Banner da palestra na UnB de lançamento do livro "Anarquismo e Comunismo" de E. Preobrazhenski |
Nessa nova conjuntura a Editora José Luís e Rosa Sundermann e a Assembleia Nacional dos Estudantes-Livre no Distrito Federal (ANEL/DF) convida os/as estudantes, professores da Universidade de Brasília (UnB), organizações do Movimento Estudantil e o público em geral para palestra/debate de lançamento na cidade do livro ANARQUISMO E COMUNISMO, de Evgueni Preobrazhenski, último lançamento da editora, e obra inédita no Brasil, na qual o revolucionário russo e dirigente do Partido Bolchevique, que contrapõe a perspectiva anarquista à estratégia de transformação social defendida e aplicada pelo marxismo revolucionário.
A nova conjuntura pós "Junho"
A onda de manifestações espontâneas em junho de 2013, seguida de um grande ascenso das greves e das lutas populares, colocaram na ordem do dia um questionamento ao regime de dominação política, e ao sistema de exploração e opressão existente e abriram uma nova situação política no país. Há hoje avivamento da consciência dos trabalhadores, da juventude, dos explorados e oprimidos, de que só a luta muda a vida. Os governos e o Estado, por sua vez, não incapazes de atender às reivindicações que vinham das ruas e respondem com o reforço dos seus aparatos repressivos e com o acirramento do processo de criminalização da pobreza, das lutas e dos movimentos sociais.
Isso coloca para a juventude lutadora, que participou ativamente das manifestações de junho, a necessidade de uma profunda reflexão sobre as questões estratégicas que envolvem a nossa luta contra todo tipo de opressão e exploração.Para isso uma questão merece destaque: a enorme superioridade da organização estatal burguesa na luta contra os explorados e oprimidos pode ser enfrentada de forma consequente e até vitória por meio de levantes espontâneos e da ação de destacamentos especiais de lutadores, isolados das massas e destituídos de um centro dirigente e de um plano comum?
O discurso “apartidário” minoritário, mas frequente pelas recentes marchas pelas cidades brasileiras, tem ajudado os setores ligados ao anarquismo a se fortalecer em algumas mobilizações. Infelizmente esse novo anarquismo não tem relação com a honrada tradição anarquista do fim do século XIX e início do XX. O novo anarquismo é burocrático e autoritário no trato com as entidades e organizações partidárias da classe trabalhadora. Nas passeatas e atos, em vez do enfrentamento com a polícia, alguns setores anarquistas preferem o enfrentamento com os ativistas que carregam bandeiras de partidos. Não raros são os casos de aliança desses setores com a direita “apartidária, não apenas nas marchas, mas também no cotidiano político nas entidades estudantis e sindicais.
Escrito em 1921 livro Anarquismo e Comunismo (em russo: Anarkhism i kommunizm), do economista soviético e líder bolchevique Evgeni Preobrazhenski. O livro é uma profunda, mas concisa análise do movimento anarquista e de suas ideias na Rússia Soviética de princípios do século XX e, junto com o “Estado e a Revolução” de Lênin, constitui-se numa das principais respostas às teses anarquistas sobre o papel do Estado e da violência na História. Em meio a polêmica ao fim da Revolta de Kronstadt, o livro analisa aspecto a aspecto as diferenças de concepção econômica, moral e política entre os anarquistas e os comunistas.
Anarquismo e Comunismo, um livro
Anarquismo e Comunismo, escrita pelo economista bolchevique Evgene Preobrazhenski, em 1921 bem no calor dos enfrentamentos entre os comunistas e anarquistas pelo comando e rumos da Revolução Russa. Em meio as polêmicas surgidas em torno à Revolta de Kronstadt, o livro polemiza com o movimento anarquista sobre transição ao socialismo.
A revolta era um forte movimento operário-popular em reação às políticas econômicas realizados no período chamado de "Comunismo de Guerra". Os anarquistas, conduziram a insatisfação das massas com a penúria econômica vivida naquele momento, associando-a a uma crítica à condução e organização da transição ao socialismo empreendida pelo governo bolchevique dos Sovietes.
