Entre as alternativas propostas em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos, estão o Imposto sobre Grandes Fortunas e o aperfeiçoamento do Imposto Territorial Rural
Aperfeiçoar o sistema tributário com mudanças pontuais pode ser uma alternativa ao congelamento de gastos públicos previsto na PEC do Teto de Gastos, aprovada ontem [25/10] em segundo turno pela Câmara dos Deputados. Foi o que defenderam os participantes de audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O técnico do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) André Calixtre disse que haveria arrecadação anual de R$ 49 bilhões com a regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, previsto na Constituição e até hoje não cobrado pelo governo.
Já Fernando Gaiger, também do Ipea, afirmou que o fim das distorções na tributação do Imposto de Renda (IR) resultaria em receita adicional de R$ 100 bilhões, “nos cálculos mais conservadores”.
Para ele, existem oportunidades para crescimento da tributação direta, com o aperfeiçoamento dos mecanismos de cobrança dos Impostos de Transmissão de Bens Imóveis Intervivos e de Transmissão Causa Mortis e Doação. Uma das ideias do pesquisador é estabelecer alíquotas progressivas — quanto maior o valor, mais elevada a alíquota.
Outro imposto citado é o Territorial Rural (ITR). Segundo Calixtre, é o único imposto que diminuiu em termos nominais, apesar do crescimento do agronegócio.
— O agronegócio é altamente beneficiado e participa muito pouco do esforço fiscal. O professor de economia Felipe Rezende, da Hobart and William Smith Colleges (EUA), reconheceu a necessidade de um novo regime fiscal, mas com a adoção de “metas de superavit estruturais”, ajustadas de acordo com as flutuações das condições econômicas.
Críticas
Autor do requerimento da audiência, Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que, no momento em que o país vive uma recessão, “em que as famílias e as empresas não gastam, só há um jeito de sair dessa crise, que é o Estado gastando”.
Para o senador, a situação só se resolve com crescimento da economia, rompendo o “círculo vicioso de ajuste fiscal, economia estagnada, frustra- ção de receita e mais crise”. A presidente da CAE, Gleisi Hoffmann (PT-PR), lamentou a ausência de um representante do governo no debate de um tema que vai mexer muito na vida do povo brasileiro.
— O governo tinha que estar aqui para fazer sua defesa, dizer por que está mexendo na área fiscal só pela despesa e não pela tributação. Para a senadora, a alternativa é a “progressividade tributária, mais concreta em termos de política fiscal”.
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sugeriu que a CAE edite publicação com o resumo das propostas alternativas à PEC. Segundo a senadora, os debates já promovidos pela comissão mostraram que é possível outro caminho para tirar o Brasil da crise.
Fonte:
Jornal do Senado - Brasília, quarta-feira, 26 de outubro de 2016 | Visto em: http://www12.senado.leg.br/jornal/edicoes/2016/10/26/jornal.pdf | Acessado em: 27/10/2016
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