segunda-feira, 7 de abril de 2014

A mão empresarial no Golpe Militar

 por Luiz Carlos Prates | www.cspconlutas.org.br

Ditador João Figueiredo andando de
braços dados com o megaempresário
Roberto Marinho do conglomerado de 
comunicação Globo.
Há 50 anos, em 31 de março, se instalava no Brasil um regime militar que prendeu e assassinou milhares de trabalhadores e jovens. Com o apoio do governo americano, os militares assumiram o poder, acabaram com a liberdade de imprensa, com os partidos e promoveram um grande arrocho salarial.

Os empresários apoiaram o golpe militar para dar continuidade à exploração sobre os trabalhadores. Pesquisas comprovam que empresas financiaram a Operação Bandeirantes, que consistia na perseguição implacável aos críticos do regime.

Os trabalhadores foram os mais atingidos pelo Golpe de 1964. Além de serem perseguidos, viram suas conquistas serem suprimidas em benefício das multinacionais. Até 1966, os funcionários com mais tempo no trabalho não podiam ser demitidos, mas o regime militar acabou com a estabilidade e instituiu o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que liberava as demissões e criava um fundo forçado para as obras do governo.

O Vale do Paraíba sofreu brutalmente com a ditadura. Com muitas fábricas e instalações militares, como Engesa, Embraer, Imbel, CTA e Avibras, a perseguição aos que discordavam do regime era permanente. São José dos Campos foi transformada em área de segurança nacional e o prefeito era indicado diretamente pelos militares.


Além dessas empresas estatais, por meio das pesquisas sobre os arquivos da ditadura estão sendo encontrados os monitoramentos e como eram feitas as perseguições em grandes empresas multinacionais na área metalúrgica como GM, Volks, Ford, National, Phillips, Mafersa, Kodak e muitas outras.

Os movimentos dos trabalhadores cumpriram papel fundamental para por fim à ditadura militar. Mas não foi sem sacrifícios. Foram dezenas de presos, muitos torturados e milhares de demissões por perseguição política.

Multinacionais e estatais, como GM, Volks, Ford, Embraer e Petrobras, se organizaram e colaboraram com o regime militar, delatando os líderes operários e financiando o aparato de repressão às greves. Os demitidos ficaram impedidos de encontrar outros empregos, já que seus nomes constavam em uma “lista suja”.

Passados 50 anos do golpe militar, a impunidade aos crimes cometidos contra a classe trabalhadora continua. Diferente de outros países, no Brasil nenhum torturador foi punido, nenhum militar foi responsabilizado por seus crimes. As empresas que colaboraram com o regime e usufruíram de vantagens econômicas continuam impunes e a apuração das suas responsabilidades ainda é tabu.

A impunidade permite que a violência continue presente nos organismos de repressão oriundos dos tempos da ditadura, como é o caso da Policia Militar. São constantes as denúncias de maus tratos e torturas praticados por policiais na periferia das grandes cidades.

A mesma impunidade permite que as manifestações populares sejam reprimidas e centenas de inquéritos sejam abertos contra os manifestantes em uma clara criminalização dos movimentos sociais. Permite ainda que a presidenta Dilma sancione uma lei que autoriza a infiltração policial em organizações sociais e autorize a intervenção pelas Forças Armadas para conter protestos.

Estamos em 2014 e ainda convivemos com os rastros deixados pelo Golpe de 64. Para que esse rastro seja varrido de nosso país, os crimes cometidos pela ditadura e por seus colaboradores têm de ser investigados e punidos. Esta é a bandeira defendida pelos trabalhadores.

Por Luiz Carlos Prates é membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas e da Comissão da Verdade – Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical 

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