Fatos e Comentários | Monitor Mercantil, 05/07/2012
Sacrifício
Para o coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg, o Plano Real, que acaba de completar 18 anos, sempre tendeu à valorização cambial e à privilegiar o setor de serviços. "Isto pressiona o custo da produção e a produtividade patina. A estratégia, com a vulnerabilidade do balanço de pagamentos, era não abalar a confiança externa para evitar uma crise cambial que desestruturaria o orçamento público (dívida) e os preços (inflação). Por conta disso, o crescimento foi sacrificado", analisa.
Quase
No entanto, Messenberg destaca que o quadro de "passivo externo líquido em trajetória de bola de neve", que mantinha a economia presa à dinâmica externa e secava as fontes de financiamento, não existe mais. "A desvalorização cambial do início do Governo Lula favoreceu as exportações e, consequentemente, o balanço de pagamentos. Isso nos deu maior credibilidade quanto ao pagamento do passivo externo líquido. Também a elevação do preços das commodities tornou o balanço de pagamentos até superavitário por um tempo. Mas houve atração de capitais e o câmbio voltou a valorizar", lembrou.
Sem horizonte
Agora, os ciclos de valorização das commodities, que vinham ajudando a puxar o investimento, e o consumo turbinado pelo crédito e transferência de renda está esgotado. "O aumento da inadimplência fez o consumo baseado no crédito desacelerar. Foi um esgotamento natural, que influencia negativamente o investimento. Por isso, o investimento público passou a ser a tábua de salvação", argumenta, lamentando que o governo esteja indo na direção contrária. "O superávit primário continua sendo a fadinha da confiança externa. Por isso estamos privilegiando o curto prazo com políticas localizadas que não levam a um crescimento planejado. A política econômica se transformou num emaranhado de medidas desconexas e pontuais. A estratégia ficou de lado", resumiu.
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