o governo Lula acusando de ameaçar a imprensa e querer controlá-la, distorcendo a proposta de controle social da mídia que é uma cláusula constitucional e estava presente no PNAD do governo FHC – vemos que na verdade estão na verdade fazendo a defesa de seu atual controle, o controle tucano – e o povo paulista está ainda tendo que pagar para sofrer lavagem cerebral. Absurdo?
Quem na grande mídia romperá o silêncio e denunciará esse crime político hediondo?
Fonte: Diário Oficial do governo de São Paulo
Publicado em: Reflexão

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CSP Conlutas assume sindicato dos metroviários de SP

CSP Conlutas assume sindicato dos metroviários de SP


O Sindicato dos Metroviários de São Paulo mudou de mãos no fim de semana. Com a derrota eleitoral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a entidade passa às mãos da CSP-Conlutas, que disputou o comando com o apoio da Intersindical e independentes. A CTB se coligou à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A chapa 2 venceu com 53% dos votos.
A CTB estava à frente do sindicato há cerca de 20 anos. Sua base tem em torno de 8.700 trabalhadores - pelo menos 6.300 são sindicalizados. A posse da nova diretoria está marcada para novembro. Apesar de não ter uma das maiores bases de trabalhadores do Estado, o Sindicato dos Metroviários é um dos mais temidos na negociações, por envolver o transporte coletivo da maior cidade da América Latina. Os trens do metrô paulistano transportam por dia cerca de 3 milhões de pessoas.

A Conlutas é a central com mais nomes na nova diretoria, mas o presidente Altino de Melo Prazeres Júnior diz que ainda é cedo para saber a qual central, das que formam a coligação, o sindicato vai se filiar. A escolha será feita por meio de plebiscito entre os sindicalizados. A data-base dos metroviários de São Paulo é 1º de maio. Apesar de ainda estar longe do início da campanha, Melo diz que um dos pontos da pauta de negociação será o pedido de aumento real. Neste ano, os trabalhadores tiveram apenas a reposição da inflação dos últimos 12 meses, 5,05% de aumento.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Se um país não quer mudar, não é a rede que irá mudá-lo, entrevista com Manuel Castells

Se um país não quer mudar, não é a rede que irá mudá-lo
SOCIÓLOGO, QUE VÊ A INTERNET COMO AMPLIFICAÇÃO DA SOCIEDADE, DIZ QUE NO CASO DO BRASIL NÃO HÁ QUALQUER DESEJO DE MUDANÇA
ALEC DUARTE
EDITOR-ADJUNTO DE PODER

Quem esperava que a internet fosse revolucionar o processo eleitoral brasileiro se decepcionou com o tímido papel que a rede exibe na campanha. O sociólogo espanhol Manuel Castells, porém, não se surpreendeu com isso.
Um dos mais relevantes pesquisadores da web, Castells esteve no Brasil a convite do recém-inaugurado Centro Ruth Cardoso e achou normal a ausência da esperada revolução nas eleições.
"Quando há estabilidade, não se pode esperar que a internet produza uma mudança que as pessoas não querem", disse à Folha. Leia trechos da entrevista.


Por que a internet amedronta o poder político?
Manuel Castells -
Porque o poder sempre esteve baseado no controle e, às vezes, na manipulação da informação.
O grau de autonomia das pessoas para se comunicar, informar e organizar suas próprias redes de sociabilidade é muito mais potente com a internet. Ela é a construção da autonomia da sociedade civil. Os governos sempre tiveram horror a isso.

A internet é incontrolável, mas os governos sempre tentam exercer algum controle. Não é um trabalho em vão?
Por mais que queiram controlar, não podem controlar. Nem a China pode controlar.
Isso mostra a desconfiança dos governos e dos políticos com respeito a seus próprios cidadãos. Não lhes agrada que se organizem e que sejam autônomos. Aos políticos só interessa o poder.
A única maneira de controlar a internet é desconectá-la totalmente. E isso hoje em dia é um preço que nenhum país pode pagar porque, além de livre expressão, a rede é educação, economia, negócios... é a eletricidade de nossa sociedade.

É impossível para um governo, hoje, não tentar recorrer a esse tipo de expediente?
Os governos tiveram que entrar nesse mesmo espaço de comunicação. Antes, não havia debate, havia monopólio. Isso acabou. O fato de que um governo ou grandes empresas tenham que fazer blogs como a gente nivelou relativamente o espaço da comunicação em que se enfrentam interesses distintos.

O avanço tecnológico permitiu também que os cidadãos vigiem os governantes...
Os poderosos vigiavam os demais porque tinham os meios e a capacidade de fazê-lo. Mas agora as pessoas também podem vigiar os poderosos. Qualquer jovem com um celular, se vê uma personalidade política fazendo algo inconveniente, pode imediatamente difundir a cena. Hoje os poderosos têm que se esconder, sua vida é mais transparente, mas não há um controle, apenas vigilância.

A vida em rede mudou o comportamento dos governos?
Ainda não totalmente, mas o poder político sabe que não pode mentir nem manipular sem ter cuidado ao fazê-lo. Quando as pessoas descobrem, o choque é muito potente. Foi o que ocorreu na Espanha, em 2004, quando o governo de [José María] Aznar mentiu sobre a autoria do atentado terrorista em Madri. As pessoas ficaram indignadas porque Aznar disse que autoria era do [grupo separatista que atua na Espanha] ETA, quando se tratava da Al Qaeda.
Houve controle da informação e manipulação. A descoberta da verdade, na véspera da eleição, foi compartilhada por SMS e levou milhões de jovens às urnas. Isso mudou o resultado da eleição [o socialista José Luis Zapatero venceu Aznar].
Outro exemplo ocorreu no Irã, em 2009, quando houve manifestações contra a reeleição de [Mahmoud] Ahmadinejad. Mesmo num país com controle total da informação, a capacidade de mobilização, sobretudo pelo Twitter, foi fundamental.

