TERCEIRIZAÇÃO E ENCOLHIMENTO DA INDÚSTRIA PRODUZEM ACHATAMENTO SALARIAL
O Brasil detém uma das mais altas taxas de rotatividade de mão-de-obra - 25% nos últimos 10 anos, chegando a 30% em setores como o metalúrgico. Somente em outubro, apesar do saldo de 230.956 vagas com carteira assinada e da criação de 1,433 milhão de empregos formais, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgou também que foram demitidos 1,202 milhão de trabalhadores.
Em 2008, quando foi gerado 1,810 milhão de empregos formais, o número de demissões chegou a 1,605 milhão, no mesmo período.
Segundo o economista Paulo Jager, do Dieese, a rotatividade, em parte, faz parte da estratégia dos empregadores para reduzir salários, assim como a terceirização na indústria, que provocou migração para o setor de serviços.
"Mas há também um grande números de empresas abrindo e fechando, enquanto outras se expandem ou encolhem, mas certamente a maior parte dos empregos gerados são de menor remuneração."
A economista Beatriz David acrescenta que existe "manobra para não repassar os ganhos das convenções coletivas". Beatriz calcula que as leis trabalhistas encareçam a folha de pagamento das empresas em até 50%, mas reitera que, mesmo assim, "é muito barato demitir no Brasil".
Aos obstinados defensores de cortes nos gastos públicos, ela lembra que o impacto das demissões sobre o pagamento do seguro-desemprego. Em 2006, por exemplo, o Ministério do Trabalho informou que o seguro-desemprego consumiu R$ 6,5 bilhões.
"A flexibilização da legislação trabalhista mundo afora não favoreceu a criação de novos postos de trabalho. Em todos os países nos quais se flexibilizou não aumentou o nível de emprego."
Segundo a economista, medidas como diminuir imposto para contratar mais resultaram apenas em contratações temporárias.
Fonte: Jornal Monitor Mercantil
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