O atual modelo de desenvolvimento capitalista brasileira alguns características/tendências vêm se acentuando. O primeiro é de uma grande crescimento do peso dos bancos (principal beneficiário da política de juros altos) desproporcionalmente aos demais setores da economia (numa relação é de 16,5% a 6,5%),viu seu lucro aumentar 16,52% no primeiro trimestre. A segunda é da desnacionalização patrimonial da indústria e a alta presença de importados no consumo (de 22,5%, o é maior desde 2007), elevando vulnerabilidade do país. Veja os dados do primeiro trimestre desse ano.
Banco cresce 2,5 vezes mais que economia real
Monitor Mercantil, 16/05/2014
Relação é de 16,5% a 6,5%. Elétricas têm 2º maior ganho, apesar das reclamações
Principal beneficiário da política de juros altos, o setor financeiro viu seu lucro aumentar 16,52% no primeiro trimestre. O crescimento é 2,5 vezes maior do que os 6,5% das 320 empresas brasileiras de capital aberto listadas na Bolsa, no mesmo período.
Segundo levantamento de uma consultoria financeira, o ganho das empresas de capital aberto avançou de R$ 42,16 bilhões, entre janeiro e março de 2013, para R$ 44,90 bilhões, no mesmo período de 2014.
Na mesma comparação, os 25 bancos que têm ações na Bovespa tiveram ganhos de R$ 13,44 bilhões, contra R$ 11,53 bilhões, no mesmo período do ano passado.
Depois dos bancos, o setor que mais lucrou foi o de energia elétrica. Apesar da choradeira das elétricas contra o aumento do custo da energia, o lucro delas no primeiro trimestre ficou em R$ 4,94 bilhões, contra R$ 3,38 bilhões no mesmo período do ano passado, um crescimento espetacular de 46,16%.
Dos 23 setores pesquisados, apenas oito sofreram queda nos lucros. O maior recuo ocorreu no setor de petróleo e gás: no primeiro trimestre de 2014, com ganho de R$ 5,60 bilhões, menos 28,6% sobre os primeiros três meses de 2013.
Ao calcular o resultado das empresas de capital aberto no período, sem a presença da Petrobras, o levantamento detectou que o montante encolheu em termos absolutos em R$ 5,393 bilhões.
No entanto, em termos percentuais, o lucro no primeiro trimestre das 319 empresas listadas na Bolsa de Valores avançaria 14,55%, sobre o mesmo período de 2013..
O incremento percentual deve-se à diferença de R$ 34,30 bilhões, no mesmo período do ano passado, contra R$ 39,30 bilhões, de janeiro a março deste ano – um avanço nominal de R$ 4,99 bilhões.
‘Gringos’ detêm fatia recorde da indústria
Monitor Mercantil, 16/05/2014
Presença de importados de 22,5% é maior desde 2007, elevando vulnerabilidade do país
Com os juros elevados e o câmbio valorizado, a participação dos produtos estrangeiros no consumo nacional atingiu 22,5% no primeiro trimestre. O percentual, medido pelo Coeficiente de Penetração de Importações, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é 1,4 ponto percentual superior ao do primeiro trimestre de 2013. Segundo o estudo Coeficientes de Abertura Comercial, a fatia também é a maior desde o início da série histórica, iniciada em 2007. Em relação ao último trimestre de 2013, os estrangeiros avançaram 0,4 ponto.
Segundo o documento, o crescimento é fruto dos aumentos persistentes no Coeficiente de Penetração de Importações na indústria de transformação, de 20,5%, no fim de 2013, para 20,9%, no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período, o coeficiente de importações na indústria extrativa recuou de 57,5% para 54,9%.
Entre os 23 setores da indústria de transformação pesquisados, o coeficiente de penetração de importações caiu apenas nos de farmoquímicos e farmacêuticos e no de outros equipamentos de transporte (navios, reboques, aviões e outros). As maiores altas foram registradas nas indústrias de veículos automotores, produtos diversos, vestuário, têxteis e produtos de metal.
“O avanço da participação das importações não faz parte de uma estratégia das empresas. É mais um indicador que confirma a falta de competitividade da indústria brasileira. Com baixa produtividade e custos elevados, a indústria nacional está perdendo mercado interno e externo”, alerta o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.
Fonseca observa, ainda, que enquanto o peso das importações na produção nacional cresceu, o das exportações ficou parado – 19,9% contra 19,7% – só não tendo caído graças à desvalorização do real frente ao dólar no primeiro trimestre.
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