sábado, 11 de outubro de 2025

O Tempo dos Ciclos: Irregularidade, Tendência e Transição na Dinâmica do Capitalismo

Entre a repetição e a transformação: como o movimento cíclico revela o tempo histórico do capital e anuncia seus limites.*

Por Almir Cezar Filho**

Resumo

Os ciclos econômicos não são meras oscilações estatísticas, mas expressões da própria lógica contraditória do capitalismo. Através de períodos de expansão e crise, o sistema reconfigura suas condições de reprodução, revelando uma regularidade que se manifesta por meio da irregularidade. Este artigo analisa, sob a ótica marxista, a natureza dialética dos ciclos: suas sobreposições temporais, suas tendências estruturais e suas mutações históricas. Da “irregularidade regular” à financeirização contemporânea, buscamos compreender o ciclo como forma temporal do capital — e o planejamento socialista como sua negação consciente.

Introdução – O Movimento como Forma da Contradição

Desde que Marx descreveu o ciclo industrial como “a forma viva do movimento do capital”, o pensamento crítico reconhece que a economia capitalista não se desenvolve de modo linear, mas pulsante, alternando prosperidade e colapso, avanço e retração. A repetição das crises não é um desvio, mas uma necessidade interna da acumulação: o capital só se renova destruindo parte de si mesmo, purgando os excessos que sua própria lógica produz.

Cada ciclo, no entanto, não é mera repetição do anterior. Ele se dá sobre novas bases técnicas, sociais e geográficas. A superprodução do século XIX não é a mesma de 1929, tampouco a de 2008. Cada uma reflete o modo histórico como o capital reorganiza suas contradições fundamentais — entre produção e realização, trabalho e valor, capital e vida. O ciclo é, portanto, a forma concreta da contradição em movimento.

O olhar marxista sobre os ciclos não busca prever datas ou traçar curvas regulares, mas revelar o tempo histórico inscrito nas flutuações econômicas. Por trás das estatísticas de crescimento e recessão, pulsa a dinâmica real de valorização e desvalorização do capital, isto é, o processo pelo qual a sociedade burguesa tenta perpetuar-se diante de seus próprios limites. O que as escolas econômicas chamam de “recuperação” nada mais é que a reconstrução temporária das condições de exploração.

Neste sentido, estudar os ciclos é estudar a própria historicidade do capitalismo. Cada oscilação, cada crise, cada fase de expansão é parte de uma totalidade maior — o processo contraditório de reprodução de um modo de produção que precisa se reinventar para não sucumbir. Mas há um limite: a regularidade da irregularidade só se sustenta enquanto as contradições puderem ser deslocadas, e não superadas. Quando o capital atinge o ponto em que a crise se torna permanente, abre-se a possibilidade de um novo tempo histórico: o da transição consciente, o da planificação social, o do fim da anarquia do valor.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Artigos sobre Teoria do Desenvolvimento Capitalista - uma lista de leitura

O blog "Limiar e Transformação Econômica" é um espaço dedicado à análise marxista das transformações e crises do capitalismo contemporâneo. Editado por Almir Cezar Filho, economista e servidor público, o blog busca contribuir para um jornalismo econômico contra-hegemônico e para a educação popular em economia.

Os principais temas abordados no blog incluem:

  1. Crises do Capitalismo: Análises profundas sobre as crises econômicas sob a perspectiva marxista, explorando suas causas e consequências globais.
     Clique aqui: limiaretransformacao.blogspot.com.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Rolou ou não "química" entre Lula e Trump?

 🚨 AO VIVO HOJE!
O Economia É Fácil recebe Cyro Garcia para analisar a conjuntura internacional e nacional:
🌎 Shutdown nos EUA, dólar em queda e crise global
🇧🇷 Protestos barram 'PEC da Bandidagem', Bolsonaro condenado e Tarcísio se lança candidato
🗓 Quinta, 02/10 – 21h


📺 Assista aqui: 👉 https://www.youtube.com/live/PU8O2_Kbrt8?si=p-wMlfEYZmX0MRz7
✊ Participe e compartilhe!