Isso também aconteceu na deposição do presidente de Honduras, Manuel Zelaya, quando a internet foi invadida por hashtags de apoio à volta do mandatário, assim como o Twitter ostentou avatares verdes no episódio iraniano. Mas Ahmadinejad segue no poder, e Zelaya jamais foi reconduzido ao cargo. Falando em realpolitik, como essas mobilizações virtuais chegam ao âmbito do real?
As mudanças fundamentais na sociedade são as que se produzem na mente das pessoas. É aí que surge a mudança: quando as pessoas mudam sua forma de pensar e, portanto, de atuar.
As ideias não passam necessariamente pela mudança política, mas sim pelas mudanças que os governos têm de implementar em função da pressão da sociedade.

Hoje quase não há discussão política na internet brasileira, apenas torcidas trocando provocações. E essas discussões não extrapolam a própria rede. O fato de a web não possuir no país uma penetração grande afeta diretamente a repercussão fora dela?
Para que se manifestem fenômenos de utilização da rede nas mudanças de consciência e de informação das pessoas, é preciso haver antes de mais nada rede em condições e que também exista interesse das pessoas num sistema político.

No caso específico do Brasil, qual a sua percepção?
O Brasil segue uma dinâmica assistencialista em que da política se esperam subsídios e favores, mais do que políticas. A situação econômica do país melhorou consideravelmente. O que mudou a política aqui é que os dois últimos presidentes, FHC e Lula, eram influentes e controlavam seus partidos muito mais do que eram controlados por ele. Duvido que o país continue a ter essa boa sorte, qualquer que seja o resultado das eleições.
A renovação do sistema político exige que as pessoas queiram uma mudança, e isso normalmente ocorre quando existem crises. A internet serve para amplificar e articular os movimentos autônomos da sociedade. Ora, se essa sociedade não quer mudar, a internet servirá para que não mude.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Brasil caminha para uma crise cambial

O Brasil caminha para uma crise cambial, para desvalorizar o real frente o dólar. As contas externas estão severamente prejudicadas pela alta do real frente ao dólar. A crise cambial no horizante será provocada simultaneamente:


- pela política monetária pró-especuladores internacionais do Banco Central com base à taxa de juros reais mais alta do mundo, que faz com que venha uma maré de dólares entrando no mercado nacional;

- pelas exportações fracas devido a crise econômica mundial, que diminuí a força dos compradores externos dos produtos brasileiros, gerando portanto, uma diminuição da reservas internacionais;

- pelas autoridades monetárias brasileiras que não fizeram nada até o momento, pois na justificativa de ajudar no controle da inflação, veem com bons olhos o dólar fraco, que também permite o populismo cambial, isto é, o aumento artificial do poder de compra do trabalhador, fazendo que este fique feliz com o político de plantão.

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Crise cambial para desvalorizar o real


OREIRO CRITICA OPÇÃO DO BC PARA AMEAÇA DE ESTOURO DAS CONTAS EXTERNAS
Em Curitiba, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse a empresários ligados à Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) que, independentemente de quem vença as eleições presidenciais deste ano, a "tendência" seria a manutenção da política econômica atual.
Meirelles disse também que o crescente déficit das transações correntes tenderia a ajustar, naturalmente, a taxa de câmbio, uma das mais sobrevalorizadas do mundo em relação ao dólar.
No entanto, o economista José Luiz Oreiro, da Universidade de Brasília (UnB), salienta que o câmbio é um preço determinado pela conta de capital (financeira). Ou seja, pela atração de dólares, para fechar as contas externas do país.
"Dizer que o próprio déficit vai ajustar o câmbio é balela. Se nada for feito, poderemos ter uma crise no balanço de pagamento em dois ou três anos. E a história mostra que, quando isso ocorre, há uma desvalorização abrupta do câmbio, geralmente superior a 30%", lembrou.
Prova disso, segundo o economista, é que apesar dos números preocupantes em transações correntes, há pressão pela valorização do real.
"Estão entrando muitos dólares via capital especulativo, investimento estrangeiro direto (IED) e financiamentos de curto e médio prazos. Esse quadro só mudará quando o mercado financeiro entender que a situação ficou insustentável. Aí será tarde", disse, observando que a previsão de Meirelles nunca ocorreu "e não será agora que vai se confirmar".
Já Meirelles confirmou o compromisso do BC com o regime de metas de inflação, que, via juros altos, tem contribuído para a valorização cambial. "O BC tem compromisso com a meta de inflação e, certamente, está preparado para tomar todas as medidas necessárias para que a inflação esteja na meta em 2011 e nos anos seguintes."

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20/09/2010 - 21:09
Dólar fraco deixa em alerta BCs em todo o mundo

O enfraquecimento do dólar, provocado pelas incertezas com a recuperação da economia dos EUA, vem levantando preocupações de governos de diversas partes do mundo com a excessiva valorização de suas moedas. Nesse contexto, paralelamente à massiva intervenção no câmbio feita pelo Japão na semana passada, outros países se movimentam para conter a apreciação de suas divisas.
Nesta segunda-feira, a porta-voz do Banco da Tailândia, Suchada Kirakul, afirmou que a instituição deve anunciar dentro de uma semana medidas para incentivar a saída de capital.
No mesmo dia em que o governo japonês anunciou a intervenção, na última quarta-feira, a Colômbia informou a retomada da compra de dólares no mercado de câmbio para conter a valorização do peso. O banco central vai comprar pelo menos US$ 20 milhões diariamente em moeda norte-americana durante os próximos quatro meses.
O Banco Central do Peru também já atuou no mercado de câmbio durante este ano. Na última quinta-feira, a instituição comprou US$ 10 milhões, a uma média de 2,788 sóis por dólar. A isso soma-se a Suíça, que atuou várias vezes durante este ano para conter a valorização do franco.

