[Atenção: texto em construção!]
O ódio ao Marxismo e às Ciências Sociais
Ensaios sobre a Pós-Modernidade de Direita nº 15
por Almir Cezar Filho
O PT inventou o ódio de classe? O classismo atua na esfera política de forma a causar instabilidade? São perguntas que são afirmadas positivamente pela direita brasileiras, especialmente a de matriz pós-moderna. Ao longo desta série de ensaios identificamos que um dos aspectos mais comuns da Direita Pós-Moderna é um ódio ao Marxismo e às Ciências Sociais de maneira geral independente da escola teórica e uma das categorias epistemológica mais odiada é o conceito de luta de classes, a despeito de ser real ou não.
Os intelectuais e as classes políticas ao longo do tempo tiraram de "moda" toda uma série de conceitos para explicar a realidade. Um dos mais afetados foi a luta de classes, ao ponto que até a Esquerda não usa mais. Contudo, não é porque tirou de moda a descrição da realidade que a realidade tirou de não existir mais. Em um passo seguinte, a própria necessidade de explicar a realidade.
A luta de classe e o pensamento moderno
O conceito de luta de classes apesar de disseminada na produção intelectual, política e científica marxista não lhe é original. Sua origem reside no Liberalismo Clássico e no paulatina cientificação dos conhecimentos da Política e da Economia, no entendimento que a jovem sociedade de forma burguesa, e mesmo as anteriores, se decompunham em termos objetivos em grupos classificados em termos da vinculação com o processo produtivo e/ou a propriedade e a renda.
O Liberalismo econômico e político se desenvolveram historicamente em duas grandes tradições hegemônicas, a Clássica, consolidada no final do século XVIII, fundadora do Liberalismo, e hegemônica no pensamento político; e a Neoclássica, consolidada no terceiro quarto do século XIX, hegemônica no pensamento econômico.
Apesar disso, algumas escolas do pensamento mais à Direita, que ser reivindicavam apesar disso liberais, sempre teve posições liberais não ou mesmo anticonvencionais, no limite de não ser classificado assim (mas com um forte liberismo), outros com conservadorismo com solidariedade econômica. Combinado a dois outros importantes aspectos relacionados às ciências sociais: primeiramente, uma forte crítica aos fundamentos e formalizações da Teoria Econômica, tanto de matriz Clássica como Neoclássica, e, em segundo lugar, um repúdio epistemológico às demais Ciências Sociais (Sociologia, Antropologia, Psicologia, Ciência Política, Geografia e História),
As demais ciências sociais é menor o peso paradigmático do Liberalismo, e maior do Socialismo ou do Reformismo social, ou de um Humanismo baseado na universalização de direitos sociais e da solidariedade econômica. Curiosamente, nessas ciências sociais o peso da Pós-modernidade se manifesta à Esquerda. E vem na Academia e na intelectualidade cultural e artística em geral ganhando amplo espaço ou até mesmo predominância.
A Direita Pós-Moderna acusa essa hegemonia socialista e reformista nas ciências sociais de “Marxismo Cultural”, independentemente se a perspectiva metodológica marxista não ser hegemônica ou estar apenas parcialmente presentes. Portanto, o pensamento Pós-Moderno tem como um dos seus pilares ideológico o subjetivismo metodológico - um traço fundamentalmente comum no Pós-modernismo, mesmo o de esquerda.
O subjetivismo metodológico ajuda a dar outro contorno comum entre o Pós-modernismo: a recusa em aceitar teoricamente às divisões classificatórias entre os indivíduos em base a características objetivas, como, por exemplo, classes sociais, como também a repulsa aos mecanismos de governança objetiva (p.ex., Estado, etc). Preferindo as divisões classificatórias subjetivas em base identitárias dos próprios sujeitos.
Os meios e fins dos planos individuais têm sua origem na mente dos agentes, são imaginados e definidos pelas pessoas. É o "subjetivismo epistêmico": as expectativas, o conhecimento das preferências e as conjecturas são conhecimento falível e conjectural, imaginados pelos agentes; não sendo "dados" de antemão ao economista (e cientistas sociais em geral).
Coincidentemente, os intelectuais e as classes políticas tiraram de "moda" toda uma série de conceitos para explicar a realidade. Um dos mais afetados foi a luta de classes, ao ponto que até a esquerda não usa mais. A direita já havia abandonado a mais de um século. Em um passo seguinte, desapareceu a própria necessidade de explicar a realidade. Quando muito em "desconstrução".
Contudo, por um lado, não é porque tirou de moda a descrição da realidade que a realidade tirou de não existir mais. Por outro, a palavra "construção" no latim significa "erguer pelo acúmulo". Há um esforço para edificarmos uma nova realidade. Por enquanto, pouca construção e muito acúmulo de vaias.
A ideologia na classe média
A medida que tendo existência no mundo, a despeito da Direita e dos Pós-modernistas não acreditarem, as classes sociais, além de papel produtivo, são constituídas de sujeitos, dotados de consciências e vontades. Logo, suas ideias são formatadas e/ou enquadradas em uma (ou mais) vertente de pensamento, de acordo com as afinidades). Pode-se dizer que grande parte do pensamento da Direita Pós-Moderna tem como origem ou adesão das classes médias. Principalmente, aquela mais antiga.
As jornadas de Junho de 2013 e o colapso do Lulopetismo trouxeram às amplas massas da sociedade brasileira o desejo de opinião e expressão. Algo por si só muito progressivo. Contudo, a ignorância e a despolitização seculares não as prepararam à adesão imediata às posições ideológicas identificadas social e historicamente como socialmente "progressistas". As tradicionais classes médias brasileira, a velha classe "A" e parcelas da classe "B", apesar de representarem um grupo social de elevada escolaridade, se tornaram presas fáceis às armadilhas da Direita Pós-Moderna, especialmente do Olavismo Cultural.
Não por menos, são um setor social constituído originalmente ainda no tempo do escravismo, e mesmo hoje cheio de pequenos privilégios. E principalmente, reprodutor das ideologias das classes dominantes, especialmente ao fato que é a classe responsável "terceirizada" pela gestão do processo de produção à frente dos postos das burocracias estatal e/ou empresarial.
Por sua vez, o senso comum dessa classe média se encaixou facilmente aos valores e métodos do Olavismo Cultural. Um discurso que excita os recalques e frustrações dessa classe diante de um Brasil que se moderniza e retira privilégios, sem dar-lhes nada em troca, nem mesmo os direitos universais similares das sociedades avançadas.
Apesar disso não há o que se afirmar que exista uma onda conservadora. Há sim uma situação de nova polarização na sociedade brasileira. Se, por um lado, brotam ações da classe trabalhadora e dos setores oprimidos à situação histórica do país, por outro lado, é natural que se levantem também reações dos contrários à perda do status quo. E com estes, são arrastados os ignorantes e desavisados, ou aqueles que se confundem com estas perdas.
Última Atualização em 15dez.2016.
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