quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

É o capital externo usado para cobrir déficit externo que gera esse déficit


É o atual grande fluxo de capital internacional, puxado pelos investimentos diretos, que vem financiando o déficit externo da conta corrente no balanço de pagamentos do Brasil. Contudo, é justamente o capital externo que gera o déficit da conta corrente, à medida que gera posteriormente a pressão pela remessa de lucros e dividendos das empresas de capital internacional para suas matrizes.


Leia a matéria abaixo e perceba isso, está implícito, apesar de que a autora estivesse mirando isso originalmente quando perguntou aos dois especialistas mencionados:


Capital externo financia déficit

PALAVRAS DE ESPECIALISTAS Cássia Almeida - O Globo - 05 janeiro de 2010

Paulo Levy • Economista do Ipea / Luís Afonso Lima • Presidente da Sobeet

Capital externo financia déficit Cássia Almeida Depois de registrar em 2009 o pior saldo comercial em sete anos, o Brasil deve amargar em 2010 novo tombo no superávit da balança.

Depois de registrar em 2009 o pior saldo comercial em sete anos, o Brasil deve amargar em 2010 novo tombo no superávit da balança. As melhores previsões são de uma redução de 50% no saldo comercial. Isso fará dobrar o déficit em transações correntes (contas com o resto do mundo) do país. Porém, mesmo com o déficit nesse campo estimado em mais de US$ 50 bilhões, analistas não veem risco. A entrada de capital estrangeiro, seja via investimento direto para produção ou por meio de compra de ações e títulos do governo, financiará com sobra esse negativo nas transações correntes.

O economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lembra que o déficit na conta corrente, agora, terá perfil bem diferente do observado nos anos 90. Naquela época, para financiar o déficit, o governo era obrigado a endividar o país e conter o consumo das famílias para diminuir as importações.

- Agora, o déficit será financiado por investimento externo. A contrapartida, que é a remessa de lucros e dividendos (por parte das empresas estrangeiras que investem no país) age de maneira pró-cíclica. Nos períodos de crise, a remessa diminui, favorecendo o balanço de pagamentos.

Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), concorda com Levy: não há risco com a subida do déficit comercial. Porém, na sua opinião, a composição da nossa pauta de exportações tem piorado.

- Estamos virando um exportador de produtos primários. Historicamente, esses itens respondiam por 40% da pauta. Hoje, está em mais de 50%. Será isso que queremos?

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