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20/09/2010 - 21:09
FSB é liberado para segurar real


O Fundo Soberano do Brasil (FSB) foi autorizado a adquirir moeda estrangeira sem limites. Em nota emitida nesta segunda-feira, o Ministério da Fazenda informou que o Conselho Deliberativo do Fundo deu aval para a operação.
De acordo com a Fazenda, não haverá um valor máximo para as operações em moeda estrangeira. Dessa forma, o Fundo Soberano poderá comprar a quantia que achar necessária. O comunicado ressaltou ainda que as aplicações financeiras do FSB não terão impacto sobre o Orçamento porque os recursos não são do Tesouro Nacional.
A reunião do conselho do FSB ocorreu na sexta-feira, mas as decisões só foram divulgadas nesta segunda-feira.
Na semana passada, o ministro Guido Mantega havia anunciado que o Fundo Soberano seria usado para comprar dólares com o objetivo de conter a valorização do real. Ao adquirir dólares, o FSB aumenta a demanda pela moeda norte-americana. Isso pode ajudar a elevar a cotação da moeda que, nas últimas semanas, chegou a valer R$ 1,70, a menor cotação do ano.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Debate entre candidatos a presidente no campo da esquerda

Em um esforço para apresentar alternativa ao quadro eleitoral marcado pela falsa polarização criada pela grande mídia entre os candidatos Dilma Rousset e José Serra, no qual todos os demais com poucas excessões (um pouco Marina Silva e menos ainda Plínia de Arruda Sampaio) são esquecidos deliberadamente, especialmente aqueles do campo da esquerda, o Jornal Brasil de Fato realizará no dia 21 de setembro, em São Paulo, um debate entre os candidatos à Presidência da República representados em seu conselho editorial. Foram convidados Dilma Rousseff (PT), Ivan Pinheiro (PCB), Marina Silva (PV), Plínio Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU).

Estão confirmadas as presenças de Ivan Pinheiro (PCB), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU). O debate acontecerá às 21h na Ação Educativa. A atividade não será aberta ao público, mas terá transmissão ao vivo pela página do Brasil de Fato (www.brasildefato.com.br).

Desigualdade faz que os EUA não consiga se recuperar

Forte desigualde social explica porque os EUA não conseguem recuperar sua economia

A notícia de que o número de pobres nos Estados Unidos chegou a 43,6 milhões, ano passado, deve ser lida combinada com o fato de que os executivos dos grandes bancos socorridos com dinheiro do contribuinte estadunidense voltaram a embolsar bônus astronômicos.

A combinação dos dois extremos ajuda a explicar por que, isoladamente, o aumento dos gastos públicos é insuficiente para reativar a economia do país, travada, principalmente, pela persistência de desemprego perto de dois dígitos.

É que, sem medidas para desconcentrar a renda, o crédito, que, aliás continua escasso, apesar das operações bilionária desalvamento aos bancos, tem efeito apenas marginal para relançar o crescimento.

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EUA já têm 43 milhões de pobres
 Monitor Mercantil online, 16/09/2010


Um em cada sete norte-americanos é pobre. O número é o maior desde 1959

O número de pobres nos Estados Unidos cresceu pelo terceiro ano consecutivo, em 2009, chegando a 43,6 milhões, contra 39,8 milhões, em 2008. Os dados foram, divulgados pelo órgão responsável pelo censo do país. O número é o maior dos últimos 51 anos, refletindo os efeitos da crise.
A taxa de pobreza pulou de 13,2%, em 2008, para 14,3%, em 2009, a maior desde 1994. Ou seja, em 2009, um em cada sete norte-americanos vivia na pobreza.
O censo considera pobre quem ganha até US$ 11,2 mil (cerca de R$ 19,2 mil) por ano. Nas famílias com dois adultos e duas crianças, são consideradas pobres as com renda anual de até US$ 21,8 mil (cerca de R$ 37,5 mil).
Os dados referem-se ao primeiro ano do governo Barack Obama, na fase mais aguda da recessão que, nos EUA, começou em 2008.
A frágil recuperação da economia é um dos principais problemas enfrentados pelo presidente, que tem apresentado propostas tímidas para mudar a situação que herdou da desastrosa administração George Bush.
O desemprego, que chegou a 10%, está em 9,6%, sem perspectivas de baixa no curto prazo. O presidente disse que os dados do censo ilustram "o quanto 2009 foi um ano difícil", de acordo com a BBC.
"Mesmo antes da recessão, a renda da classe média estava estagnada e o número de pessoas vivendo na pobreza nos Estados Unidos era inaceitavelmente alto. Os números de hoje deixam claro que nosso trabalho está apenas começando", disse Obama.
Entre quem tem menos de 18 anos, a taxa de pobreza é ainda maior: 20,7%, contra 19%, em 2008.
"Os custos da pobreza infantil permanecerão por muitos anos na forma de baixo desempenho escolar, trabalhadores menos produtivos e maiores gastos com saúde.", disse o economista Harry Holzer, da Universidade de Georgetown.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Maioria das familias tem dificuldade em fazer renda chegar ao fim do mês


Maioria das famílias tem dificuldade em fazer renda chegar ao fim do mês

Mais de 75% das famílias vê algum grau de dificuldade. 
Apenas 1% das famílias brasileiras veem ‘muita facilidade’ em concluir mês

Do G1, em São Paulo
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Mais de 75% das famílias brasileiras dizem ter pelo menos alguma dificuldade de fazer a renda “‘chegar ao fim do mês”. De acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17,9% têm muita dificuldade em chegar ao fim do mês.
Das famílias que alegaram ter muita dificuldade, 64,2% viviam com até três salários mínimos de renda mensal familiar. Entre as famílias com renda entre 3 e 6 salários, 24,2% apontaram o mesmo. Das famílias com renda acima de 15%, 2,1% relataram ter muita dificuldade em chegar ao fim do mês.Na outra ponta, cerca de 25% das famílias relataram ter algum grau de facilidade para alcançar o mesmo objetivo, segundo informações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). O dado é considerado uma medida de bem-estar da população. Do total das famílias, apenas 1% diz ter “muita facilidade” em concluir o mês.

