sábado, 19 de setembro de 2009

Apesar de passado o pior da crise o Brasil desperdiçou a oportunidade de superar seus problemas

Brasil desperdiçou oportunidade

SEM TER MUDADO RUMO DA ECONOMIA, PAÍS ENFRENTA RISCO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE BAIXOS VALORES

Jornal Monitor Mercantil- quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Câmbio, custo do investimento, reprimarização da pauta de exportações, desindustrialização são problemas estruturais da economia brasileira anteriores à crise que se agravaram a partir da quebra do banco Lehmon Brothers, há um ano. O governo, no entanto, parece não ter aproveitado a crise para superar tais problemas estruturais, na opinião de analistas ouvidos pelo MM.

Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o problema da reprimarização da pauta de exportações até se agravou: "A reprimarização se acentuou porque, antes da crise, havia demanda, que acabava nos beneficiando, independentemente da baixa competitividade imposta pelo câmbio sobrevalorizado e outros fatores. Claramente, estamos mais dependentes das vendas de commodites", critica.

Castro observa que, na crise, é normal que o investimento caia, mas, estruturalmente, o cenário é o mesmo: "O país apenas passou por um spa e ficou mais magro. O câmbio hoje está no mesmo patamar de antes da crise", resume.

De acordo com o Banco Central, em 15 de setembro de 2008, o dólar valia R$ 1,8117, valor corrigido pela inflação.

Já o economista Reinaldo Gonçalves, da UFRJ, afirma que o Brasil perdeu a chance de reduzir o grau de liberalização financeira e abandonar a política macroeconômica baseada em metas de inflação, câmbio flutuante e superávit fiscal: "O nível de renda per capta permanecerá constante este ano, enquanto outros países mantiveram-se em evolução. Ou seja, é mais um ano perdido para o Brasil", critica.

O câmbio e o custo dos investimentos no Brasil foram apontados como as principais preocupações da indústria no momento pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, que participou de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

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