sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Das chances de uma Terceira Guerra Mundial

Por Almir Cezar Filho

Presidentes do Irã, China e Rússia | oposicionistas
aos EUA.
Acordo com a internet em pânico com os desdobramentos do assassinato do general iraniano em solo iraquiano sob uma ação dolosa das forças dos  EUA, sob comando direta de D. Trump. As autoridades iranianas anunciaram resposta proporcional.

Meus amigos sabem que desde 2015 falo abertamente, mas com certa discrição, que prevejo como altamente provável a deflagração de uma Terceira Guerra Mundial.


Atualmente, restam duas potências não subordinadas plenamente ao imperialismo (um condomínio composto EUA, como sócio majoritário, seguido por UE e Japão), que são China e Rússia, capazes de propiciar uma situação na balança do poder mundial. Sem esse equilíbrio, não há como país algum no mundo desenvolver-se. 

Mas a China vem ganhando poder em vastos campos, e a Rússia reafirma-se, a partir de seu espólio ex-URSS, como potência nuclear e balística de grande porte. Isso lhes dá a cada autonomia nas decisões políticas e econômicas, e limita um pouco a tirania exercida pelo imperialismo, se não em âmbito global, ao menos em seu próprio país e área de influência. Se tivessem mantido abertos à influência do império, não teriam alcançado o status de potências mundiais. Porém, para tanto, precisaram de regime centralizado e fechado - ditaduras altamente belicosas.

Por outro lado, o imperialismo desde o começo deste século  XXI perdeu qualquer freio, qualquer tipo de ressalva em sua ações beligerantes na defesa dos respectivos interesses do seu grande capital, assumindo com W. Bush e agora com Trump sua "cara feia".

A guerra civil da Síria e a endêmica instabilidade do Iraque, é um campo relacionado, profundamente, com o controle de extraordinária importância geoestratégica e geopolítica na região do Grande Oriente Médio no que diz respeito as fontes energéticas e os itinerários de transporte de petróleo e gás natural.

É um campo, cujo controle, muito oportunamente, sob a denominação Eurasia, o Zbigniew Brzezinski, desde o final da década de 1990, havia caracterizado “crítico” para a conservação da “pantocracia” dos EUA, considerando que, somente assim poderiam controlar o desenvolvimento e o fortalecimento de outras pretensas forças adversárias, como são a Rússia e a China.

Protestos no Irã pela morte do general
É um campo, no qual, definem-se interesses de alcance mundial, a possibilidade de controle de mercados e países, e a consolidação do poderio.

A escalada de conflito entre os EUA e Irã só evoluiria a uma guerra se contar com apoio de seus respectivos aliados. E transcederia a uma Guerra Mundial se esse mesmos aliados se perfilarem nas ações beligerantes. 

A guerra civil na Síria e a montagem de duas coalizões rivais (mas não conflituosas), entre EUA e Arábia Saudita de um lado, e Rússia e Irã  (com apoio da China) do outro, mostra ser altamente possível. 

A impopularidade eleitoral de Trump alimenta esse cenário - o nacionalismo sempre foi nos EUA uma fonte de voto. E a atual fragilidade do sistema multilateral mundial, motivada principalmente pela própria ingerência dos EUA, não refreará a elevação da tensão.

O ponto-chave da deflagração de uma guerra portanto, será não a eficiência da burocracia da diplomacia internacional ou do cálculo das autoridades, mas o tamanho das mobilizações populares contra (ou a favor) da escalada militar.

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