domingo, 19 de setembro de 2010

IBGE lança SIS 2010, relatório sobre condições de vida dos brasileiros

SIS 2010: Mulheres mais escolarizadas são mães mais tarde e têm menos filhos


Embora abaixo do nível de reposição da população, que seria de dois filhos em média por mulher, a taxa de fecundidade média das brasileiras (1,94 filho por mulher em 2009) apresenta importantes desigualdades sobretudo em função da escolaridade. No país como um todo, as mulheres com até 7 anos de estudo tinham, em média, 3,19 filhos, quase o dobro do número de filhos (1,68) daquelas com 8 anos ou mais de estudo (ao menos o ensino fundamental completo). Além de terem menos filhos, a mulheres com mais instrução eram mães um pouco mais tarde (com 27,8 anos, frente a 25,2 anos para as com até 7 anos de estudo) e evitavam mais a gravidez na adolescência: entre as mulheres com menos de 7 anos de estudo, o grupo etário de 15 a 19 anos concentrava 20,3% das mães, enquanto entre as mulheres com 8 anos ou mais de estudo, a mesma faixa etária respondia por 13,3% da fecundidade.
Esse é um dos destaques da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2010, que busca fazer uma análise das condições de vida no país, tendo como principal fonte de informações a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, entre outras, e aborda, neste ano, dez temas.
Ainda sobre mulheres, a SIS mostra que, mesmo mais escolarizadas que os homens, o rendimento médio delas continua inferior ao deles (as mulheres ocupadas ganham em média 70,7% do que recebem os homens), situação que se agrava quando ambos têm 12 anos ou mais de estudo (nesse caso, o rendimento delas é 58% do deles). As mulheres trabalham em média menos horas semanais (36,5) que os homens (43,9), mas, em compensação, mesmo ocupadas fora de casa, ainda são as principais responsáveis pelos afazeres domésticos, dedicando em média 22 horas por semana a essas atividades contra 9,5 horas dos homens ocupados.
Em relação à educação, a SIS mostra evolução entre 1999 e 2009, com aumento, por exemplo, do percentual de pessoas que frequentam instituições de ensino em todas as faixas etárias e todos os níveis de escolaridade – embora o rendimento familiar per capita ainda seja um fator de desigualdade no acesso à escola, sobretudo nos níveis de ensino não obrigatórios (infantil, médio e superior). Apesar da maior democratização no acesso ao sistema escolar, a adequação idade/nível educacional ainda é um desafio, principalmente na faixa de 15 a 17 anos de idade, em que só 50,9% dos estudantes estão no grau adequado (ensino médio).
Quando se comparam os indicadores educacionais para brancos, pretos e pardos, também se percebe uma redução das desigualdades entre os grupos, mas, no que diz respeito à média de anos de estudo e à presença de jovens no ensino superior, em 2009 os pretos e pardos ainda não haviam atingido os indicadores que os brancos já apresentavam em 1999. Além disso, no ano passado, as taxas de analfabetismo para as pessoas de cor ou raça preta (13,3%) e parda (13,4%) eram mais que o dobro da taxa dos brancos (5,9%).
A maior longevidade da população leva a um aumento da participação dos idosos (mais de 60 anos de idade) na população, de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009. Embora a grande maioria desses idosos (64,1%) seja a pessoa de referência no domicílio em que vivem e 77,4% deles afirmem ter doenças, 32,5% não tinham nem cadastro no Programa de Saúde da Família nem plano de saúde particular.
Leia a seguir mais detalhes sobre as principais informações da Síntese de Indicadores Sociais 2010.
País tem 94,8 homens para cada 100 mulheres
Em 2009, havia 94,8 homens no país para cada 100 mulheres. É a chamada razão de sexo, que vem declinando devido à mortalidade masculina mais alta. Entre as regiões metropolitanas, a menor razão de sexo estava em Recife (85 homens para cada cem mulheres) e a maior, em Curitiba (94,6).
A participação das crianças e adolescentes de até 19 anos de idade na população caiu de 40,1% em 1999 para 32,8% em 2009. Já a população com 70 anos ou mais de idade aumentou sua proporção de 3,9% (6,4 milhões de pessoas) em 1999 para 5,1% em 2009 (9,7 milhões).
A proporção de pessoas em idade potencialmente inativa (de 0 a 14 anos e de 65 anos ou mais) em relação a 100 pessoas disponíveis para atividades econômicas (entre 15 e 64 anos) era, em 2009, de 47,2%. As menores razões estavam em Santa Catarina (39,9%) e no Distrito Federal (40,0%), e a maior, no Acre (61,5%).
Em 2009, a esperança média de vida ao nascer no Brasil era de 73,1 anos. Entre 1999 e 2009, esse indicador cresceu 3,1 anos, com as mulheres em situação mais favorável que os homens (de 73,9 para 77 anos, para elas, e de 66,3 para 69,4 anos, para eles). Em 2009, a diferença entre a maior esperança de vida do sexo feminino, 79,6 anos (Distrito Federal), e a menor do sexo masculino, 63,7 anos (Alagoas), era de quase 16 anos a favor das mulheres.
A taxa de mortalidade infantil (número de óbitos por cada mil nascidos vivos – ‰) no Brasil declinou de 31,7‰ para 22,5‰, entre 1999 e 2009. O Rio Grande do Sul tinha a menor taxa de mortalidade infantil em 2009 (12,7‰) e Alagoas (46,40‰), a mais elevada.
Fecundidade varia com escolaridade, cor ou raça e região de residência das mulheres
