por Almir Cezar
As grandes cidades são abastecidas diariamente pelos mesmos tipos de vegetais destinados a alimentação, o que empobrece o cardápio da população e subvaloriza a biodiversidade local, por não serem plantas nativas, em maioria.
Nossos ancestrais conheciam e usavam cerca de 5.000 tipos de vegetais e atualmente são utilizadas apenas 130 espécies, 95% das nossas exigências alimentares são cobertas por apenas 30 vegetais e mais da metade dos nutrientes vem do milho, arroz e trigo.
Assim, algumas plantas conhecidas como 'inços' ou 'daninhas' apresentam grande potencial alimentício e podem ter um papel importante como suplemento da dieta alimentar, fonte de renda complementar, fator de redução de impactos ambientais, além de ser uma medida de valorização dos recursos naturais. Estas plantas espontâneas com potencial alimentício vêm sendo cada vez mais estudadas, e são denominadas Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC).
No cardápio do brasileiro toda uma série de vegetais são originárias da agricultura europeia. Inclusive, outras culturas da África, Ásia e de outras partes das Américas vieram trazidas pela colonização europeia. Misturando-se de tal forma a vida nacional de que não suspeitamos que, por exemplo, a banana, a manga, a cana-de-açúcar ou o café tenham origem fora.
Por sua vez, cada vez mais variedades especialmente nativas dessas mesas plantas desaparecem em detrimento de variedades mais lucrativas. Algumas desenvolvidas em laboratórios de pesquisa sobre controle das gigantes da agroindústria. Reduzindo a variedade genética.
As ‘plantas alimentícias não convencionais’ (PANC) são plantas que nós, ou a maioria de nós, não comemos por falta de costume ou de conhecimento, que porém podem ser consumidas. Nativas ou exóticas, muitas são denominadas ‘mato’, ‘daninhas’, ‘invasoras’ e até ‘nocivas’ por brotarem espontaneamente entre as plantas cultivadas ou em locais onde não “permitimos” que isso ocorra. Devido a isso, milhares de espécies com alto valor nutritivo são negligenciadas por grande parte da população e do poder público.
As PANCs se referem a partes das plantas (frutos, folhas, flores, rizomas, sementes, etc) que podem ser consumidas pelo homem, cruas e/ou após preparo culinário. Porém, também refere-se ‘partes de plantas não convencionais’ de plantas comuns, como por exemplos o uso das folhas de batata-doce e do mangará (coração) da bananeira na alimentação.
Essas plantas têm potencial para complementação alimentar, diversificação dos cardápios e dos nutrientes ingeridos e na diversificação das fontes de renda familiar, como a venda de partes das plantas ou de produtos processados (geleias, pães, farinha, etc) e através do turismo, tanto rural, como gastronômico.
E ainda o cultivo das PANCs permitem que o agricultor, especialmente o agricultor familiar, aumento das opções de cultivos, diminua a dependência de variação de preços.
Nenhum comentário:
Postar um comentário