(Foto: Nuno Ferreira Santos)
Do Público
O empréstimo da Europa à Espanha para curar alguns dos bancos pode não funcionar porque o Governo e a banca estarão de facto a sustentar-se mutuamente, defende o economista Joseph Stiglitz
“O sistema... é o Governo a socorrer os bancos, e os bancos a socorrerem o Governo”, disse numa entrevista citada pela agência Reuters. “É economia vudu”, caricaturizou, numa entrevista na sexta-feira, ainda antes de ser conhecida a decisão europeia de emprestar até 100 mil milhões de euros à banca espanhola, anunciada no sábado.
Este professor de Economia da Universidade de Columbia, nos EUA, considera que, como os bancos são os principais compradores de dívida soberana, o Governo poderia ver-se obrigado a pedir ajuda aos bancos aos quais agora chegarão fundos europeus. “Se o Governo espanhol resgata os bancos e a banca resgata o Governo, o sistema converte-se numa economia vudu. Não vai funcionar e não está a funcionar”, disse.
Este professor de Economia da Universidade de Columbia, nos EUA, considera que, como os bancos são os principais compradores de dívida soberana, o Governo poderia ver-se obrigado a pedir ajuda aos bancos aos quais agora chegarão fundos europeus. “Se o Governo espanhol resgata os bancos e a banca resgata o Governo, o sistema converte-se numa economia vudu. Não vai funcionar e não está a funcionar”, disse.
Defendeu que a Europa devia acelerar a discussão sobre um sistema bancário comum, porque “não há maneira de, quando uma economia entra em queda, ser capaz de sustentar políticas que restaurem o crescimento sem uma forma de sistema europeu”.
Stiglitz foi conselheiro económico do antigo Presidente democrata dos EUA Bill Clinton e é há muito crítico dos pacotes de austeridade. Assim, considera que o que a UE fez até agora foi mínimo e numa direcção errada, porque as medidas de austeridade para diminuir o risco da dívida têm como resultado diminuir o crescimento e fazer aumentar o peso da dívida, disse ainda. “Ter corta-fogos quando se está a regar o fogo com gasolina não vai resultar. Vai ser preciso enfrentar o problema de base, que é o de promover o crescimento”, disse.
“A Alemanha vai ter de enfrentar a questão: quer pagar o preço que se seguiria a uma dissolução do euro, ou quer pagar o preço de manter vivo o euro?”, resumiu Stiglitz. “Penso que o preço que eles vão pagar se o euro se desintegrar será maior do que o preço que vão pagar para manter o euro. Espero que percebam isso, mas podem não perceber”, rematou.
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