Em 2009, a taxa de fecundidade total (número médio de filhos que uma mulher teria ao final do seu período fértil) foi de 1,94. Esse valor resulta de um declínio da fecundidade na sociedade brasileira, nas últimas décadas. Rio de Janeiro (1,63) e Minas Gerais (1,67) tinham em 2009 as menores taxas; Acre (2,96) e Amapá (2,87), as maiores. Este declínio da fecundidade vem ocorrendo nas últimas décadas em todas as regiões e em todos os grupos sociais, independentemente da renda, cor e nível.
A escolaridade é um dos condicionantes do comportamento da fecundidade feminina. Para o país como um todo, as mulheres com até 7 anos de estudo tinham, em média, 3,19 filhos, enquanto o número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo era 1,68. Comparando os valores regionais extremos, a distância que separa a fecundidade das mulheres menos instruídas da região Norte (3,61) daquelas que possuem mais escolaridade no Sudeste (1,60) era de 2,01 filhos.
Entre as mulheres com menos de 7 anos de estudo, o grupo de 20 a 24 anos de idade concentrava, em 2009, 37% da fecundidade total, e o de 15 a 19 anos, 20,3%. Já entre as mulheres com 8 anos ou mais de estudo, os grupos etários de 20 a 24 anos (25,0%) e de 25 a 29 anos (24,8%) concentravam, juntos, quase metade da fecundidade, e o grupo entre 15 e 19 anos concentrava 13,3%. Entre as mulheres com menor grau de instrução o padrão de fecundidade tende a ser mais jovem. Como resultado, a idade média com que as mulheres têm filhos também se diferenciava pela instrução: entre aquelas com menos de 7 anos de estudo, a média era de 25,2 anos. Entre as que tinham 8 anos ou mais de escolaridade, a idade média era 27,8, uma diferença de 2,6 anos.
Metade dos jovens de 15 a 17 anos está no nível educacional adequado à sua idade
Em 2009, houve um crescimento expressivo da frequencia ao pré-escolar das crianças de 0 de 5 anos de idade, visto que o percentual das que frequentavam escolas ou creche atingiu 38,1%, enquanto em 1999 era de 23,3%. Mesmo nas áreas rurais, onde a oferta de estabelecimentos para essa faixa etária é mais reduzida, o crescimento foi significativo, de 15,2% para 28,4% nesses dez anos. Na faixa de 6 a 14 anos, desde meados da década de 90, praticamente todas as crianças frequentavam escola (94,2% em 1999 e 97,6% em 2009).
A situação é menos favorável para adolescentes de 15 a 17 anos: em 2009, a taxa de frequência à escola alcançou 85,2%, mas a taxa de escolarização líquida (percentual de pessoas que frequentavam a escola no nível adequado à sua idade, ou seja o ensino médio) era de 50,9% (era de 32,7% em 1999). E ainda havia grande disparidade territorial: Norte e Nordeste tinham, respectivamente, 39,1% e 39,2% de jovens de 15 a 17 anos no nível médio, não chegando a atingir os 42,1% que o Sudeste já tinha em 1999 (em 2009 eram 60,5%).
As desigualdades no rendimento familiar per capita exercem grande influência na adequação idade/nível de ensino frequentado: entre os 20% mais pobres da população, 32,0% dos adolescentes de 15 a 17 estavam no ensino médio, enquanto que, nos 20% mais ricos, essa situação se aplicava a 77,9%.
Em 2009, a média de anos de estudo das pessoas de 15 anos ou mais era 7,5 anos, inferior aos 8 anos necessários para a conclusão do o ensino fundamental obrigatório. No Sudeste, a média atingiu 8,2 anos; e, no Nordeste, 6,7. Para as pessoas de 25 anos ou mais de idade, a média era de 7,1 de anos de estudo. Entre os 20% mais ricos, a média alcançou 10,4 anos de estudo acima do nível obrigatório, mas abaixo dos 11 anos equivalentes ao nível médio completo.
Número de jovens de 18 a 24 anos no ensino superior passou de 22,1% a 48,1% em 10 anos
A população jovem de 18 a 24 anos de idade com 11 anos de estudo (ensino médio completo) representava 37,9% do total nessa faixa etária, em 2009. As desigualdades regionais também eram marcantes: no Sudeste, a proporção era de 44,0%; e no Nordeste, 31,8%. Ainda entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, 15,1% tinham 11 anos ou mais de estudo, e, entre estes, 10,7% continuavam estudando.
A distribuição dos estudantes de 18 a 24 anos entre os níveis educacionais revela avanços: em 1999, 24,8% deles ainda estavam no ensino fundamental, contra 22,1% no ensino superior; em 2009, esses percentuais foram para 8,3% e 48,1%, respectivamente.
Analfabetismo ainda se concentra entre idosos, pessoas com menores rendimentos e residentes no NE
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade baixou de 13,3% em 1999 para 9,7% em 2009. Em números absolutos, o contingente era de 14,1 milhões de pessoas analfabetas. Destas, 42,6% tinham mais de 60 anos, 52,2% residiam no Nordeste e 16,4% viviam com ½ salário mínimo de renda familiar per capita.
Os maiores decréscimos no analfabetismo por grupos etários entre 1999 a 2009 ocorreram na faixa dos 15 a 24 anos. Nesse grupo, as mulheres eram mais alfabetizadas, mas os homens apresentaram queda um pouco mais acentuada, passando de 13,5% para 6,3%, contra 6,9% para 3,0% para as mulheres.
Rendimento familiar é determinante no acesso ao sistema educacional
As desigualdades estão diminuindo no que diz respeito ao acesso ao sistema educacional, mas o nível do rendimento familiar ainda é uma fonte de desigualdade importante, sobretudo nos ciclos de ensino não obrigatórios. Entre 1999 e 2009, a educação infantil (0 a 5 anos de idade), foi o nível de ensino que mais cresceu em termos de frequência (de 32,5% para 40,2%), mas, nessa faixa etária, apenas 30,9% das mais pobres frequentavam creche ou pré-escola, com esse percentual aumentando para 55,2% entre os 20% mais ricos. Na faixa dos 6 a 14 anos, que corresponde ao ensino fundamental, o acesso à escola (97,8% em média) era praticamente igual em todos os níveis de rendimento. Na faixa de 15 a 17 anos (82,6% em média), a diferença entre os mais pobres (81,0%) e os 20% mais ricos (93,9%) chegava a quase 13 pontos percentuais. Para o grupo de 18 a 24 anos (31,3% em média), essa diferença era de 26 pontos percentuais e, mesmo entre os 20% mais ricos, metade dos jovens (49,6%) frequentava estabelecimento de ensino.
