quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

A Mesoeconomia: o papel das instituições, dos valores e dos comportamentos

Por Almir Cezar Filho 

O vasto campo mais convencional da Economia ("Ciência Econômica") - menos vinculado aos temas de História, seja a História Econômica ou a História do Pensamento econômico, nem relacionado ao que se denomina de Economia Política - denomina-se de "Teoria Econômica". Nesta, dividi-se a Economia em "Microeconomia" e "Macroeconomia", bem conhecidas até pelo público leigo (apesar de variada confusão sobre o que trata cada uma...). Contudo, um campo intermediário, ligado a dimensão das instituições, valores, moralidade e comportamento pode-se ser chamado de "Mesoeconomia", de "meso-", meio em grego.

A secção da Teoria Econômica em Microeconomia e Macroeconomia tenta emular a Física e outras Ciências Naturais quanto a dimensão e escala dos corpos analisados, cujas leis científicas não operam igualmente. Onde o objeto observado não pode ser classificado mesma semelhança. E nessa emulação também opera vasto processo de matematização, na maioria dos casos inclusive alienante, ou mesmo autista (desculpe-me pelo emprego capacitista). Alheio e desviante da perspectiva explicativa e preditiva de uma teoria, mas ligada a linguagem e estética dos acadêmicos.

Apesar de negligenciada, as instituições, os valores morais e outros aspectos comportamentais e/ou identitários são alvo de interesse. Há secularmente na Economia a tradição da Escola Institucionalista. E há ainda a Escola Histórica Alemã e o seguidores de Joseph Schumpeter (os "schumpeterianos").

Mas últimas décadas surgiu um vasto campo de estudo de Economia Comportamental, de Integridade, de Psicoeconomia e de Economia de Identidade. Bem verdade, parte dessa teia teórica tenta ser enquadrada, tanto na Micro como na Macroeconomia, não limitando a uso dos aproxes em seu próprio campo, mas comprindo em um desses dois polos da Teoria Econômica. 

Mas, como não podia deixar de ser, na maioria das vezes com pouco sucesso. Os temas transbordam por si, incorrendo um "departamento" próprio, uma disciplina científica a parte. Porém, como definir essa Mesoeconomia?
"O desenvolvimento econômico depende das instituições e as instituições, ao mesmo tempo, são uma medida do desenvolvimento econômico. Assim, correlação e causalidade se confundem num processo cumulativo e circular – uma espiral de mudanças que condiciona a ampliação das liberdades dos indivíduos. A contribuição pretendida por este ensaio é reunir e propor uma organização de várias idéias dispersas no tema “instituições e desenvolvimento econômico”. Nossa releitura adiciona um breve exemplo da relação entre mercados, firmas e estado no âmbito do desenvolvimento. Isto permite defender o retorno a uma análise econômica que não se limite às falhas de mercado, mas que encare a responsabilidade de lidar com um emaranhado mais complexo de interações." (Huáscar Pessali e Fabiano Dalto em "A mesoeconomia do desenvolvimento econômico: o papel das instituições").
Mas o que excede a Macroeconomia, o estudo do desenvolvimento econômico em si? No caso da Física, ou melhor dizendo da Astronomia, há a Cosmologia. O ramo da astronomia que estuda a estrutura e a evolução do universo em seu todo, preocupando-se tanto com a origem quanto com a evolução dele. Haveria uma "Cosmoeconomia"? 

Mas isso é tema para uma outra digressão...

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