sábado, 12 de dezembro de 2009

Manifestação pelo clima em Copenhague leva multidão às ruas

Manifestação pelo clima em Copenhague leva multidão às ruas e termina com 600 presos
- Por Carolina Ribeiro Pietoso, de Copenhague

Cerca de 40 mil manifestantes marcharam pelas frias ruas da capital dinamarquesa de Copenhague neste sábado e 600 pessoas foram detidas, durante uma passeata que exigia a assinatura de um acordo climático global ambicioso. A estimativa é da polícia local. Já os organizadores do protesto afirmaram que 100 mil pessoas participaram da marcha, que teve início às 14h (11h, horário de Brasília).

Segundo a enviada do iG a Copenhague, Carolina Ribeiro Pietoso, alguns fatos isolados de violência foram registrados, mas a manifestação ocorreu de forma tranquila.

"Houve lançamento de pedras e, ao mesmo tempo, as pessoas estavam colocando máscaras", justificou o porta-voz da polícia, Rasmus Bernt Skovsgaard. "Decidimos realizar prisões preventivas para dar aos manifestantes pacíficos a possibilidade de continuar".

Em uma das ocorrências mais graves, um grupo de 400 pessoas vestidas de preto enfrentou a polícia e quebrou vitrines no centro da cidade. O fato foi registrado menos de meia hora após a saída da manifestação. Os jovens estavam com foices e martelos e também lançaram latinhas de gás.

A manifestação, apoiada por mais de 500 organizações de 67 países, saiu da praça do Parlamento com direção ao centro de convenções, onde acontece a conferência promovida pela ONU, que termina no próximo dia 18. A marcha percorreu cerca de 6 km.

- "Não há Plano B"

A reportagem do iG conversou com alguns manifestantes, que reforçaram a urgência dos governos e sociedade em atuar na defesa pelo clima. Todos destacam que "não há Plano B".

"A polícia fez muito alarde durante esta semana para tentar retratar os manifestantes como criminosos. Mas nós somos pessoas da paz. Viemos aqui porque acreditamos que apenas por meio da união a raça humana conseguirá sobreviver a problemas que ela mesma criou", afirmou a estudante Camile Reault, de 24 anos. Ela veio da França por acreditar que o momento é histórico e exige ação coletiva.

"Eu acredito em anarquia. Por mim, a gente quebrava tudo porque, infelizmente, só assim se consegue atenção. E os políticos estão aqui para falar em dinheiro, enquanto nós estamos aqui para falar do planeta e da vida humana", afirmou o inglês Robert Cunningham, de 38 anos, que participa de todos os grandes protestos que acontecem no mundo, seja qual for a causa.

"Eu sou a natureza. Eu sou o clima. Por isso estou aqui para defender minha existência", afirmou a chinesa Wuan Quo Jin, de 27 anos.

- Semana decisiva

Ministros de Meio Ambiente de todo o mundo estão chegando neste sábado à conferência e terão alguns dias para trabalhar num acordo, antes que mais de 100 chefes de Estado e governo cheguem à capital dinamarquesa, o que deve ocorrer no final da próxima semana.

Por enquanto, as promessas de redução de gases de efeito estufa estão muito abaixo do que os cientistas dizem ser necessário para evitar que as temperaturas subam para níveis potencialmente catastróficos.

Um acordo preliminar foi apresentado na sexta-feira, mas ele não traz números específicos sobre o financiamento, diz apenas que todos os países juntos devem reduzir as emissões entre 50% e 95% até 2050, e que países ricos devem diminuir as emissões entre 25% e 40% até 2020, tomando como base, em ambos os casos, os níveis de 1990. O rascunho deixa em aberto a forma de acordo, que poderia vir sob a forma de um documento legal ou de uma declaração política.

Segundo a Agencia Reuters,pelo menos 30 mil pessoas seguem em marcha pelo clima

Ian Fry, representante da pequena ilha de Tuvalu, localizada no Oceano Pacífico, fez um apelo emocionado em favor de um formato mais forte, que legalmente obrigue todos os países a se comprometerem com o controle das emissões.

Ele pediu ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que aproveite o Prêmio Nobel da Paz recebido esta semana e assuma a luta contra a mudança climática, que chamou de "a maior ameaça para a humanidade".

Todd Stern, enviado especial dos EUA para a conferência, disse que o texto do acordo apresentado ontem é "construtivo", mas destacou que a seção sobre a ajuda aos países pobres é "desequilibrada". Ele disse que as exigências sobre os países industrializados são mais rígidas do que as dos países em desenvolvimento e que a seção "não é base para negociações".

Avanço pequeno

Grupos ambientais saudaram o texto como um avanço, mas lamentaram a falta do que consideram elementos essenciais. O acordo preliminar, elaborado por Michael Zammit Cutajar, de Malta, afirma que as emissões globais de gases de efeito estufa devem atingir um pico "assim que possível", mas não chega a citar um ano como meta.

O texto pede novo financiamento nos próximos três anos dos países ricos para que os mais pobres se adaptem à mudança climática, mas não menciona números. Além disso, o texto não traz propostas específicas sobre a ajuda no longo prazo.

Fontes: Agência Reuters e Portal IG

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