Entre as pessoas de 18 a 24 anos de idade, 14,7% declararam somente estudar, 15,6% conciliavam trabalho e estudo, 46,7% somente trabalhavam, 17,8% informaram realizar afazeres domésticos e 5,2% não realizavam nenhuma atividade. No grupo de 16 a 24 anos, 22,2% recebiam até ½ salário mínimo no mercado de trabalho. No Nordeste, esse percentual dobrava (43,5%). Além disso, 26,5% das pessoas nessa faixa etária trabalhavam mais de 45 horas semanais.
Entre os jovens de 15 a 24 anos, quase 647 mil, o que correspondia a 1,9%, eram analfabetos, e a maioria deles estava no Nordeste (62%),vindo em seguida o Sudeste (19%).
62,6% dos domicílios urbanos têm abastecimento de água, rede de esgoto e coleta de lixo
Em 2009, 19% dos domicílios urbanos brasileiros abrigavam famílias cujo rendimento era de até ½ salário mínimo per capita. No Norte (30,7%) e no Nordeste (36,3%), os percentuais estavam muito acima da média nacional; na outra ponta estava o Sul (10,9% nessa situação), seguido do Sudeste (12,2%) e do Centro-Oeste (16,4%). A população de menor rendimento residia majoritariamente em casas (96,6%). De uma forma geral, em 2009, 87,5% dos domicílios brasileiros eram casas e 12,1% apartamentos.
Em 2009, 62,6% dos domicílios brasileiros urbanos eram atendidos, ao mesmo tempo, por rede de abastecimento de água, rede coletora de esgoto e coleta de lixo direta – em 1999, eram 57,2%. Entre aqueles com rendimento médio de até ½ salário mínimo per capita, o percentual não chegava à metade (41,3%) e subia para 77,5% entre os domicílios com mais de dois salários mínimos de rendimento domiciliar per capita.
No Norte, 13,7% dos domicílios urbanos tinham acesso aos três serviços simultâneos de saneamento e, nos domicílios mais pobres, esse percentual não chegava a 10%. No Nordeste, o percentual médio ficava em 37% (27,9% para a faixa de rendimento de até ½ salário mínimo per capita). No Sudeste estavam as melhores condições, com uma média de 85,1% dos domicílios nessas condições.
No Brasil, em 2009, 21,1% dos domicílios tinham simultaneamente energia elétrica, telefone fixo, Internet, computador, geladeira, TV em cores e máquina de lavar (em 2004, eram 12,0%). Na região Norte, 7,5% se enquadravam nesse critério, enquanto no Sudeste a proporção era de 27,8%; no Sul, de 27,1%; no Centro-Oeste, de 17,6%; e no Nordeste, de 8,1%. Entre as unidades da federação, o Distrito Federal tinha 40,3% dos domicílios nessa situação, seguido, com uma diferença de quase dez pontos percentuais, por São Paulo (31,9%). No outro extremo estavam Maranhão (3,7%), Piauí (5,7%) e Tocantins (5,8%).
10% dos alunos da educação básica não têm água filtrada para beber na escola
Em 2009, quase 60% das crianças de até 14 anos (46,3 milhões) residiam em domicílios em que pelo menos um serviço de saneamento (água, esgoto ou lixo) não era adequado. Cerca 5 milhões de crianças (10,9% do total de 0 a 14 anos) moravam em domicílios onde essas três formas de saneamento eram inadequadas simultaneamente, percentual que chegava a 19,2% entre as crianças nordestinas.
Dados do Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) mostram que entre os alunos da educação básica, 40% estudavam em escolas sem esgotamento sanitário por rede pública; 14% dos alunos estudavam em escolas sem abastecimento de água por rede pública; 9% dos alunos estudavam em escolas sem coleta de lixo; e 10% dos alunos (5,2 milhões) não tinham acesso a água filtrada para beber no local de estudo.
Desigualdades de rendimento familiar mostram redução
O número médio de pessoas na família caiu de 3,4 em 1999 para 3,1 em 2009, sendo 4,2 entre as famílias com rendimento mensal per capita de até ½ salário mínimo. Observa-se, nesses dez anos, um aumento relativo na proporção de casais sem filhos (de 13,3% para 17,1%) e uma redução de casais com filhos (de 55% para 47,3%). As mulheres sem cônjuge e com filhos representavam 17,4% em 2009, sem alteração significativa na década.
A razão entre a renda familiar per capita dos 20% mais ricos e a dos 20% mais pobres mostra tendência de redução nas desigualdades. Em 2001, os 20% mais ricos recebiam em média 24,3 vezes mais que os 20% mais pobres, e essa relação caiu para 17,8 em 2009. Entre 1999 e 2009, houve aumento da participação no rendimento familiar das chamadas “outras fontes” de rendimento (que inclui os programas de transferência de renda e rendimentos de juros, aluguéis, dividendos entre outros), para as famílias com rendimento familiar per capita de até 1/4 de salário mínimo. Para estas, os rendimentos de “outras fontes” representavam 28,0% do total do rendimento familiar em 2009, contra 4,4% em 1999. Para o total de famílias, as “outras fontes” representavam 5,0% do rendimento familiar em 2009, 76,2% correspondiam a rendimento do trabalho e 18,8% a rendimentos de aposentadoria e pensão.
Taxas de analfabetismo de pretos e pardos são mais que o dobro da de brancos
