sexta-feira, 13 de março de 2009

Preobrajenski - livros e pensamento

por Almir Cezar Filho
Livros e Breve biografia 

Bolchevique russo, Preobrajenski - Evgenii Alexeyevich Preobrazhensky (1886-1937) - foi o maior responsável pela re-escrita da teoria marxista sobre a economia agrária, particularmente enfatizando a possibilidade da “acumulação socialista” para a substituição do período capitalista (1926) de expansão industrial sobre o excedente do camponês (via preços, não coerção), uma proposição contrária as idéias da Nova Política Econômica e que o levou a um período de exílio na Sibéria. 

Com seu fim, ele brevemente tornou-se um favorito de Joseph Stalin, que o permitiu voltar a vida pública. Previu e criticou a crise causada pelos planos de industrialização de Stalin, que o levou a ser preso em 1936, e subsequentemente fuzilado sem julgamento em 1937.
  • "O ABC do Comunismo", com Nikolai Bukharin, 1920
  • "Anarquismo e Comunismo", 1921
  • O artigo "As perspectivas da Nova Política Econômica", 1922.
  • "Da NEP ao Socialismo", 1922.
  • O artigo "A importância do estudo teórico da economia soviética", 1926.
  • "Nova Econômica", 1926 - seu melhor trabalho
  • O Declínio do Capitalismo", 1931.
  • ”A Crise da Industrialização Soviética - artigos selecionados”, 1980 (póstuma).

A teoria da Revolução Permanente


Junto com Trotski foi um dos formuladores da teoria da Revolução Permanente, inclusive debatendo-a dentro do Partido Bolchevique no tempo anterior a Revolução de 1917 quando Lenin condenava qualquer coisa que vinha de Trotski (muito mais por diferenciação programática e teórica que por análise).

Nesse tempo inclusive Bukharin também advogava a teoria da revolução permanente, embora dando-lhe uma visão mais particular e ultraesquerdista, que abandonou após o "Outubro" ao ponto de ser o teórico da "revolução em um só país". Bukharin seguiu o caminho inverso do próprio Lenin que embora não empregasse o termo "revolução permanente" mas o "ininterrupta" evoluía até a sua morte mais para essas posições, enquanto Bukharin ia pra direita do Partido.

Preobrazhensky possui de autoridade dentro do Partido como teórico e responsável pela formação política dos militantes e responsável pelo programa político (o que fez durante muito tempo com Bukharin, inclusive o programa do partido de 1919 e o livro ABC do Comunismo). Em seguida a morte de Lenin, com o inicio do processo de stalinização, liderou com Trotsky a Oposição de Esquerda, a ponto de ser aquele que apresentou publicamente o programa nos fóruns partidários. Posteriormente, junto com Trotsky, Kamenev e Zionoviev, liderou a Oposição Unificada.

Entretanto, Preobrazhenski teve que, a mando de Stalin (estava com sua família presa,) abjurar dessa teoria, em fins da década de 1920. Polemizou com Trotski nas famosas correspondência entre os dois - que antecedeu e inspirou Trotski a escrever o livro "A Revolução Permanente"(em 1929).

Crítica ou contribuições à teoria da Revolução Permanente

Preobrazhensky fez severas críticas a posições de Trotski a respeito da revolução chinesa e a implantação do I Plano Quinquenal. Segundo Trotski a revolução chinesa, iniciada na metade da decada não poderia ser liderada pelo Kuomitang, partido pequeno-burguês

Giravam em torno do sujeito da revolução socialista -será possivel outra classe além do proletariado urbano liderar a revolução ou os camponenses e a classes média poderia faze-las, tomando o poder politicamente e expropriando a grande burguesia e o latifundio, proclamando o regime socialista;

Os trotskistas deveriam reabilitar Preobrajenski

Ao meu ver Preobrazhensky contribuiu com a teoria da Revolução Permanente ao criticar a versão de Trotsky, que apesar disso continua sendo seu principal elaborar, embora a origem dessa teoria como bem destaca este seja Marx e Engels (o texto "Revolução e Contra-revolução" na Alemanha é o mais emblemático.

Preobrazhensky, como lembra o trotskista Nahuel Moreno, polemiza com o subjetivismo das análises de Trotski, e postula que as condições objetivas poderiam obrigar uma liderança pequeno-burguesa/burocrática a promover a socialização da economia na tentativa de preservar a sua conquista do Estado, e com isso a revolução, que teria caráter pequeno-burgues democrática e/ou anti-colonial passaria a um Estado Proletário. Um revolução dirigida por um partido pequeno-burguês, em organismos democráticos ou anti-coloniais, e não sob o papel dirigente do proletariado.

Trotski colocava que tal hipótese era improvável, e esta suposição era um desvio stalinista que fora da URSS acaba por apoiar qualquer burguesia, pequeno-burguesia local e que a socialização do I Plano Quinquenal (com a estatização de empresas privadas nascidas durante a NEP, a coletivização da agricultura e plano de industrialização acelerada) não passava de uma retaliação de Stalin a seus antigos aliados nepmans,os kulaks e a direita do Partido). Somente a classe operária (sua organizações, p. ex. soviets) em seu partido revolucionário, a exemplo de revolução de Outubro fariam uma outra revolução na URSS, contra a burocracia, nos países semi e coloniais, contra a burguesia local e o imperialismo, e centrais, contra o grande capital. Um revolução que iniciava nacionalmente e irradiaria pelo mundo. Mas somente com a iniciativa de um partido e sob o poder de um soviets.

