Selic sobe a 11% e desestimula poupança. Juros impedem tributos de darem retorno em serviços. País é o último na relação imposto/IDH. Juros engoliram 68% da alta tributária.
Selic sobe a 11% e desestimula poupança
Monitor Mercantil, 02/04/2014
Pela nona vez seguida, o Banco Central (BC) reajustou os juros básicos da economia. Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano. É o maior nível desde janeiro de 2011, época em que a presidente Dilma Rousseff tomou posse, quando a taxa estava em 10,75% ao ano.
Em agosto daquele ano, a taxa passou a ser reduzida sucessivamente pelo Copom até atingir 7,25% ao ano em outubro de 2012, o menor valor da história. A Selic foi mantida nesse patamar até abril de 2013, quando o Copom iniciou um novo ciclo de alta nos juros básicos para conter a inflação.
A elevação da Selic continua a desestimular quem guarda dinheiro na poupança. De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a alta dos juros básicos tornou mais atrativos os fundos de investimento, apesar de a poupança não pagar impostos nem taxas de administração.
Segundo a Anefac, apenas nos casos em que os fundos de investimento cobram altas taxas de administração, a partir de 3% ao ano, a poupança torna-se mais vantajosa. Para taxas de 2,5% ao ano, a caderneta só rende mais que os fundos em aplicações de até um ano. Para taxas inferiores a 2,5%, os fundos são mais rentáveis em todas as situações.
Juros impedem tributos de darem retorno em serviços
Monitor Mercantil, 03/04/2014 - Sérgio M. Souto
País é o último na relação imposto/IDH. Juros engoliram 68% da alta tributária
Pelo quinto ano seguido, o Brasil ficou na última posição do ranking de retorno de tributos à população. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o país é o que menos retorna serviços públicos de qualidade em relação aos impostos, contribuições e taxas arrecadadas.
O levantamento comparou 30 países e verificou o bem-estar da população, medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em relação à carga tributária – proporção dos tributos sobre o Produto Interno Bruto (PIB,). O Brasil ficou em 30º, atrás de vizinhos como Uruguai (13º) e Argentina (24º).
Embora o levantamento do IBPT não apresente essa conclusão, a principal causa dessa discrepância é a forte derrama provocada na economia pelos gastos com juros.
Estudo dos pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) José Roberto Afonso e Érica Araújo mostrou que, entre 1995 e 2002, só 2,5% do aumento dos tributos voltaram à sociedade em bens e serviços.
Isso ocorreu, segundo os pesquisadores, porque a maior parte do aumento da arrecadação do período (67,5%) foi destinada ao pagamento de juros da dívida pública e a ajustes da mesma.
Embora os pesquisadores não tenham depois atualizados os números, essa realidade não mudou muito. Em 2005, o professor da Unicamp Marcio Pochmann, calculou que, na última década, os gastos do setor público com juros equivaleram a dois meses e 19 dias de salário de todos os trabalhadores brasileiros por ano. O número equivalia a 22% da renda mensal do brasileiro.
Já os dados utilizados pelo IBPT sobre a carga tributária são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o ranking do IDH é o das Nações Unidas, trabalhados, nos dois casos, sobre números de 2012, os mais recentes.
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