De 1999 a 2009, houve um crescimento da proporção das pessoas que se declaravam pretas (de 5,4% para 6,9%) ou pardas (de 40% para 44,2%), que agora em conjunto representam 51,1% da população. A situação de desigualdade por cor ou raça, porém, persiste.
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade era de 13,3% para a população de cor preta, de 13,4% para os pardos contra 5,9% dos brancos. Outro indicador importante é o analfabetismo funcional (pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de quatro anos completos de estudo), que diminuiu de 29,4% em 1999 para 20,3% em 2009. Essa taxa, que para os brancos era de 15%, continua alta para pretos (25,4%) e pardos (25,7%).
A população branca de 15 anos ou mais tinha, em média, 8,4 anos de estudo em 2009, enquanto entre pretos e pardos, a média era 6,7 anos. Os patamares são superiores aos de 1999 para todos os grupos, mas o nível atingido tanto pelos pretos quanto pelos pardos ainda é inferior ao patamar de brancos em 1999 (7 anos de estudos).
Em 2009, 62,6% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos cursavam o nível superior (adequado à idade), contra 28,2% de pretos e 31,8% de pardos. Em 1999 eram 33,4% entre os brancos contra 7,5% entre os pretos e 8% entre os pardos. Em relação à população de 25 anos ou mais com ensino superior concluído, houve crescimento na proporção de pretos (2,3% em 1999 para 4,7% em 2009) e pardos de (2,3% para 5,3%). No mesmo período, o percentual de brancos com diploma passou de 9,8% para 15%.
Rendimento-hora de pretos e pardos é menor do que dos brancos
O rendimento de pretos ou pardos continuam inferiores aos de brancos, embora a diferença tenha diminuído nos últimos dez anos. O rendimento-hora de pretos e de pardos representava respectivamente 47% e 49,6% do rendimento-hora dos brancos em 1999, passando a 57,4% para cada um dos dois grupos em 2009. Os percentuais de rendimentos-hora de pretos e pardos em relação ao dos brancos, em 2009, eram, respectivamente, de 78,7% e 72,1% para a faixa até 4 anos de estudo, de 78,4% e 73% para 5 a 8 anos, de 72,6% e 75,8% para 9 a 11 anos, e de 69,8% e 73,8% para 12 anos ou mais.
Comparando-se o Índice de Gini para o rendimento mensal familiar per capita, verifica-se diminuição na desigualdade em proporção similar para brancos (de 0,572 para 0,537), pretos (de 0,502 para 0,471) e pardos (de 0,531 para 0,497). O índice vai de zero a um: quanto maior, mais desigual.
A desigualdade entre brancos, pretos e pardos se exprime também quando se observa o número de pessoas por posição na ocupação. Entre as pessoas ocupadas de 10 anos ou mais de idade, em 2009, eram empregadores 6,1% dos brancos contra 1,7% dos pretos e 2,8% dos pardos. Ao mesmo tempo, pretos e pardos eram, em maior proporção, empregados sem carteira (17,4% e 18,9%, respectivamente, contra 13,8% de brancos) e a maior parte dos empregados domésticos com carteira assinada (3,9% e 2,3% contra 1,9%) e sem carteira (8,3% e 6,8% contra 4,1%).
Trabalho informal prevalece entre mulheres jovens e idosas
O percentual de mulheres no mercado de trabalho formal (que têm carteira assinada, incluindo domésticas, militares e funcionárias públicas estatutárias, são empregadoras ou trabalhadoras por conta própria que contribuíam para a previdência social) subiu de 41,5%, em 1999, para 48,8% no ano passado. Entre os homens, houve um incremento de 45,9% para 53,2%. No mesmo período, a participação feminina na categoria empregado com carteira assinada passou de 24,2% para 30,3%. A participação das trabalhadoras não remuneradas, que trabalham na produção para o próprio consumo ou que exercem atividades na construção para o próprio uso, por sua vez, caiu de 18,7% para 11,6%.
Entre as jovens de 16 a 24 anos, 69,2% das ocupadas estavam em trabalhos informais. A taxa era mais elevada entre as mulheres de 60 anos ou mais: 82,2%. As diferenças eram ainda mais expressivas na comparação regional: no Sudeste, 57,2% das mulheres jovens estavam inseridas em trabalhos informais no Nordeste chegava a 90,5%.
No que tange à cor ou raça, a inserção das mulheres também se dava de forma diferenciada. Entre as de cor branca, cerca de 44,0% estavam na informalidade; percentual que era de 54,1% entre as pretas e de 60,0% entre as pardas. A maior diferença na taxa de formalidade entre as mulheres, segundo sua cor ou raça, ocorreu na região Norte, onde 55,9% das brancas estavam no mercado informal contra 67,1% das pretas e 68,3% das pardas. A menor diferença era a do Sul, cujos percentuais eram de 44,2% para brancas, 43,4% para pretas e 50,5% para pardas.
Entre os mais escolarizados, mulheres ganham 58% do que recebem os homens
Mesmo com maior escolaridade, as mulheres têm rendimento médio inferior ao dos homens. Em 2009, o total de mulheres ocupadas recebia cerca de 70,7% do rendimento médio dos homens ocupados. No mercado formal essa razão chegava a 74,6%, enquanto no mercado informal o diferencial era maior, e as mulheres recebiam 63,2% do rendimento médio dos homens.
A diferença era ainda maior entre os mais escolarizados: as mulheres com 12 anos ou mais de estudo recebiam, em média, 58% do rendimento dos homens com esse mesmo nível de instrução. Nas outras faixas de escolaridade, a razão era um pouco mais alta (61%). Entre 1999 e 2009, as disparidades pouco se reduziram.
