A atualidade da homenagem em um época que ainda não se purgou os crimes do autoritarismo
por Almir Cezar Filho
Hoje é dia de Tiradentes. Um feriado para homenagear um rebelde que lutou contra um estado tirânico. Torturado na prisão, morreu após um julgamento forjado, e teve nem seu corpo o direito a um velório e sepultura digna por sua família. Isso lembra alguma coisa?. Nada mais atual do que essa homenagem em um época que ainda não se purgou os crimes do autoritarismo.
Pois bem, muitos dos homens "de bem" de hoje que o homenageiam não fazem a conexão. Na década de 1960/70, com os direitos civis cerceados homens e mulheres se enfrentaram com uma ditadura sanguinária que matou, torturou, prendeu, cassou e exilou não apenas os comunistas, mas qualquer um que estivesse em sua mira. Hoje os rebeldes contra a Ditadura são caluniados.
A despeito de eu não concordar com o método da guerrilha, vale lembrar que a guerra popular dos partisans e da Resistência Francesa contra o nazismo é hoje celebrada. E os poucos grupos e focos dentro da própria Alemanha são tratados com honrarias.
Contudo no Brasil, eleitores minoritários, mas raivosos, batem palmas para um deputado federal bufão que resume sua atuação parlamentar em falar sandices e xingamentos, defender os crimes da Ditadura e dar emprego público a seus próprios parentes.
É ainda mais atual a homenagem a Tiradentes em nossa época, justamente quando se insiste em não se purgar os crimes do autoritarismo e se justifica os crimes dos opressores com reação violenta dos oprimidos. Não se precisa concordar com o conjunto de idéias e métodos dos Inconfidentes, tal como das várias organizações que lutaram armadamente ou não contra a Ditadura.
Tiradentes e os Inconfidentes precisaram que se passem quase todo o século XIX para ser celebrado oficialmente pela sociedade. Raros são os heróis e mártires reconhecidos por sua própria geração. Estou aguardando esse tempo futuro para a verdade ser restabelecida. É a minha esperança.
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