sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O neoliberalismo tomou um surra

por Almir Cezar

O neoliberalismo está morto? Realmente não sei. Mas que tomou uma surra tomou, e agora está moribundo caída pelo chão.

Se ao longo dos anos 1990 (crises Mexicana, Asiáticas, Russa, Brasileira, Argentina) ele já havia dado mostras do que trazia (desemprego, precarização do trabalho, perda de direitos sociais e trabalhistas, desregulamentação do mercado financeiro, privatizações, priorização dos gastos públicos com pagamento da dívida, etc), agora provou que o mesmo pode produzir no centro do capitalismo, com danos muito mais graves.

O capitalismo havia aprendido com a Quebra da Bolsa de NY em 1929 e Depressão dos anos 30 que deixar o mercado livre era risco demais - "o capital é tão importante que é perigoso demais deixar nas mãos dos capitalistas". O que se viu na sequência foi a constituição de um arsenal institucional, legal e ideológico de proteção, coordenação e fiscalização dos negócios havia de evitar as causas que precipitam para a tragédia. Durante décadas também havia o medo do socialismo, lembrando que ao menor erro, as massas proletárias poderiam aderir a outro projeto, exigindo a cabeça dos senhores.


Contudo, a partir da metade da década de 1970 as coisas mudaram, e o fim dos anos 80, com a queda do Muro de Berlim, fez com que os capitalistas esquecessem de suas lições passadas. O Estado, que antes era o Redentor do capitalismo, o gendarme dos negócios, passou a ser visto como inimigo, o usurpador da liberdade do mercado. Os sindicato operários outrora parceiros da "paz social" passaram a ser vistos como inimigos a ser esmagados.

Eis o neoliberalismo.

Agora, porém, volta-se a defender a interferência e o socorro do Estado nos negócios. Como uma criança que dispensou a babá, mas depois que a brincadeira acabou em acidente precisa dos cuidados da ama-seca. E agora não há ideologia para justificar a interferência ou para criticá-la. É interferência e pronto. O medo de que tudo exploda é justificativa. O medo de contágio para outros setores da economia.

É o momento do que "tudo que sólido se desmancha no ar".

Mas o mundo não é igual a 1929.

Só sei que o neoliberalismo tomou uma surra.

Temo pelo que virá. Os capitalistas são muito burros, e em desespero topam qualquer coisa, ainda mais quando não lembram de velhas lições, e os trabalhadores não conseguem contrapô-los ou estabelecer resistência.

Esse ano ficará na História: estamos passando por uma inflexão na economia e na Economia.

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