segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Relação entre atraso e burocratização para o desenvolvimento econômico

Por Almir Cezar Filho

No século XX um dos mais intenso o debate na Economia foi sobre qual o regime econômico que mais se vincula ao desenvolvimento econômico e social: o sistema empresarial de mercado ou o sistema estatizado socialista. E no sistema socialista, nesse o regime burocrático ou democrático.

Nisso está contido o debate entre atraso econômico e social com a burocratização é uma questão que os marxistas se colocam a investigar na década de 1920 na ex-URSS, mas que ainda são válida à medida que a restauração capitalista no "Leste" e o problema da industrialização das sociedades subdesenvolvidas.



Burocratização e atraso, atraso e burocratização

Para Evgene Preobrazhensky, economista bolchevique, a relação entre a burocratização e desenvolvimento é recíproca. O atraso estimula a burocratização, por sua vez, a burocratização prejudica o desenvolvimento. Para os trotskistas, desde o tempo da Oposição de Esquerda, a única alternativa eficiente ao mercado é a planificação centralizada com “democracia operária”. Preobrazhensky defendia a urgência da planificação total da economia, a industrialização/mecanização e a democratização dos órgãos partidários e do Estado.
O atraso econômico traz consigo, por um lado, o atraso cultural do operariado, obrigando a gestão do aparelho político e produtivo ser depositado a uma camada restrita escolarizada e, por outro lado, os métodos de trabalho atrasados muito extensivo em mão-de-obra, que implicam em jornadas de trabalho longas e desgastantes ao trabalhador, pouca produtividade e eficiência e dificuldades de atendimentos das necessidades sociais crescentes.

Por sua vez, a burocracia não defende o desenvolvimento, coisa que até um capitalista precisa e o operariado mais ainda. Por exemplo, se for um patrão privado que organiza a produção dentro de uma empresa, tenderá a adotar os processos de trabalho mais eficientes (para maximizar o lucro). Se for um Comitê Operário a fazer isso, também tenderá a adotar os processos de trabalho mais eficientes (para os trabalhadores fazerem mais facilmente o seu trabalho).

Se for gerida por um burocrata não-proprietário, não há nenhum incentivo para escolher os melhores métodos de trabalho. O que motiva um burocrata é apenas a avanço na sua carreira e promoção na hierarquia da organização, que em geral é alcançada com o atendimento das metas definidas pela camada superior da própria organização.

A questão “o que produzir?” 

A questão “o que produzir?” – como assegurar a ligação entre os que as empresas produzem e as necessidades dos consumidores? No Capitalismo, tal ligação faz-se pelo mercado. Na democracia operária, através da participação das organizações de trabalhadores e consumidores na elaboração do plano econômico (Trotsky chegou a dar o exemplo de um sistema em que os cidadãos pudessem escolher entre o “partido do carvão” e o “partido do querosene”).

Já no sistema burocrático, em que a planificação é feita, não pelas organizações populares, mas por comitês de “especialistas”, não há maneira de assegurar que o plano corresponde às necessidades efetivas da sociedade (a respeito disso, Trotsky escreveu que “a democracia, mais que uma necessidade política, é uma necessidade econômica”).

sugestão de leitura

"ABC do Comunismo" - Bukharin e Preobrazhensky
"Nova Econômica" - Preobrazhensky

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