O livro analisa aspecto-a-aspecto as concepções econômica, moral e política entre os anarquistas e os comunistas, especialmente entre as diferenças de política e direção econômica expressa na literatura anarquista. Preobrazhenski recorre ao exame de autores clássicos anarquistas como Kropotkin, Bakunin e Prodhoun, confrontando-a com a literatura marxista, e também com a realidade concreta soviética daqueles anos.
Preobrazhenski ainda recapitula, que três anos antes (1917), os anarquistas, devido o seu individualismo metodológico, programático e organizativo e o idealismo teórico, ficaram oscilando entre o centrismo e o radicalismo intransigente, que se não fosse a liderança dos bolcheviques-comunistas à frente dos Sovietes, teriam posto à Revolução Russa a perder. E que nesse novo momento, à revolução deveria seguir o programa político e econômico dos comunistas, muito mais consequente na construção do socialismo na Rússia, e sustentar o país enquanto a revolução pelo restante no mundo ainda não triunfara.
Os bolcheviques, que logo mudariam seu nome para "comunistas", seguiam a tradição marxista. Preobrazhenski, um dos diretores da Academia de Ciências, era da equipe de formação do partido, e escreve nesse momento para capacitar os membros do Partido Comunista contra os ataques políticos e ideológicos realizados pelos anarquistas em virtude da reação do governo soviético, dirigido pelo Partido. Preobrazhenski, um dos principais membros da equipe de formação do partido, polemiza com o movimento anarquista sobre transição ao socialismo, e escreve nesse momento para capacitar os membros do Partido Comunista contra os ataques políticos e ideológicos realizados pelos anarquistas em virtude da reação do governo soviético.
As ideias anarquistas eram muito influentes no movimento operário desde o século XIX, em especial na Rússia nas duas primeiras décadas do século passado. Liderada pelos anarquistas, a revolta de Konstadt era um forte movimento operário, em reação às políticas econômicas realizados no período do Comunismo de Guerra. Criticam a condução e organização da transição ao socialismo empreendida pelos bolcheviques e exigem a saída desse partido à frente dos Sovietes.
Há ao longo do livro uma análise pormemorizada especialmente nas diferenças entre as possíveis diferenças de política econômica e direção econômica expressa na literatura anarquista. Preobrazhenski recorre ao exame de autores clássicos anarquistas como Kropotkin, Bakunin e Prodhoun, confrontando a ideologia anarquista com a teoria marxista, e também com a realidade concreta soviética daqueles anos.“Em suma, os anarquistas são os últimos socialistas utópicos”.
Eugene Preobrazhenski
O economista comunista Eugene A. Preobrazhenski (1886-1937), foi uma das liderança da Revolução Russa de 1917, pai do planejamento soviético e o maior pensador marxista sobre desenvolvimento econômico e países subdesenvolvidos. Apesar de sua importância teórica e política, Preobrazhenski é um pensador frequentemente negligenciado pela esquerda marxista intelectual e militante, mesma a trotskista. Sua importante e vasta produção intelectual foi escondida (e proibida) sistematicamente por décadas por ação da ditadura stalinista na ex-URSS.
Para além de economista, dirigente partidário e estadista, há aspectos pouco lembrados de Preobrazhenski, importante jornalista/periodista, crítico cultural e professor/palestrante/conferencista em seu tempo. Um jornalista talentoso, Preobrazhenski, durante muitos anos esteve no comando, e trabalhou em revistas e jornais em Moscou e Leningrado, inclusive editando o "Boletim da Academia Comunista" e o "Pravda". Embora, paulatinamente tornando-se mais difícil à medida que avançava a ditadura stalinista, mesmo depois de sua expulsão do editora.
Antes disso, assumiu um papel de liderança na Academia Socialista. Preobrazhenski dava palestras sobre temas econômicos e desenvolveu a teoria da "acumulação socialista primitiva", isto é, a transfusão sistemática de recursos materiais da empresa privada burguesa e da economia camponesa ao setor público por meio do planejamento centralizado para o desenvolvimento acelerado da indústria socializada.
Esta "acumulação socialista primitiva" oferecida pela oposição de esquerda para segurar de forma pacífica, através da política fiscal progressiva dos elevados preços dos bens manufaturados, os recursos direcionados ao invés da expropriação forçada dos camponeses feita pelo stalinismo ao fim da década de 1920.
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