As desadas de 1920/30 não viu uma revolução triunfante mas o pós II Guerra viu várias serem vitoriosas sob comando de partidos stalinistas (ou melhor sob o apoio do Exercito Vermelho) ou organizações nacionalistas ou democráticas-populares (até não pró-stalinistas) liderando-as.

Moreno e o subjetivismo na Revolução Permanente

O revolucionário trotskista de origem argentina, Nahuel Moreno, aponta essa incongruência na Teoria da Revolução Permanente de Trotski onde nas teses afirmava da improbabilidade de organizações não-bolcheviques liderar revolução que socializações os meios de produção - revoluções de caráter socialista e não apenas democráticas ou anti-imperialistas.

Moreno ao resgatar o debate entre Trotski e Preobrazhenski, sem desprezar desse último como fizeram vários trotskistas. Apontava que ele teve um acerto histórico, que se devia, não a um erro de Trotski mas que este último teve uma sério equívoco lógico que se desdobrou consequentemente na elaboração das "Teses da Revolução Permanente", mas que não compromete a sua versão da teoria. O erro reside no subjetivismo, no excesso de caracterização que apenas sujeitos conscientes (partidos bolcheviques)poderiam conduzir a uma revolução econômico social (expropriação total da grande burguesia.

E que por sua vez sujeitos não consciente (e até conscientemente contrários a tais medidas por sua origem de classe ou programa político) poderia ser forçados pelas circunstâncias objetivas históricas a conduzir tais processos, inclusive na tentativa de manter-se no poder frente a sua circuntancial ou histórica diferença com o grande capital nacional e/ou internacional ou para manter o apoio de camadas operário-populares que os sustentavam politicamente. Circunstâncias que não se verificaram no entre Guerras mas que após 1945 se manifestaram, ao ponto de realizar várias revoluções de razão "objetivas".

Assim, incorporando o aspecto-principio objetivo de Preobrazhenski,frisando sua complementariedade ao aspecto do princípio subjetivo encontrado em Trotski, Moreno permitia a atualização do Programa trotskista sem o inconveniente de revisá-lo, reafirmava a unidade marxista dialética, fundamental nas Teorias, no caso na Teoria da Revolução Permanente entre aspectos objetivos e subjetivos nos processos históricos.

A "nova econômica" de Preobrazhenski

Preobrazhenski acreditava que o único caminho para o socialismo na URSS após a guerra civil, o cerco do capitalismo e o fracasso da Revolução Alemã seria - além da exportação da revolução para outros países (a revolução mundial) a fim de romper o cerco - a opção política pela industrialização e mecanização acelerada da economia russa, ainda muito agrária e pouco intensiva em capital pelo uso do planejamento central e administração dos preços para transferir recursos excedentes do campo (que passara por uma recuperação devido a NEP) para a indústria nascente pela ação dos Estado Proletário.

A "acumulação socialista primitiva"

Preobrazhensky desenvolve uma teoria interessante a da "acumulação socialista primitiva". Numa sociedade pós-capitalista, não haveria a acumulação capitalista, o processo onde pela retirada da mais-valia do operariado os capitalistas realizariam a ampliação do capital sob a forma de investimentos ou poupança (ativos financeiros), a medida que os capitalistas estariam expropriados e o meios de produção estariam sob o controle do Estado proletário revolucionário.

Sob o Estado daria sim um acumulação de capital a fim de produzir ampliação da estrutura de produção, implantação de ampliação e unidades fabris e de novas e a aplicação de novas tecnologias, a chamada acumulação socialista. Esta se daria pela apropriação de excedentes das unidades de maior produtividade técnica e de setores da economia com riqueza acumulada como, e especialmente, a agricultura, numa transposição sob comando do Estado do excedente de um segmento produtivo para outro onde quer-se desenvolver.

Acrescida, por um lado,de uma política de coletivização do campo - sem coerção mas por meio de estímulos políticos e ideológicos e incentivos econômicos que inclusive facilitaria sua mecanização e transferência dos recursos financeiros e da mão-de-obra para as novas fábrica e obras de infra-estrutura, e por outro, de uma democratização nos aparelhos de estado para que a condução da industrialização e do planejamento fosse feita pelos operários e não pela burocracia e os tecnocratas, colocando os planos sob o controle dos comitês de fábrica e das localidades e tendo participação dos sindicatos na execução das medidas.

Preobrazhenski afirmava que se tais política não fossem feitas o cerco capitalista pressionaria a URSS a ruína, ou a própria burocracia extremamente vinculada aos interesses dos nepmans (a burguesia originaria na NEP paralisaria o sistema pela ineficiência e parasitismo. Defendia a urgência da planificação total da economia.
Ainda dizia que a lei do valor não desaparecia com a tomada do poder pelo proletariado, e que cabia através de seu Estado, iniciar a construção da sua economia "estatal proletária", que usaria a lei do valor (oferta e demanda, preços, fatores de produção, etc) - mas sob as rédias do planejamento e das empresas socialistas (esse processo que ele chama de "nova econômica") - como meio para construção dessa nova economia, de transição ao comunismo mundial.

Comunidade no orkut sobre Preobrazhensky

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Sobre o livro A Nova Econômica

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