Alta de juro infla dívida em R$ 70 bi. Em um mês, débito público sobe o equivalente ao orçamento anual da Educação. Dívida dolarizada é a maior em 13 meses. Operações do BC com ‘swap’ ampliam a fatia da dívida corrigida pelo câmbio.
Alta de juro infla dívida em R$ 70 bi
Monitor Mercantil | 30/06/2014
Em um mês, débito público sobe o equivalente ao orçamento anual da Educação
A emissão de títulos prefixados elevou a Dívida Pública Federal (DPF) para R$ 2,13 trilhões, mais R$ 70,3 bilhões (3,43%) em relação a abril. O aumento da dívida em um único mês é apenas pouco menor do que o orçamento destinado à Educação, de R$ 82 bilhões, para todo o ano de 2014.
De acordo com o Tesouro Nacional, a dívida pública mobiliária (títulos em poder do público) interna subiu de R$ 1,96 trilhãoo para R$ 2,03 trilhões.
Isso ocorreu porque, mês passado, o Tesouro emitiu R$ 51,2 bilhões em títulos a mais do que resgatou e reconheceu R$ 18,8 bilhões em juros. O reconhecimento se dá porque a correção que o Tesouro se compromete a pagar aos investidores é incorporada ao valor devido.
Já a dívida pública externa encerrou maio em R$ 93,22 bilhões, mais 0,35% sobre abril, quando era de R$ 92,9 bilhões. O aumento foi pressionado pela valorização de 0,13% do dólar mês passado.
O principal fator a puxar a dívida pública em maio, porém, foi o elevado volume de emissão de títulos: R$ 59,25 bilhões. A maior parte, R$ 42,08 bilhões, correspondeu a títulos prefixados (juros definidos com antecedência).
A alta da DPF costuma subir no segundo mês de cada trimestre devido a emissões de títulos prefixados, para substituir os papéis que venceram no mês anterior. Por outro lado, costuma registrar queda em janeiro, maio, julho e outubro.
Apesar da alta em maio, a DPF está abaixo das previsões do Tesouro. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), divulgado no fim de janeiro, a tendência é que o estoque da Dívida Pública Federal encerre o ano entre R$ 2,17 trilhões e R$ 2,32 trilhões.
Dívida dolarizada é a maior em 13 meses
Monitor Mercantil | 30/06/2014
Operações do BC com ‘swap’ ampliam a fatia da dívida corrigida pelo câmbio
Pela primeira vez, em 13 meses, a parcela da dívida interna atrelada à variação do câmbio caiu. Segundo o Tesouro Nacional, a fatia da dívida mobiliária (títulos em poder do público) interna corrigida pelo dólar passou de 10,69%, em abril, para 10,57% em maio. Foi a primeira diminuição mensal registrada desde abril do ano passado.
Apesar da queda percentual, a dívida interna vinculada ao câmbio subiu em valores absolutos, de R$ 209,50 bilhões, em abril, para R$ 214,64 bilhões em maio. A fatia do dólar na dívida interna começou a subir ano passado, depois de o Banco Central (BC) decidir vender dólares no mercado futuro para segurar a cotação da moeda norte-americana. Chamadas de swap cambial tradicional, essas operações aumentam a participação do dólar na dívida pública interna.
Apenas em 2013, o BC injetou US$ 100 bilhões no mercado futuro. Este ano, o leilão diário passou para US$ 200 milhões. Recentemente, o BC anunciou que continuará com os leilões de swap até pelo menos o fim do ano.
Apesar do recuo da dívida dolarizada, a proporção da dívida interna vinculada ao câmbio continua no maior nível desde outubro de 2004, quando atingira 11,24%. O percentual considera os critérios do BC.
Se for calculada pelos parâmetros do Tesouro Nacional, que desconsidera as operações de swap da dívida pública, a fatia do câmbio é bem menor, tendo recuado de 0,55%, em abril, para 0,53% em maio.
Apesar de estar no maior patamar em oito anos, a exposição da dívida pública ao câmbio continua em percentuais inferiores aos de crises econômicas anteriores. Em dezembro de 1999, por exemplo, essa fatia somava 22,82%. Em dezembro de 2002, quando o real sofreu forte ataque especulativo, a proporção chegou a 37%.
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