quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Esquerda intelectual perde a grande Vânia Bambirra

por Almir Cezar

Recebi ontem (09/12) com profundo pesar do falecimento de nossa mestre Vânia Bambirra, co-fundadora da Teoria Marxista da Dependência. Autora dos consagrados El capitalismo dependiente latinoamericano (1972)Teoria de la dependencia: una anticritica (1977). Momento de pesar e também de reivindicação do seu legado, de homenagem, antes, agora e sempre. Sua luta, obra, exemplo e influência intelectual, comprometida com o saber científico e o engajamento social, continuam conosco.


Para aqueles que não conheceram, pessoalmente ou sua obra, segue link com verbete do Wikipédia em português: https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A2nia_Bambirra.

Ela está presente em uma das imagens mais icônicas do retorno dos exilados após a Lei da Anistia, ladeada à direita pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, e à esquerda pelo cientista político e economista Theotonio dos Santos, seu parceiro intelectual e ex-marido.

Vânia, como os outros pensadores da TMD, como Theotonio dos Santos e Ruy Mauro Marini, embora, muito lidos e influentes nos países latinoamericanos de língua espanhola, tem sua obra muito negligenciada no Brasil, com livros que seguem inéditos no Brasil ou sem tradução ao português. Apesar do retorno do exílio com a redemocratização nos países sulamericanos, os autores da Teoria da Dependência tiveram grande dificuldade de ocupar o espaço para no debate nas ciências sociais brasileira.

Houve por sua vez, particularmente no Brasil, apesar da anistia, dificuldade dos intelectuais da dependência em reinserir-se em universidades e centros de pesquisa importantes. Também houve uma campanha de críticas contra a Teoria, em que colaborou antigos membros como o próprio Fernando Henrique Cardoso, apesar de seguidor de uma versão mais ligada a influência de Max Weber do que Marx e Engels. Ajudou a limitar o seu espaço acadêmico o advento da Escola de Campinas no decorrer da década de 1970, inclusive ganhando popularidade na década seguinte na intelectualidade acadêmica e nas autoridades das políticas públicas, inclusive por sua ligação com os temas macroeconômicos.

Aposentada da Universidade de Brasília (UnB), Vânia seguia na ativa intelectual, escrevendo e dando conferências, palestra e oficinas, principalmente à convite de entidades do movimento sindical e popular.

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