O trabalho doméstico é um nicho ocupacional feminino por excelência, no qual 93% dos trabalhadores são mulheres. Em 2009, 55% delas tinham entre 25 e 44 anos, e a porcentagem de pardas era de 49,6%. Um percentual expressivo de trabalhadoras domésticas (72,8%) não possuía carteira de trabalho assinada; a média de anos de estudo era de 6,1, e o rendimento médio ficava na ordem de R$395,20.
Enquanto, em 2009, as mulheres trabalhavam em média 36,5 horas (em todos os trabalhos) semanais, para os homens a carga era de 43,9 horas. Nos trabalhos informais, a média caía a 30,7 horas para as mulheres e a 40,8 horas para os homens. Já nas ocupações formais, tanto para as mulheres (40,7 horas) quanto para os homens (44,8), a média de horas trabalhadas era maior que as 40 horas semanais.
Quando se analisa a média de horas trabalhadas por grupos de escolaridade tanto os homens quanto as mulheres com 9 a 11 anos de estudos trabalham mais do que os seus pares nos demais grupos. As mulheres com escolaridade mais baixa trabalham menos do que aquelas com mais de 12 anos de estudo, enquanto o inverso ocorre para os homens: aqueles com maior escolaridade trabalhavam menos do que os outros.
Apesar do aumento da taxa de atividade das mulheres, essas permanecem como as principais responsáveis pelas atividades domésticas e cuidados com os filhos e demais familiares. No Brasil, a média de horas gastas pelas mulheres a partir dos 16 anos de idade em afazeres domésticos é mais do que o dobro da média de horas dos homens. Em 2009, enquanto as mulheres de 16 anos ou mais de idade ocupadas gastavam em média 22,0 horas em afazeres domésticos, os homens nessas mesmas condições gastavam, em média, 9,5 horas.
A questão dos afazeres domésticos vista pela escolaridade mostra que as mulheres ocupadas com 12 anos ou mais de estudo passavam menos tempo se dedicando aos afazeres domésticos (17,0 horas semanais), quando comparadas às mulheres com até 8 anos de estudo (25,3 horas semanais).
Em 2009, 41 mil mulheres relataram ter sido vítimas de violência
A Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) registrou, em 2009, por sua Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), quase 41 mil relatos de violência contra a mulher, o que representou 10,2% dos atendimentos, que incluem pedidos de informação, prestação de serviços, reclamações, sugestões e elogios. Do total de relatos de violência, cerca de 22 mil (53,9%) referiam-se à violência física e mais de 13 mil (33,2%) relatavam violência psicológica, enquanto 576 (1,4%) eram casos de violência sexual.
Vale destacar que, no Brasil, dos 5.565 municípios existentes, apenas 274 contam com atendimento judicial especializado na questão de violência doméstica e familiar contra a mulher. O maior número deles está no estado de São Paulo, com 41 municípios que contam com este serviço, seguido de Minas Gerais, com 26. Distrito Federal e Amapá não oferecem esse tipo de vara especializada. O número de município com delegacia de polícia especializada no atendimento à mulher é um pouco mais alto, 397 em todo o país, sendo 120 no estado de São Paulo e 49 em Minas Gerais. Roraima tem este tipo de unidade de segurança em apenas um município.
22,6% das pessoas com 60 anos ou mais declaram não ter doenças e 45,5% consideram seu estado de saúde bom ou muito bom
Em 2009, havia cerca de 21 milhões de idosos no país e, entre 1999 e 2009, o percentual das pessoas com 60 anos ou mais de idade no conjunto da população passou de 9,1% para 11,3%. Nessa faixa etária, as mulheres eram maioria (55,8%), bem como os brancos (55,4%). Entre os idosos, 64,1% eram a pessoa de referência no domicílio, pouco menos de 12% tinham renda domiciliar per capita de até ½ salário mínimo, 30,7% tinham menos de um ano de instrução e 66% já estavam aposentados.
De acordo com o Suplemento de Saúde da PNAD 2008, apenas 22,6% dos idosos declararam não ter doenças. Entre aqueles com 75 anos ou mais, este percentual caiu para 19,7%. Quase metade (48,9%) dos idosos sofria de mais de uma doença crônica, e, no subgrupo a partir de 75 anos, o percentual atingia 54%. A hipertensão foi a enfermidade que mais se destacou, com proporções em torno de 50%. Dores na coluna e artrite ou reumatismo atingiram respectivamente 35,1% e 24,2% das pessoas de 60 anos ou mais.
Enquanto 77,4% dos idosos declararam sofrer de doenças crônicas, 45,5% afirmaram que seu estado de saúde era “muito bom” ou “bom”. Apenas 12,6% disseram ter a saúde “ruim” ou “muito ruim”, e, entre estes últimos, destacaram-se aqueles com 75 anos ou mais, os pretos ou pardos e os que viviam com renda familiar de até ½ salário mínimo per capita.
O percentual de idosos que não conseguiam ou tinham grande dificuldade em caminhar 100 metros passou de 12,2% (2003) para 13,6% (2008). Esse aumento pode ser explicado pela elevação da esperança de vida (entre aqueles com 75 anos ou mais, o percentual dos que declararam dificuldade ou incapacidade era de 27,2%). Como as mulheres são maioria neste grupo, 15,9% das mulheres declararam ter dificuldade de caminhar 100 metros, contra 10,9% dos homens.
Ainda segundo o suplemento da PNAD 2008, 32,5% dos idosos não tinham seu domicílio cadastrado no Programa Saúde da Família nem tinham plano de saúde particular. Essa situação de desproteção era um pouco menor a partir da faixa de rendimento domiciliar per capita de 2 salários mínimos ou mais, quando o percentual era de 19,7%. No Rio de Janeiro, que tem a proporção de idosos mais elevada do país, quase metade (49,1%) dos idosos vivia sob tais condições.

IBGE -Comunicação Social, 17 de setembro de 2010